Prólogo

227 14 12
                                    

PASSADO

Se fosse possível adicionar ao dicionário uma nova definição para idiota, eu, sem sombra de dúvidas, colocaria em letras garrafais o nome daquela idiota: Mara Luiza.

Ou pode chamá-la apenas de “meu eterno carma”.

Você provavelmente deve estar se perguntando o motivo, certo?

É bem simples: eu odeio tudo nela e sobre ela. Desde seu jeito arrogante de falar até o modo de andar como se fosse dona do mundo, principalmente por achar que as pessoas caem de amores aos seus pés. Porém, a razão maior é que essa garota sempre consegue encontrar um jeito de atormentar minha vida. A qualquer lugar que vou, ela está lá. Às vezes, parece que me persegue, e confesso que não ficaria surpresa se isso fosse verdade.

Talvez essa idiota seja obcecada por mim.

Ela não deve ter nada da vida para fazer além de me perturbar. Isso deve diverti-la muito, pois desde que a idiota entrou em minha vida, nunca mais tive sossego. Todos os dias, na escola, parece um labirinto eterno, porque sempre tem a maldita Mara Luiza no meu caminho.

Infelizmente, morar no mesmo lugar desde o meu nascimento fez com que eu crescesse praticamente rodeada pelas mesmas pessoas. É como entrar em um loop infinito: não importa aonde você vá, sempre terá um conhecido seu.

Meus pais são do México, mas se mudaram para os Estados Unidos antes mesmo de eu nascer. E para o meu azar, os pais da dita cuja tiveram a brilhante ideia de fazer o mesmo quando Mara ainda era um bebê. Diferente de mim, no entanto, ela não nasceu na Inglaterra, cidade natal dos pais dela, e sim aqui mesmo, em Miami.

Tenho certeza de que, em breve, terei muitos cabelos brancos por causa dessa pendeja.

— Eu gostaria de saber o que esse pobre taco te fez para ser amassado com tanto ódio dessa forma — uma voz é ouvida de repente, sendo seguida por alguns risinhos, mas meus olhos estão focados naquele ser humano asqueroso rindo escandalosamente, cercado de seus amigos idiotas. É incrível como ela consegue trazer o meu pior à tona, e não é necessário muito esforço. Deve ser um dom me deixar irritada com facilidade.

Solto uma lufada de ar e finalmente desvio meu olhar da idiota. Fito o ser sentado a minha frente, encontrando minha irmã gêmea, Sammy. Ela tem uma expressão divertida em seu rosto, tão idêntico ao meu, e parece focar em algo. Resolvo olhar para o mesmo lugar e faço uma careta ao me deparar com a bagunça que havia feito. Merda!

— Estragando comida outra vez, Lil[1] ? — dessa vez é a pessoa ao meu lado, minha melhor amiga, Carolina, quem diz alguma coisa.

Eu apenas reviro os olhos, ignorando-a, mas a careta em meu rosto aumenta quando sinto meus dedos colarem. Excelente! Além de ficar sem meu lanche, estou com as mãos sujas. E tudo isso é culpa de quem? Daquela idiota dos infernos! Justo no dia que a cantina do colégio resolveu colocar um pouco da culinária latina no cardápio.

— Moonkase trancou a Cherry no vestiário — minha queridíssima irmã resolve confidenciar a Carolina sobre o infeliz incidente de mais cedo, quando a digníssima resolveu que seria muito divertido me trancar dentro do vestiário sozinha e com as luzes apagadas. Acabei me atrasando para a aula de História, porque demorou um bom tempo até que alguém me encontrasse lá dentro.

Eu seria capaz de matar aquela garota com minhas próprias mãos lentamente. Da mesma forma que fiz com o meu lanche, poderia fazer no pescoço dela. Não me importaria de sacrificar meu réu primário com um homicídio.

— Quantas vezes ela fez isso durante essa semana mesmo?

Eu apenas ouvia as duas zombando e rindo, enquanto tentava tirar aquela nojeira das minhas mãos e pensava em diversas maneiras de matar Moonkase.

Stupid Wife - Versão MoonrarOnde histórias criam vida. Descubra agora