Papai Helion

Capítulo 18 (Revisado)

▪︎• Em algum momento da noite...

Lucien procurou e procurou e depois de descansar procurou mais um pouco, entrando a noite sem medo algum, mesmo que no dia seguinte ele fosse para sua Corte de origem, ele não pretendia descansar até achar o seu parceiro e conversar com ele.

E nas sombras Azriel se escondia, Azriel se sentia um covarde, ele tinha esperado por tanto tempo aquilo mas não conseguia sair da sua zona de conforto.
Ele tinha se acostumado com a dor de Lucien não perceber, tinha se acostumado também com o fato de que em um futuro próximo, Lucien poderia se apaixonar por outra pessoa, casar e ter uma família.
Suspirou, tinha se tornado invisível, aquele laço... o laço tinha se tornado quase invisível, como se Azriel pudesse simplesmente ignora-lo mesmo que não fosse possível pois era lembrado, dia após dia de que havia esperança, mas não era avisado por uma pessoa e sim pelas suas sombras o que tornava isso meio inválido para o Illyriano.

Estava frio, na verdade mais frio do que deveria ser em Velaris naquela estação e isso deixou o moreno de sifões azuis muito tenso, o ruivo só estava com roupas leves e tinha cruzado os braços, para de certa forma, se defender do vento que  a noite trazia sem dó mas aquilo não estava adiantando.
Mesmo assim, o herdeiro da corte diurna continuava andando, firme e forte, algo queimava dentro dele, como se fosse um fogo, um combustível para achar Azriel, que estava logo ali, Lucien apenas não o via.

O ruivo entrava em cada beco, o que deixava seu parceiro (que o seguia em total silêncio) totalmente furioso, ele estava sendo imprudente! Ok, ele havia sido bem treinado e sabia se defender (Azriel viu isso no campo de batalha e nos treinos que a raposa deu para Feyre) mas mesmo assim.

Em certa hora da noite, onde Lucien não aguentava mais ficar de pé, ele se sentou em um dos bancos disponíveis na rua, cruzou os braços e fechou os olhos, poucos segundos depois já era possível ouvir seu leve ronco.
Azriel sorriu e tirou seu casaco pondo ele sobre o homem, então beijou a testa carinhosamente antes de atravessar Lucien para o próprio apartamento.

Dois dias depois Lucien ainda estava com Azriel na cabeça mas mesmo assim teria que reencontrar o seu pai.

No momento em que ele pisou no castelo diurno um dos guardas gritou, em alto e bom som "O PRÍNCIPE HERDEIRO VOLTOU! NOSSO PRÍNCIPE VOLTOU!" O que fez com que todos que estivessem ali perto, viessem recebe-lo.

Com compaixão ele sorriu e apertou a mão de todos, aquele era o seu povo, aquela era a sua terra e isso jamais mudaria.
Lucien abraçou alguns, se permitiu tal coisa e então pisou no castelo, logo Treiner e Frederick apareceram em sua frente, ambos abriram sorrisos emocionados e se curvaram antes de praticamente pularem sobre Lucien.

- Sentimos sua falta, meu príncipe.- Frederick disse, acariciando as costas de Lucien.

- Pois é! Este castelo não é o mesmo sem você... acredita que Zulih voltou a morar aqui?- Treiner disse, erguendo as sobrancelhas em surpresa Lucien deu de ombros, era claro que eles iriam se resolver com o tempo.

- E Ren está conversando com o Treiner...- Disse Zulih indo até o Herdeiro com um sorriso nostálgico em sei rosto.

Lucien abraçou a amiga, ele a considerava mais do que isso, até poderia considerar ela e Ren suas mães, mesmo que a ruiva fosse calada, ajudou Lucien em muitos momentos que ele precisava.

- Era segredo.- Treiner disse após o Herdeiro e Zulih se separarem.

- Ela ter voltado também! Mas isso não importa agora, vamos para a Sala do trono avisar a Helion que o filho dele está de volta!- Frederick falou, seu tom de voz mais animado do que Lucien jamais ouviu em todos os seus anos de vida.

Os quatro caminharam em fila, Treiner tinha o seu braço sobre os ombros de Lucien, Zulih estava com um sorriso olhando os dois e Frederick carregava a mala do rapaz.

O filho de Helion sentiu saudades de casa e estava feliz por estar de volta, mesmo que estivesse um pouco incomodado e sentisse um arrepio, talvez fosse coisa da sua cabeça, talvez não... ele não saberia dizer ao certo.

Chegaram na sala do trono, Helion estava de costas para a porta e olhava o jardim enquanto Ren estava ao seu lado e falava com ele baixinho.
"Está ficando pior... precisa salvar ela... Ajude Helion." As duas últimas palavras foram as que o quarteto ouviu ao entrar.

A porta como era grande e um pouco pesada fez barulho e atraiu a atenção das duas pessoas que já estavam presentes ali, Rapidamente o Grão-senhor da Corte Diurna sorrio, seus olhos se encheram de lágrimas, lágrimas que ele não se importou de deixarem cair.

Ren correu até a raposa e abraçou com força.

- Que bom que voltou para casa! Ficamos tão felizes!- Ela disse beijando a bochecha e também observando como o seu menininho estava, se tinha se machucado ou algo do tipo, mas não, ele estava exatamente como ela viu ele pela última vez.

A ruiva saiu do caminho indo até Treiner que abraçou ela, então Helion e o filho andaram até o meio do salão onde se encontraram.

- Meu filho....- O moreno sussurrou antes de abraçar Lucien com força.

- Oi papai...- De repente o herdeiro chorava no ombro do seu pai assim como seu pai chorava em seu ombro.

Os sentimentos ruins de ambos se dissiparam naquele instante, abraçados com força um no outro, chorando em silêncio enquanto seus cheiros novamente entravam em seus pulmões, fazia tanto tempo.

Helion se afastou minimamente do filho e olhou ele com calma, observando sua face e sorrindo, estava mais maduro, mais forte também... o seu filho estava de volta para casa.

- Desculpe a demora...- Lucien sussurrou antes de um soluço escapar de seus lábios, talvez tivesse chorado demais, mas pouco se importava... naquele momento era apenas uma criança.

Novamente nos braços de Helion e novamente confortável, a saudade era maior do que haviam imaginado.

- Está tudo bem! Está tudo bem... relaxa, você está de volta e apenas isso me importa, você está de volta e está saudável.- Sorriu o mais velho.

- Obrigado papai.- Beijou a bochecha de Helion que respirou fundo e secou as lágrimas que ainda escorriam.

- Estou velho demais para isso...- Ele olhou para o quarteto elegante que observava a cena e estalou a língua no céu da boca.- Vamos dar uma volta meu bem, você precisa me atualizar.

{Quebra de tempo}

Nesta altura, ambos já estavam jantando depois de andarem pelo jardim e colocarem todos os assuntos em dia, claro que isso precisou de muitas horas mas foram horas boas que Lucien sentiu falta no tempo em que não esteve com seu pai, naquele lugar que poderia ser chamado de...

Casa... Era uma palavra que agora ele havia lembrado o verdadeiro significado.
Mesmo assim o seu arrepio não passou, as vezes ele olhava discretamente em volta mas não achava nada e seu pai percebendo isso, tomou um gole de vinho antes de se pronunciar.

- Você ficava igualzinho assim quando era criança, olhava em volta mas nunca achava nada e desistia, em geral você fazia isso nos bailes.- Lucien arqueou as sobrancelhas surpreso com a fala do homem sentado na sua frente.

- Como assim?- Helion deu de ombros.

- Nos bailes você estava sempre olhando para os lados, correndo para lá e para cá, as vezes você me chamava e dizia que tinha alguém nos observando... nunca entendi isso, achei que poderia ser qualquer um, e existem espiões de outras cortes mas nunca liguei muito.- A boca do príncipe secou, Espiões, certo... agora ele sabia quem estava observando ele esse tempo todo.

- Sempre fui esquisito e curioso, papai.- Helion gargalhou.

- Você é igual a sua mãe! O que muda é que ela não se achava esquisita e sim maravilhosa, o que não deixa de ser verdade.- Então, o Grão-senhor voltou a comer, deixando com que o mais novo ficasse com seus próprios pensamentos, assim como ele queria ficar com suas próprias lembranças.

{AVISO DA AUTORA}

Espero que tenham gostado deste capítulo! Beijos de Luz!