Você está entediada?

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Os fios um pouco compridos e escuros de Cosmo escorregam por meus dedos. A mão desocupada busca por pipoca que está dentro de um balde médio apoiado na barriga dele.

O filme de terror na TV parecia mais uma comédia dramática e carregada de gritaria. Prendia minha atenção algumas vezes, mas o carinho que eu fazia no meu namorado me distraía mais do que a TV. Seu cabelo é sedoso e tem um aroma agradável de hortelã. Ele costumava usar algo como frutas vermelhas, mas quando passou a morar comigo e o Per os dois começaram a dividir a mesma marca de shampoo e agora eles compartilham do mesmo cheirinho fresco de limpo.

— Seu cafuné é tão bom, amor — Cosmo me elogiou e eu sorri dando um beijo na testa dele.

— Você vai acabar dormindo, aposto, não vai nem vê o final do filme que escolheu.

— Suas mãos são mágicas — ele pegou o meu pulso levando minha mão para perto de seus lábios para dar um beijo amável nas costas dela.

— Que filme estranho é esse que vocês estão assistindo? — Per apareceu na sala onde nós estávamos, com uma garrafa média de cerveja e um maço de cigarros.

Virei meu rosto para apreciá-lo, ele saiu do banho há meia hora atrás e estava secando o cabelo. Segundo Per, ele não gosta de dormir com o cabelo molhado. Estava liso, bonito e cheiroso, igual ao do Cosmo.

— Não tenho a mínima ideia. O Cosmo que escolheu — dei de ombros ainda fazendo cafuné no meu namorado.

— Pensei que você estivesse prestando atenção, amor — Cosmo levantou o queixo e o olhar para me encarar e eu prendi os meus lábios um no outro para não rir. Não queria ofendê-lo mas o filme era bem desinteressante.

— Não percebe que está deixando nossa garota entediada? — Per me olhou durante um segundo por cima dos cílios com um cigarro na ponta dos lábios e o isqueiro na mão acendendo o fumo.

— Você está entediada? — Cosmo deixou o balde de pipoca no chão e levantou a cabeça do meu colo ficando sentado.

Antes que eu pudesse arranjar uma desculpa, ele me interrompeu.

— Não fume perto dela. S/N não fuma — ele alertou Per sobre a minha aversão por cigarro.

— Quero tentar hoje. Vocês fazem parecer tão bom. Vamos compartilhar — alternei entre um e outro para capturar a reação deles.

Per levantou as sobrancelhas repetidas vezes aprovando a minha vontade e Cosmo não demonstrava estar de acordo comigo.

— Deixe o câncer de pulmão pra nós que estamos acostumados.

— Que câncer o que. Tenho coisa melhor pra compartilhar com você, gata. Já voltou — Per piscou o olho e saiu em direção ao quarto onde ficam alguns instrumentos.

— Vou tentar só hoje, não fique preocupado amor — dou uma série de beijinhos na bochecha dele que espeta um pouco meus lábios por causa da barba rala.

— Só hoje. Não vou deixar você viciar nessa merda — seus dedos se encaixam nos fios de cabelo da minha nuca acariciando de uma maneira muito boa. Ele era tão adorável.

— Voltei — Per tinha em mãos um saquinho transparente com um pó escuro dentro. E sentou entre mim e o Cosmo sem pedir licença ou gentilmente, ele simplesmente empurrou a gente com a sua linda bundinha e se acomodou. Não controlei a risada e ela fluiu naturalmente com a sua atitude. Estava carente,  eu aposto.

— Essa é da boa, vocês vão vê.

Ele dobrou a seda no meio delicadamente, sem marcá-la. Colocou a maconha dentro. Juntou os dois lados da seda com a maconha dentro, fazendo um U. Usou os indicadores e polegares para enrolar a seda para frente e para trás até que o conteúdo ficasse cilíndrico e igualmente distribuído. Per lambeu a cola e fechou o baseado. Por fim torceu a ponta levemente para que a maconha não caísse.

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⏰ Última atualização: Sep 17, 2022 ⏰

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