Eu nunca me considerei uma pessoa azarada, ainda que estivesse tendo meu pior dia e tudo indicasse que o azar havia resolvido se sentar em meus ombros como uma espécie de assombração. Entretanto, não é como se eu me considerasse uma pessoa sortuda também, talvez eu nem desse muito crédito a sorte ou azar. Bem, era assim até o momento.
Para que você entenda como eu cheguei à conclusão de que, sim, eu sou um completo azarado, eu preciso contar um pouco sobre mim e como conheci meu atual namorado, Christopher Bang. Talvez você pense que essa é mais uma história bizarra de como meu ex-namorado se tornou meu melhor amigo e me apresentou para o amigo de um dos atuais namorados dele. Mas na verdade, Hyunjin e eu namoramos apenas por conveniência. Nossos pais tinham certeza que iríamos namorar, uma vez que grudamos um no outro desde o começo do fundamental, e como não tínhamos interesses românticos em ninguém, unimos o útil ao agradável e tivemos quatro anos de um relacionamento tranquilo, sossegado e, principalmente, sem ninguém de nossas famílias nos incomodando para encontrarmos alguém para trocarmos uns beijinhos. Então, foi de comum acordo que nosso namoro terminaria, na maior tranquilidade, quando um de nós encontrasse alguém que nos interessasse e, bem, Hyunjin foi o sortudo.
Há cinco anos, um jovem alfa de dezenove anos — com os seus cabelos negros curtos, olhos escuros e felinos, pele levemente bronzeada e sorriso matador adornado por um piercing no lábio inferior e um na língua — me levava a uma sorveteria para apresentar seus novos namorados. Sim, você não leu errado. Hwang Hyunjin, meu ex-namorado, estava me levando para conhecer seus DOIS novos namorados. Os dois chegaram juntos, rindo de alguma coisa com a qual eu não me importei em saber, pois estava ocupado demais xingando o meu amigo por ter namorados tão lindos e gostosos. O mais velho do trisal, Lee Minho, alfa de vinte e um anos, era simplesmente um gato encarnado num humano. O homem era encantador, com suas coxas grossas, cabelos loiro-escuros, olhos castanhos e sorriso gengival. E o mais novo, Lee Felix, ômega de dezenove anos recém-feitos, dotado de uma beleza etérea. Esse foi desenhado pela deusa Afrodite com muito capricho.
Felix parecia simplemente muito pequeno em seu moletom oversized rosinha, suas mãos praticamente engolidas pelas mangas. A pele bronzeada destacada pelas cores claras de sua vestimenta, as sardas naturais o deixando ainda mais fofo e combinando perfeitamente com o tom de ruivo acobreado de seu cabelo tingido.
— Puta merda, lhama! — exclamei, arregalando os olhos ao notar a minha reação, enquanto Hyunjin cobria a boca com a destra para tentar segurar uma risada.
— São lindos, né? Sou tão sortudo, Hannie — o Hwang respondeu assim que conseguiu conter a risada. Logo os dois se juntaram a nós, e nada havia me preparado para a voz do ômega. Jamais imaginaria que aquela coisinha pequena e fofinha tinha uma voz tão grave e potente. Fiquei em choque, olhando fixamente para o ruivo por uns quinze minutos, praticamente sem piscar. Quando me recuperei, pedimos nossos sorvetes e eu pude conhecê-los melhor. E essa foi a primeira vez que eu concordei com meu ex sobre a questão de sorte, ele é fodidamente sortudo.
E, bem, eu precisei contar isso para explicar como conheci o Bang, afinal, ele é o melhor amigo do namorado ômega de Hyunjin. Então, acho que nunca mostrarei gratidão o suficiente por Felix ter marcado um pequeno encontro de amigos e levado Christopher para eu não ficar de vela para o trisal. Confesso que não me lembro muito daquele dia, mas me recordo que nos encontramos em uma espécie de pub e os três nos fizeram o favor de nos abandonar no bar e irem para a pista de dança. Christopher é um alfa, na época tinha seus vinte e dois anos, cabelos curtos — porém não o suficiente para impedir os cachos de se formarem — e pretos, e a pele incrivelmente pálida para alguém que morou tantos anos na Austrália.
Ele me pagou uma bebida, como maneira de pedir desculpas pelos nossos amigos desnaturados terem me abandonado com ele, e conversamos por horas a fio. Devo confessar que me senti completamente seduzido pelo sotaque dele, claro que o sorriso com covinhas foi um fator importante para que eu me sentisse tombado. Lembro de Hyunjin ter me contado que Chan havia me levado para casa aquele dia e uma semana depois, o alfa australiano me convidou para tomar um sorvete.

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So lucky
FanficHan Jisung nunca se considerou uma pessoa azarada ou sortuda, ainda que alguns momentos de sua vida o levassem a concluir que a sorte não era muito sua companheira. Após namorar com seu melhor amigo, apenas por conveniência, por cinco anos e terem u...