Linha de Partida

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Incrível ciclo sem fim de acordar todos os dias, para que daqui uns anos eu morra, estudar, trabalhar, pra morrer...
E pra que? E depois? O que realmente vem depois?
Eu sempre tive costume de questionar tudo, principalmente a origem humana, o nosso destino, o pós morte definitivamente me assusta, não que a vida também não me assuste, porque assusta, viver é intenso, e eu sou do tipo que não aceita viver pela metade, ou pelo menos eu não aceitava, atualmente, eu tô cansada, sem um rumo, sem motivação, do tipo de não ter um bom motivo pra levantar da cama todos os dias.

Meu nome é Sara, tenho 17 anos, estou no terceiro ano do ensino médio, e eu não vou romantizar a escola, porque todas as minhas piores experiências foram dentro dela, eu moro com meus pais na praia, desde que nasci, uma casa no bairro nobre, mas eu não tenho muito dinheiro, ou melhor meus pais não tem muito dinheiro, mas é o suficiente pra me proporcionar um bom estudo.

Agora que vocês me conhecem, posso contar as "incríveis" experiências do meu último ano,  aliás eu espero que passe bem rápido, não vejo a hora de encerrar esse ciclo.

Meu celular tocou e acordei dos meus pensamentos, correndo pra atender e era o Guilherme.

– Bom dia, antes que você pergunte eu não vou pra escola, os primeiros dias são os piores, acho que vou preferir pulá-los – Falei ao atender a ligação

– Cala boca! Não ouse me decepcionar, você prometeu que ia! – Disse ele na ligação

– Eu seiii, é que eu realmente tô sem clima – Expliquei

– E se eu não insistir, vai estar por mais uns 10 dias, no mínimo, então vamos agora, se não vou mandar mensagem pra Dona Carla – Falou se referindo a minha mãe, eu respirei fundo e revirei os olhos com o celular no ouvido

– Ok, vou me arrumar e te espero na porta – Falei desligando a ligação.

Guilherme é um amigo antigo, posso contar com ele pra qualquer coisa, uma das poucas pessoas que nunca tive problemas, ele tá sempre querendo ajudar, sempre preocupado, tenho medo de não dar valor o suficiente, o quanto ele merece, porque sei que não sou o bastante...
Já Dona Carla é a minha mãe, e a última coisa que quero é arrumar mais problemas com ela, já não basta os que tenho.

Fui até o guarda-roupa, vesti uma roupa e peguei minhas coisas, escovei os dentes e terminei de me arrumar.
Desci as escadas e meus pais estavam juntos tomando café da manhã, eu estava com fome mas se fosse até a cozinha, eu obrigatoriamente teria que falar com eles, então deixei pra lá, coloquei a bolsa nas costas e fui para fora, Gui me esperava ali de frente, dentro de seu carro novo.

– Meu Deus a sua cara te entrega! – Falei entrando no carro

– Como assim? – Ele perguntou sorrindo e gargalhando

– Meu você é muito nojento! Todo metido que tá com carrinho novo, tá pior que criança quando ganha um brinquedo – Falei empolgada com sua postura

– Ai eu seiii, tô mesmo, não tô me aguentando, mas era um dos meus maiores sonhos esse carro, você vai ter que me aturar – Ele disse e deu partida no carro

Ao chegarmos na escola, Gui foi estacionar e eu fui na cantina, para comer alguma coisa, precisava agilizar para que não nos atrasássemos.
Encostei na bancada com meu pão de queijo na mão, coloquei o livro embaixo do braço e comi enquanto observava alguém se aproximar, olhei melhor e nossa! Quem era aquele?
Não pude ver direito, ele desviou o caminho, um menino alto, atraente, barba e forte, quem seria aquele lindo? Eu adoro que tenha caras bonitos ao meu redor, é um bom motivo pra vir a aula, eu fico babando, mas só isso, quero homem bem longe de mim, chega de traumas!

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