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  As luzes apagaram-se, peguei na minha mala e o no meu casaco, aproximei-me da porta e tranquei-a. Uma corrente fria de ar passou pelo meu pescoço e agasalhei-me mais com o meu casaco. Pequenas pingas ameaçando chover começaram a cair fazendo-me correr para o meu carro, destranquei a porta e entrei ligando-o de seguida para que pudesse aquecer.

  Respirei fundo antes de espirrar ameaçando vir uma constipação por aí. Coloquei o carro andar e conduzi rumo a casa, esperando encontrar-me com o meu bebé. Matthew, que se encontra com a minha vizinha de 67 anos, está prestes a concretizar 3 aninhos no próximo mês. É difícil vê-lo crescer e passar a maior parte no trabalho, quando chego do trabalho já são 9 da noite, e a essa hora ele encontra-se cansado demais para brincar.

  Deixo-me levar pela música que ocorre de momento na rádio e canto a melodia baixinho para mim. Viro à esquerda e depois sigo em frente, parando à porta do meu prédio.  Subo as escadas silenciosamente para não acordar os vizinhos e toco á campainha de Elisabeth. Minutos depois, a mulher de cabelos grisalhos e dona de olhos castanhos-claros, abre a porta dando-me passagem ao mesmo tempo que coloca o seu dedo á frente dos seus lábios indicando-me que deveria fazer silêncio. Assinto com a cabeça pousando a minha mala no chão e tirando o meu casaco. Caminho lentamente pelo corredor e, chegando à sala aprecio as mais belas das paisagens que Deus me poderia dar.

  Matty encontra-se com o braço em redor do ninja que lhe dei nos anos do ano passado, e com um cobertor até aos seus ombros.

  Aproximo-me mais daquela figura e coloco-me de joelhos à sua frente, passeando os meus dedos pela sua testa húmida do suor. Afasto os seus cabelos encaracolados e beijo suavemente a sua testa. Olho novamente para ele e um "mamã" foge-lhe da boca. Sorrio calorosamente para ele e respondo-lhe um "estou aqui".

  Volto a levantar-me quando vejo Beth encostada á ombreira da porta com as lágrimas no canto do olho. Sorrio-lhe vendo também um sorriso escapar-lhe dos lábios, pego em Matthew ao colo e os seus pequenos braços rodeia-me o meu pescoço. Aceno um pequeno 'Obrigada' à "ama" de Matty e agacho-me para pegar a minha mala e casaco.

  Assim que chegamos ao nosso apartamento, acendo a luz do nosso quarto e deito o pequeno na cama, cobrindo-o de seguida. Beijo-o novamente, desta vez na bochecha e dirijo-me para a cozinha vendo que Beth colocara as novas cartas na mesa. Assim que as vejo, perco o ar por segundos, e lentamente as minhas mãos tremelicantes pegam numa delas. Rasgo-a pela parte da cola e retiro o meu pesadelo de lá, sabendo que mais uma quantia de dinheiro teria de ser paga.

  Abri então a folha dobrada em 3 e desci os meus olhos até ao número deste mês.

£584 libras.

  Sentei-me na cadeira da mesa, deixando as minhas mãos vaguearem para o meu cabelo puxando-o pela raiz. A carta e tudo o resto encontrava-se no chão neste momento e um grito saiu da minha boca. Algumas lágrimas ameaçaram escorrer pelas minhas rosadas bochechas e um soluço saiu do fundo da minha alma. Encostei-me à parede quando um pequeno rapaz dono de olhos azuis se juntou a mim na cozinha.

  Endireitei-me na parede dando um passo para a frente abrindo os meus braços para ele. Matt correu para mim e deu-me um beijo na bochecha antes de me dar um "xi abraço" como ele diz. Matt é tudo que tenho e é tudo o que posso perder. Apesar de trabalhar das 6h da manhã até perto das 9h da noite, o dinheiro nunca sobra para comprar algo novo. Por esta altura, o pequeno deveria estar no infantário, socializando com outras crianças mas em vez disso fica em casa de Beth, a única pessoa com quem ele socializa.

  Estava disposta a mudar tudo isso para que ele pudesse ser feliz, mas não tenho dinheiro suficiente para isso. Abracei fortemente o meu rapaz grande, e beijei-lhe vezes sem conta toda a sua face.

Prey | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora