fica comigo

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— Houve muitas baixas entre os Yaksha, como pássaros espalhados por todo o céu. Assim como Bonanus disse, é difícil que um Yaksha morra em um local que pertença. Bosacius, Boyang e aqueles soldados…

— Não diga isso, todos vocês são heróis. — Lumine diz, e Xiao reflete.

— Heróis… — ele diz, olhando para o sol que fazia cama nas montanhas, a luz alaranjada iluminando seu rosto — …É uma boa palavra.

Ele volta a olhar para Lumine.

— Talvez o mundo nunca fique livre de desastres. Mas também há coisas boas no mundo. Mesmo os corações mais obscuros possuem espaço para aqueles que os valorizam. Seguirei seu conselho. — o Yaksha fala —  De hoje em diante, os heróis sempre cuidarão uns dos outros.

Depois disso Xiao fica em silêncio, observando a paisagem à frente, o templo, as estrelas que já surgiam no céu, mas seus olhos não estavam focados ali.

O mundo está em silêncio, ninguém fala nada.

Lumine observa Xiao, emoções complexas passando pela sua face enquanto ele olha o templo de Pervases. Tristeza, desapontamento, alívio… Está tudo ali, e mesmo assim é apenas um pequeno pedaço de algo maior.

A expressão dele é como a de uma pessoa que esteve tempo demais numa nevasca e visto demais dela antes de finalmente conseguir um lugar para descansar da neve rigorosa.

A Viajante fica ali ao lado dele. Odiava vê-lo assim tão triste. Odiava não poder fazer mais por ele. Paimon flutua perto de seu ouvido, sussurrando.

— Será que não tem nada que possamos fazer para animá-lo? — a pequena (e melhor) guia de Teyvat pergunta, franzindo o cenho.

Lumine olha para Xiao, pensando em como ele deveria estar exausto. Mesmo que ele negue, dizendo que não precisa descansar, e que Adepti não precisam dormir, ele quase tinha morrido e exaurido todas as suas forças. Sem contar que, mentalmente, toda aquela missão com certeza tomou grande força e energia dele.

Xiao já disse que perto dela ele não sente que precisa se conter. E ele também disse que, a partir de agora, os heróis sempre cuidarão uns dos outros, não é?

— Xiao? — ela chama com a voz baixa, mas não importava, porque ela sabia que mesmo se ela estivesse a quilômetros de distância dele, ele a ouviria chamar seu nome.

O Yaksha se vira, aqueles olhos âmbar cheios de tristeza a encarando.

— Hm?

— Já que… — Lumine para, pensando nas palavras que devia usar, e então continua — Já que heróis devem cuidar uns dos outros, isso também inclui você, certo?

Ele franze as sobrancelhas, cruzando os braços daquele jeito que ele sempre faz. Lumine já tinha aquela pose memorizada na mente de tanto que ela via ele fazer.

— Eu não necessito de cuidado, Viajante. — ele diz, e Lumine já esperava essa resposta — Meus ferimentos já…

Lumine estende a mão, tocando no braço dele — o com as marcas — e Xiao se cala, parecendo surpreso.

— Eu sei que você é mais forte que a maioria. E também sei que você se cura rápido. Mas eu não estou falando dessas feridas. — ela diz — Existem outras formas de cuidar de alguém. E eu não quero… Ver você ainda mais angustiado que o normal.

Se a atmosfera não fosse tão delicada, Paimon provavelmente riria da Viajante e de como ela era péssima com palavras.

Mas Xiao parece entender o que a loira queria dizer, porque ele vira o rosto, soltando um pequeno hmph, desviando o olhar.

Fica comigo [xiaolumi]Onde histórias criam vida. Descubra agora