Capítulo onze

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Deram três semanas para a audiência do mágico – enquanto isso, ele ficaria preso. Era quase madrugada de terça para quarta, e Violeta estava estudando o caso de Davi Jardim com Elisa praticamente grudada nela. Queria saber de todos os detalhes. Mas que detalhes? Estes quase não existiam.

—Sério que mantiveram o Davi preso por nada? - a jovem estava indignada.

—Não foi por nada, Elisa. Foi porque o soberano juíz Tapajós o indicou. - usou um leve tom de ironia. —Mas eu vou conseguir resolver isso, pode ficar tranquila.

—Você é a melhor do mundo! - a sobrinha de Heloísa deitou na cama.

—Eu tento. - arrumou o óculos de grau em seu nariz, sorrindo de lado.

A mais nova observava a mãe, com os cotovelos apoiados na cama e a cabeça em suas mãos. Franziu o cenho.

—Por que não quis ir ao bar sábado?

—Eu tenho que aproveitar qualquer oportunidade que tiver para estudar esse caso. - apontou os papéis e o notebook.

—Não foi só isso. - analisou. —E o Eugênio? Falou com ele?

—Não. - respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. —Desde que ele me deixou em casa nem mensagem mandou.

—Talvez ele só esteja esperando uma sua. - arqueou as sobrancelhas.

—Ou simplesmente deu pane no sistema e ele deve estar sofrendo pela esposa dele que faleceu. - deu de ombros.

—Ele perdeu uma esposa? - ficou surpresa.

—Pois é. - Violeta suspirou. —Ele parece ser ainda bem apegado à ela. - engoliu em seco, se desconcentrando. —Eu não quero me meter em algo assim. Ele não está preparado ainda...

—Só ele não está preparado? - a interrompeu. A mais velha tirou os óculos.

—Vou deixar isso para amanhã. - bufou, colocando na cômoda o notebook e os papéis.

—Não me respondeu. - revirou os olhos.

—Eu não sei de mais nada, Elisa. Eu que estava tão mais... segura, referente à isso, hoje me vejo tão perdida. - fez uma careta.

—Mãe. Deixa fluir! - balançou as mãos.

—Isso vai depender dele também. - se ajeitou na cama. —Eu não posso apenas me entregar pelo coração, tenho que agir pela razão também e esperar o momento certo. Não sou tão paciente quanto pareço, filha.

—Sabe o que é isso, dona Violeta? É a paixão querendo te pegar! - disse, como se esfregasse uma verdade na cara da mãe.

—Eu nunca disse que não era. - a jovem deu um pulo da cama ao escutar. —Mas eu quero ir com calma. É muito... intenso.

—Por isso te preocupa tanto. - constatou.

—Exato! - assentiu. —Você é muito sábia. - foi se deitando aos poucos na cama, e bocejou logo. —Agora vamos dormir, porque temos que ir buscar seus avós.

—Nem acredito que eles vão vir. - levantou as sobrancelhas.

—Deve ter acontecido alguma coisa. A voz da mamãe naquela ligação não me engana de jeito nenhum. - negou com a cabeça.

—É que quando a esmola é demais até o santo desconfia. - brincou.

—Não é isso, Elisa. Eu sinto que alguma coisa não está bem. E temo acreditar que tem algo a ver com a saúde do meu pai.

—Vira essa boca para lá! - se benzeu. —Eu vou dormir. Você está tão cansada que está cheia de caraminholas na cabeça.

—Amanhã vai ver que eu tô certa. - fez uma careta.

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