Amanheci com os olhos inchados, mas nunca havia acordado tão confiante e determinada como naquela manhã.
Me levantei, orei à Deus e pedi para que Ele tirasse de dentro do meu peito aquela angústia sufocante.
Eu nunca havia sentido algo parecido, era um frio enorme na barriga, porém, não era aquele sentimento gostosinho e eufórico (as borboletas no estômago) que funcionava meio que como um mecanismo de alerta, que sentia todas as vezes em que encontrava com o Rafael. Quando aquela forte emoção ameaçava aparecer, era sinal de que o meu amor se aproximava, e bastava que nossos olhares se cruzassem por uma fração de segundo, para que aquele intruso ameaçasse inundar todo o meu ser.
Esse frio na barriga de hoje era diferente, horrível, me deu a sensação de que fosse me engolir, como um monstro sombrio e obscuro de filme de terror, e o meu semblante era de profunda tristeza e abatimento.
Eu não queria e nem ia me sentir assim nunca mais.Então, enquanto a água da manhãzinha cedo, praticamente congelada de tão fria, ia escorrendo e passando pelo meu rosto, pensei que esperava que a água corrente levasse embora para sempre todos aqueles sentimentos e sensações terríveis...
Ao retornar para a parte onde ficava a cama do quarto da minha amiga, (ela dormia em uma suíte) olhei para a janela. Era sexta-feira, e uma muito ensolarada e bonita, por sinal! O céu estava bem azulzinho e com poucas nuvens, e exatamente nesse momento, ouví o suave e doce cantar de pássaros, eles estavam em cima de uma árvore e desceram para a janela, parecia até que perceberam que eu os havia visto, e vieram para me dar um "oi!", acompanhado de um sorriso! Instantaneamente um bem largo desabrochou do meu rosto, notei pelo espelho ao lado da janela, minhas covinhas, sussurei um "oi" para os passarinhos.
Eu adorava ser mimada pelo meu Pai! - pois tinha convicta certeza, de que esses momentos eram apenas mais uma das milhões de formas de que Jesus fazia uso para demonstrar o seu infinito cuidado por mim, sua filha, que O amava mais que tudo nessa vida -. Fechei os olhos com força, e simplesmente disse: "Obrigada, Pai!".
Era como se o mundo inteiro estivesse em profunda paz. A vida voltava a sorrir para mim.
