Capítulo 4

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O barulho de tilintar das teclas, soavam de forma frenética. Draco estava concentrado enquanto fazia o seu trabalho da faculdade. Era o último trabalho para entregar antes que seu primeiro semestre terminasse.

Haviam alguns meses que ele começou a estudar na faculdade, uma incrível conquista já que achou que seus pais não permitiriam que ele saísse de casa. Na verdade, foi bem mais fácil do que havia imaginado. Assim que expressou o seu desejo, sua mãe foi absolutamente contra. Ficou alterada e começou a xingar Harry por achar que ele estava colocando sonhos inalcançáveis na cabeça de Draco. Lucius interrompeu o surto da esposa e se virou para o tutor perguntando a opinião dele. De imediato o rapaz sugeriu uma excelente faculdade com a estrutura necessária que receberia bem o filho deles. Era um lugar caro, mas que obviamente não seria problema para os pais de Draco pagarem. Lucius apenas concordou e deu total liberdade para que Harry ajudasse o filho nisso. O tutor concordou e disse que quando Draco passasse para a faculdade, ele pediria sua demissão por achar que seus serviços não seriam mais úteis.

Harry não disse para Draco, mas ele desconfiava que Lucius apenas aceitou mandá-lo para longe para não ter que precisar olhar mais na cara do filho que não poderia mais suceder ele, segundo sua opinião.

O bom era que Draco estava tão feliz que não se importava, há muito tempo deixou de querer mendigar o amor dos pais, pelo menos de um deles. Contudo, o excesso de zelo de sua progenitora era igualmente ruim e sufocante para ele e por muitos anos prejudicou sua saúde mental e auto estima.

Alguns meses depois Draco havia sido aceito na faculdade e cursaria direito. Harry se sentiu orgulhoso e juntos decidiram sair para comemorarem. Seriam os seus últimos dias juntos e ambos queriam aproveitar.

— Você tem que me prometer que nos falaremos todos os dias, Harry...

— Draco! Eu já te prometi isso, esqueceu? Além de que você conseguiu que seu pai aprovasse a ideia de que eu continue sendo o seu tutor... Não irei mais te ensinar, mas eu estarei responsável por resolver suas coisas da faculdade – riu enquanto andavam pela orla da praia em um gostoso passeio ao por do sol.

— Não podia deixar você sem emprego depois de tudo o que você fez para mim... – seu tom saiu quase repreensível enquanto ele parava de andar. Pelo som do local, Draco acreditava que estivessem sozinhos na praia.

— Eu agradeço muito... Além de que é uma excelente desculpa para eu ir te visitar – o sorriso brincou na face de Harry ao perceber a expressão de júbilo do loiro ao sentir os raios solares mais os ventos em seu rosto.

— Ver você sorrir assim, nem parece que era um carrancudo mau humorado quando o conheci, haha!

— Não seja idiota, Harry! – repreendeu e por segundos, se deu conta de que nunca havia visto Harry, não sabia como era sua expressão mau humorada, alegre, apática, triste, nenhuma delas ele conhecia.

Harry notou a mudança brusca e se preocupou. Levou uma mão ao ombro do outro indagando se havia algum problema.

— Não é nada, Potter!

— Potter? – riu em descrença pela pequena birra de Draco por chamá-lo pelo sobrenome.

— Hmf! Não é nada demais, eu apenas me dei conta de que não sei como é o seu rosto. Nos conhecemos há um pouco mais de um ano e eu não faço ideia de como você é... – sua voz saiu triste e baixa.

Draco ergueu o rosto para disfarçar as lágrimas. Para alguns podia ser algo bobo, mas ele tinha finalmente um amigo e se dar conta agora de que não o conhecia, fez o seu coração se angustiar.

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