muito obrigado, vinho

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Oh, não, acabou — faço bico para o fundo vazio e pouco avermelhado da minha caneca.

É a sexta vez que minha irmã Soojin e eu bebemos feito loucos numa taberna cheirando a mofo. E pior que isso, é estranho e irônico estarmos fazendo isso com as últimas pessoas que esperávamos ter alguma espécie de contato na vida: Jeon Jungkook e Yeh Shuhua, os noivos e futuros líderes de Busan.

Na verdade, desde que conhecemos os dois e descartamos várias das nossas suposições sobre os jovens da família real, tem sido assim. Nos tornamos verdadeiros amigos. E funcionamos juntos.

Porém, infelizmente, foi uma dádiva e só festa antes, quando não havíamos nos metido em tantas encrencas e nos aproximado tanto. Você sabe. Todos sabem que, a partir da intimidade, tudo começa a dar errado, pois logo após vem a paixão.

Paixão.

Paixão que machuca, que mata alguém por dentro, que faz Soojin chorar todas as noites por lembrar que há um anel pesado de brilhantes no anelar direito de Shuhua e que me faz pensar que, se o destino realmente existe, é tão injusta quanto ele, porque Jungkook é surreal de tão belo, porém não deixa de ser um príncipe. Um futuro rei. Um nobre. Um homem.

Deus, um homem.

A vontade de engasgar com o meu próprio desespero me toma, e eu seguro o choro ao mesmo tempo em que o nível de álcool em meu corpo me força a rir numa tentativa de disfarçar o que, infelizmente, sinto. Muito obrigado, vinho.

— Iremos pegar bebidas nos barris. Não saiam daqui, não, hein? — o sotaque natural chinês de Shuhua se embola com o da embriaguez enquanto ela tenta se segurar em um dos pilares de madeira. Eu sorrio grande, conseguindo ver com nitidez somente sua saia avantajada sumindo de minhas vistas.

Mas quando volto à realidade e percebo com quem fui deixado a sós, meu sorriso morre ligeiro e eu viro involuntariamente minha cabeça para o lado, encontrando aqueles olhos brilhantes dos quais tanto fugi esta noite.

— Você está bem, Jimin? — Jungkook firma o toque em minha mandíbula, trazendo meu rosto para perto. Analisa meus olhos tortos, minha boca manchada de vermelho e, com certeza, minha respiração quebrada por estar perto demais... dele. — Acho que bebeu demais.

— Fique tranquilo, alteza. Sou forte — pisco um olho com dificuldade. —, e aposto que Shuhua vai lhe dar mais trabalho.

— Você se lembra do... semana passada? — assinto, tentando me manter acordado. Ele ri, parecendo constrangido. — Argh. Eu lembro que quando cheguei no palácio, minha mãe viu e entendeu tudo errado. Pensou que eu e ela... Sabe?

Não, eu não sei, Jungkook. Engulo em seco, tirando seus olhos do meu encalço.

— Não entendo. Por que ela "entendeu tudo errado"? — e ao mesmo tempo em que sofro, fico em dúvida. Ele parece surpreso ao notar que já soltei mais palavras do que em todas as vezes que conversamos. — Vocês são noivos, alteza. Isso é normal.

— Ah, é. Eu sempre me esqueço... — encarou sua caneca vazia, sorrindo com a testa franzida. Engraçado. Jungkook é o noivo de Shuhua e quem nunca esquece disso sou eu.

— Alteza-

— Não me chame de alteza, Jimin-ssi. Meu nome é Jungkook e eu sou seu amigo agora. Você esqueceu?

— Oh, está bem — é impossível controlar o rubor em minhas bochechas. Respiro fundo. — Jungkook, quando pediu Shuhua em noivado? Quando... quando percebeu que queria se casar com ela?

— Uau. Você realmente muda bastante quando bebe — ele se surpreende de novo. Parece pensar bastante e alterna o olhar entre a mesa e meu rosto muitas vezes antes de responder minha pergunta. — Eu não pedi Shuhua em noivado, Jimin. Meus pais a escolheram para mim, então a conheci poucos meses antes de vocês.

meu errado amar • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora