Oil and Water

13

Millie tinha ido ao The Boss para pedir um emprego. Sua perna não tinha terminado de cicatrizar completamente, mas ela não se importava mais. Tudo o que ela sabia era que ela não podia mais ficar em casa, ela sentia que iria enlouquecer.

O fim de semana anterior havia se transformado em algo completamente diferente. Millie pensou em como tinha sido simultaneamente o melhor e o pior fim de semana que ela havia experimentado nos últimos tempos. Apesar das partes boas,Millie tentou bloquear ambas as memórias de sua mente. Afinal, elas não existiam independentemente uma da outra. Não conseguia pensar em Sadie e no delicioso café da manhã que preparara para ela sem que se transformasse na memória de seu projétil vomitando todo o café da manhã na cozinha. Millie engoliu em seco ao sentir o gosto de bile em sua língua só de pensar no evento.

"Brow"

Millie saiu de seus pensamentos ao ver um homem parado ao lado dela. Ela o reconheceu como Carl, outro Assassino que trabalhava para The Boss. Ele era um dos poucos outros Assassinos com quem Millie às vezes interagia.

"Carl, eu preciso ver The Boss." Millie disse a ele. Ninguém não podia simplesmente entrar na mansão fortemente vigiada de The Boss, especialmente quando eles não tinham sido chamados. Mas Millie era diferente, e todos sabiam disso. Ela tinha certos privilégios com os quais os outros Assassinos só podiam sonhar. Um sorriso tocou no rosto de Millie enquanto ela pensava em quão poderosa ela era como uma Assassina. Era a melhor coisa sobre ela.

Carl acenou com a cabeça, nem mesmo a questionando. Ele se virou e disse algo para todos os outros Assassinos ao seu redor antes de acenar para Millie para segui-lo para dentro.

Millie seguiu Carl, subindo os degraus íngremes que levavam à entrada principal da mansão de The Boss. Ela sentiu uma leve dor na perna só de fazer isso, mas ela ignorou e continuou em frente.

"Eu tenho que te avisar, The Boss está cuidando de alguns negócios no momento, você pode ter que esperar um pouco."

Millie não entendeu imediatamente a que Carl estava se referindo, mas ficou claro para ela no momento em que entraram na sala principal do Chefe.

Um Assassino que Millie reconheceu vagamente, mas não conseguiu localizar estava sentado em uma cadeira. Atrás dele, dois outros Assassinos estavam segurando-o no chão, mantendo-o firmemente no lugar. O próprio Chefe estava andando ao redor do Assassino, segurando um dispositivo na mão. Millie reconheceu instantaneamente o dispositivo e se contorceu levemente.

"O que ele fez?" Millie sussurrou para Carl que estava ao lado dela.

"Ele disse ao The Boss que queria se aposentar."

Os olhos de Millie se abriram em choque. Era uma regra tácita, mas todos eles sabiam. Trabalhar como Assassino para The Boss não era apenas um trabalho que você poderia desistir um dia. Você não poderia se aposentar. Não, esta era sua vida agora, e você se aposentou quando estava morto.

Como de costume, a sala principal de The Boss estava cheia de Assassinos. No entanto, parecia haver ainda mais desta vez, observando os eventos que se desenrolavam diante deles.

"Por favor, chefe", implorou o Assassino na cadeira, "eu retiro. Não quero me aposentar, quero continuar trabalhando para você."

Tarde demais, pensou Millie, e de fato foi. Não havia como mudar a mente de The Boss uma vez que ele decidisse algo, e para ele, qualquer forma de lealdade esquisita era um tesouro absoluto.

Enquanto Millie observava, The Boss se inclinou silenciosamente em direção ao Assassino, prendendo o dispositivo em um de seus dentes da frente. Millie engoliu em seco. Ela sabia o que estava por vir.