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Pete:

Eu já tinha tudo planejado. Não precisava ficar nervoso. Respiro fundo e termino de borrifar meu perfume favorito em certas áreas do meu corpo que sei que o cheiro se destacaria.

Me olho mais uma vez no espelho e gosto do que vejo. Estou todo de preto o que faz com que minha pele clara se destaque. Gosto do efeito que meus acessórios prateados causam no visual. Colar de corrente prateada e alguns anéis. Um pequeno brinco brilhava solitário em minha orelha esquerda.

É isso.

Eu estava pronto.

Hoje vou me declarar para o Denver. Chega de esconder o que sinto. E tenho certeza absoluta que somos compatíveis em tudo.  Gostamos das mesmas coisas, como música, filmes, rimos das mesmas piadas. Denver era tremendamente charmoso, com um sorriso encantador e um corpo perfeito.

Me lembro de quando éramos adolescentes e eu o admirava por sua coragem. Ele se assumiu gay desde que entrou na puberdade. Nunca teve medo de se mostrar como ele era de verdade. Mesmo em uma família explicitamente machista, ele ainda assim foi reticente e nunca se escondeu. No fim, sua família acabou o aceitando. Apesar de nada ter sido fácil e que com algumas ressalvas. Seu pai e seu irmão gêmeo eram terrivelmente ignorantes. Mas me surpreendi quando Denver disse que seu irmão Vegas o havia aceitado sem muitos problemas. Sinceramente eu jamais teria acreditado nisso se o próprio Denver não tivesse me contado.

Já que Vegas sempre foi um garoto muito intransigente, difícil de lidar desde muito novo. Vivia arrumando brigas com os garotos da escola e sempre se achava o mais valentão em qualquer situação.

Já Denver era um garoto totalmente o oposto do irmão. Eu adorava estar com ele. Denver era engraçado, gostava de músicas Indie e vivia com um violão a tiracolo.

Com o tempo foi fácil acabar me encantando por ele. Mesmo quando eu ainda não tinha me assumido, era inegável que eu já sentia algo por ele.

Depois do colegial, a família dele havia se mudado para outro estado por causa do trabalho do pai deles. O homem tinha uma alta patente no exército. Mas não sei dizer muito bem o que ele fazia. Pra mim, quando eu era mais novo achava que o pai de Denver mais parecia um mafioso, com aquela expressão de a qualquer momento qualquer um poderia extrair dele uma ação violenta. E confesso que sempre enxerguei Vegas da mesma maneira. Por isso me mantive o mais longe possível dele.

Foram dois anos afastado de Denver ao qual eu tentei me relacionar com algumas mulheres. Em algum momento eu até me imaginei ser bissexual, mas a real mesmo era que eu me interessava por homens. Não havia por que negar isso.

Há três meses eles retornaram para o antigo endereço. Mas eu já não morava mais perto deles. Depois que minha mãe faleceu, decidi vender nossa casa e comprei um pequeno apartamento perto do campus da faculdade.

Só soube do retorno deles quando Denver foi apresentado pelo professor de artes. Tive a sorte de que o cara de quem eu sempre gostei ter escolhido a mesma faculdade que eu. Se alguém na sala tivesse prestado atenção em mim, no momento em que Denver adentrou a classe, teria visto meu rosto se iluminar de tal forma que até me envergonho.

Mas era assim... Sempre gostei dele.

E seu sorriso ao me ver também me deixou feliz. Ele se lembrava de mim...
Voltar com nossa antiga amizade também foi a coisa mais fácil do mundo. Era como se tudo fosse como antes. Nada havia mudado entre nós, não houve estranhezas e uma semana depois do nosso reencontro, Denver passava mais tempo em meu apartamento do que na própria casa.

As vezes ele falava do pai, mas eram raras as ocasiões em que isso acontecia e ele sempre ficava com uma expressão triste. A mãe deles também já havia falecido, mas isso foi há muito tempo, muito antes de eu os conhecer.

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