CAPÍTULO I

3.2K 138 22
                                    

PRÓLOGO || A 13 ANOS ATRÁS.

Mamãe: Não posso, como não vou cuidar de uma criança mestiça!

:Fale baixo, ela está dormindo!

A poucas coisas que uma criança com 5 anos sabe, uma dessas coisas era o que era "mestiça".
Foi a última conversa de minha mãe que escutei até ela me levar para Kaios, a floresta da qual crianças não deveriam ir.

Ela me colocou no meu melhor vestido, até penteou meu cabelo, ela nunca havia sequer arrumado o meu cabelo! Deveria ser muito importante!

Mamãe: Lembra doque a mamãe te ensinou não é?

Mamãe havia me ensinado muitas coisas, não sair do quarto até ela mandar, não emitir barulho enquanto ela estiver conversando e não chegar perto das bitucas de cigarro.

Como não respondi ela se abaixou para conversar comigo, seu cabelo loiro esplêndido (que não se comparava o meu) se mexeu com o vento.

Mamãe: Ficar quieta e esperar até eu voltar.

Concordei com a cabeça, não tinha muita coisa a se falar, ela então sorriu e me deu um beijo na cabeça, puxa fazia muito tempo que eu não recebia um.

Ela se foi, eu olhei para os lados em busca de alguma criatura, talvez um gnomo ou uma fadinha de jardim.

O vento também bateu contra o meu cabelo e eu apressei em cobrir minhas orelhas de novo com o cabelo.

Muitas horas se passaram, eu estava com muita fome e mamãe não aparecia, eu pude escutar então duas pessoas se aproximarem. Eu franzi meu nariz não sabendo quem eram, ou que cheiro tinham. Logo iria anoitecer.

Apareceram então um casal muito alto, a mulher tinha o cabelo muito loiro, eu nunca havia visto alguém além da minha mãe com o cabelo igual ao meu, a pele dela era muito branca, já eu tinha algumas sardas. Parecendo uma boneca de porcelana ela tinha olhos muito gentis.

O segundo homem já tinha uma pele marrom que parecia banhado pelo próprio sol, tinha os olhos vermelhos mais severos e cansados, estava vestido com uma farda policial, deveria saber onde mamãe estava.

A boneca de porcelana vestida com roupas bonitas se apoiou nos joelhos.

Boneca: Onde estão seus pais, pequena?

Eu coloquei as mãos para trás mordendo a boca.

Eve: Porque você quer saber? Vai me sequestrar?

Ele piscou os cílios longos em surpresa e olhou para o homem da guarda.

Boneca: Ela é...

Ela se afastou e ele interrompeu. Seus caninos de atlante brilhando.

Policial: Astuta para não dizer atrevida, a quanto tempo te deixaram aqui?

Eu pensei bem, o que eles iriam fazer se eu contasse? Mamãe mandou eu esperar, mas eu estava com fome.

Uma brisa gelada de inverno soprou, arrebatando os meus cabelos, a mulher arregalou os olhos quando viu minhas orelhas pontudas.

Moço: Oh deuses, não é seguro para ela aqui.

O homem começou a olhar ao redor, mas não tinha ninguém!

Moça: Venha, vamos te dar um lugar quente, com comida e uma cama.

Eu tinha uma cama, mas estava com fome e minha casa nem sempre foi quente, minhas luvas velhas estavam surradas.

Olhando para onde mamãe havia desaparecido eu pensei, ela ficaria irritada, mas se não me encontrasse eu não levaria palmadas.

Eu segurei a mão do atlante e da mulher de porcelana.

𝖧𝖤𝖱𝖣𝖤𝖨𝖱𝖮𝖲 𝖣𝖤 𝖲𝖠𝖭𝖦𝖴𝖤Onde histórias criam vida. Descubra agora