Raios De Luz Na Escuridão

A escuridão

Sonhos informes, sombras luminosas, cores desconhecidas, vozes estranhas. Uma mistura de coisas rondava minha mente quando acordei ainda sonolento essa manhã, o único pensamento que tinha em minha mente era a frase de sempre e a vontade insaciável de acabar de uma vez com minha infeliz e tediosa vida.

Espero alguns minutos. A sensação quente do cobertor ainda confortava e aquecia meu corpo e quase como correntes me seguravam junto à cama.

Meus olhos, involuntariamente, se fecham lentamente. Acordo com um pulo, meu coração batendo mais rápido que os ponteiros do relógio, percebo que adormeci por apenas 10 minutos, porém foram o suficiente para me fazer ficar atrasado, como de costume.

Nunca fui muito bom com horários ou os horários nunca foram muito bons comigo - eu detesto ter que acordar cedo- quando olho no relógio demoro um tempo para assimilar os números, contando de cinco em cinco.

Na verdade, o verdadeiro problema são os números e tudo o que os cerca: horários, receitas, contas, dinheiro... — sim, isso realmente é um problema, o dinheiro." — e por concequencia o horário. Ah sim, 7:25 eu estou mais atrasado do que pensava, se eu tiver sorte serei demitido ainda hoje.

...

No ônibus, a caminho do meu inferno pessoal, observo o comportamento humano. Adultos dirigindo apressadamente seus carros, usando a buzina como se sua última foda dependesse disso; criança, com seus uniformes coloridos, a caminho das escolas enquanto caminhavam com um semblante feliz — o que me faz refletir, por alguns instantes, o quanto eu detestava a escola quando era mais novo.

Quando percebo que meu ponto já havia chego, meus pensamentos se dissipam rapidamente. Levanto do banco e desço o mais rápido que consigo sem cair, começo a correr na direção do prédio em que trabalho assim que o ônibus solta seu último vestígio de fumaça na direção do meu rosto.

- Bom dia Alison

Eu digo ao porteiro do prédio o mais rápido possível, algo como uma resposta vem aos meus ouvidos, mas não presto atenção pois no mesmo instante estou apertando freneticamente o botão do elevador —Puta merda, isso nunca demorou tanto! —a voz do porteiro chama minha atenção e eu me viro

- Presta atenção no que estou dizendo St James, acabei de dizer que o elevador está em manutenção, você terá que ir pela escada

O senhor faz um gesto apontando em direção onde ficava a escada, envergonhado sigo calado até a porta que dá as escadas, coloco a mão na maçaneta e antes de abrir, viro a cabeça novamente para Alison

- Me desculpa Alison, dia difícil, sabe como é ...

- Difícil, difícil... Menino, o dia nem começou direito

- Pois é para você ver...

últimas palavras foram ditas já quando eu estava entre o terceiro ou quarto degrau, a cada degrau eu subia mais ansioso eu ficava e rezava para que o pior não acontecesse, após alguns minutos de tenção finalmente chego no escritório. Thomas, meu colega de trabalho estava em sua mesa enquanto bebia algo que pelo horário seria sua quarta xícara de café.

O que dizer sobre o escritório, uma mistura exata entre o cheiro de café torrado, infiltração e papel... Muito papel. Ponho minhas coisas na mesa de Thomas, seleciono alguns papéis que se direcionava a mim e sento na mesa ao lado

- Bom dia Tom
- Chegou cedo hoje Charlie - Ele diz com um tom ácido de ironia

Thomas era um garoto alto, tinha traços nativos que carregava em seus olhos, cabelos escorridos curtos e pelo oliva, as garotas costumam achar ele um cara atraente, ele parecia ser um homem sério, mas na verdade era bem engraçado e adora vídeos de cachorrinhos e gatos durante as horas extras

- Engarrafamento - falo com a tentativa de dar uma desculpa ao meu atraso quando percebo uma notificação em meu celular, quando abro e leio as mensagens e um breve esboço do que seria a minha primeira tentativa de um sorriso do dia aquece meu rosto, levanto os olhos novamente já me encaminhando a minha mesa encurtando a conversa com tom que se mantinha ocupado revisando os problemas da impressora.