•Oneshot

70 7 19
                                    


Era mais um dia monótono no colégio, como praticamente todos os outros dias. Dormi na primeira aula, como eu geralmente fazia. Já era rotineiro para mim, ir para a escola e dormir até o sinal tocar para a segunda aula, eu fazia isso afim de prolongar o sono que era sempre interrompido pelo alarme do meu celular na minha casa.

A segunda e a terceira aula daquele dia, só deus sabe de quais matérias foram. Se eu não sabia nem naquela época que aula era quando o professor entrava na sala, quem dirá me lembrar agora. Irrelevante.

O sinal tocou para o "tão esperado intervalo", como a maioria chamava, intervalo este do qual eu nem participava. Às vezes eu ficava escrevendo estórias na sala de aula, bom, e às vezes eu descia só para ir ao banheiro e andar pelo pátio por poucos minutos. Quando digo poucos, realmente quero dizer pouquíssimos, porque minha fobia social nunca foi minha melhor amiga.

Naquela manhã em específico, eu estava sozinha quando a vi. Uma garota de estatura mediana, magra, branca e cabelos castanhos com madeixas roxas. Posso ter descrito metade das garotas do mundo aqui, eu sei. Entretanto, ela era diferente.

Normalmente, eu não olhava para ninguém, não encarava ninguém e também raramente achava alguém bonito. Mas com ela foi outra coisa.

Sua beleza me prendia. Era natural. Uma beleza que poderia ser confundida com algo comum, mas que era encantadora, era.
Não me perguntem o que aconteceu para eu me preender tanto naquele rostinho, eu também não sei.

Me lembro que ela estava de fones de ouvido e mantinha um micro sorriso no rosto, enquanto sua amiga falava alguma coisa. Logo notei que a garota de fones vestia um moletom de um grupo de kpop, o BTS. Eu não era fã, nunca havia sido, mas conhecia todos os garotos membros do grupo, por ter uma amiga que só falava sobre eles. Mas, de qualquer forma, continuei a observando até o sinal tocar. Ela e a amiga subiram as escadas e eu fui um pouco atrás, a olhando enquanto ela falava algo muito baixinho com a amiga. Não pude ouvir sua voz, embora a outra garota falasse alto.

Se naquele ano já extisse a série YOU, eu me sentiria o próprio Joe.

Contei os minutos das aulas seguintes para poder reencontrar a garota dos fones, mesmo que não fosse falar com ela.
E, de fato, quando o sinal bateu, me apressei em chegar rapidamente no portão do colégio e procurá-la com os olhos. Mas eram muitas pessoas e eu não a vi...

Na calçada, enquanto eu provavelmente pensava sobre o almoço, meus olhos acidentalmente encontraram a garota na calçada à minha frente. Não me recordo se aquela amiga estava com ela novamente, mas sei que dois meninos estavam. Eles conversavam e riam sobre qualquer coisa, enquanto eu apenas não conseguia parar se olha-la. As pontas roxas de seu cabelo davam um charme a mais, e sua face angelical me passava calmaria.

Mas foi somente na manhã seguinte que eu decidi que falaria com ela.
Segui para a escola e tive a certeza de que no intervalo eu me aproximaria dela como quem não quer nada.

Bom, não deu certo. Minha introversão falou mais alto, enquanto minha timidez berrava. Apenas observei a menina novamente, pelo segundo dia.

No terceiro, eu havia misteriosamente decidido que, com certeza, o melhor horário para chegar até ela e pedir seu número, seria na hora de ir embora.
E fiz assim. Esperei as pessoas começaram a descerem as escadas, desesperadas para irem embora, enquanto eu ia logo atrás da garota e de sua amiga, tentando acompanha-las.

Ela estava novamente de fones, e então eu surpreendentemente pensei que seria apropriado me aproximar dela, arrancar seus fones e lançar logo um "oi", e depois pedir seu número, claro.
Juro, fiquei a um passo de concretizar esse meu plano. Cheguei até a centímetros dela, foi quase mesmo.

Tristemente, o bando de adolescentes que vinha logo atrás de mim, foi me empurrando e quase passando por cima de tudo e todos. Por fim, ela já estava um pouco mais longe que eu, então acabei por desisitir da ideia de chegar nela, afinal, nada dava certo. Eu tinha crise só de me imaginar indo até ela, por conta da fobia social, e até mesmo quando eu chegava a tentar me aproximar, algo dava errado.

Minha ideia então, para o dia seguinte, foi o contrário. Eu faria com que ela chegasse até mim.

Peguei no meu guarda-roupas um moletom do grupo de kpop Monta X, do qual eu não era mais fã há dois anos, e vesti. Com a minha mente brilhante, cheguei a conclusão de que ela provavelmente conhecia aquele grupo, já que conhecia o BTS.

E pasmem...deu certo!

No intervalo daquele mesmo dia, ela e sua amiga foram ao banheiro, e eu rapidamente entrei também, acompanhada de uma colega.
Pude escutar uma delas falando "Olha a menina aqui com o moletom do Monsta X". Estremeci, mas ri e fiquei no aguardo de virem falar comigo.
Eu e minha colega saímos do banheiro antes, mas não tardou para que elas nos seguissem.

Eu já estava sentada, de baixo do sol, quando as duas se aproximaram e perguntaram quem era meu bias no grupo, ou seja, meu favorito. Fomos papeando, eu e elas. Conversamos sobre outros grupos de kpop e tudo que eu não estava afim, pois na verdade eu só estava afim dela.

Em determinado ponto do assunto, elas combinaram de me chamar no whatsapp, e adivinhem quem anotou meu número. Exatamente, a garota dos fones.
Bom, mas agora eu já sabia seu nome.

Ariane me mandou uma mensagem aproximadamente dois dias depois, não sei ao certo. Mas o ponto era que significava que ela lembrou de mim de repente. Ela havia pensado em mim. Mesmo que não fosse no sentido romântico, já era alguma coisa.

Dias e semanas se passaram, nós sempre conversávamos e marcavamos de ir ao cinema, mas nunca rolava. E logo eu desisiti de me declarar para ela, então acabamos nos tornando amigas.

Sim, eu sou bundona.

A nossa amizade fez com que eu nunca falasse sobre meus sentimentos e sobre eu ter usado aquele moletom de propósito naquele dia. Mas, independentemente, eu continuava a ter um crush gigantesco nela.

Mais de um ano se passou, e foi só quando ela comentou sobre ter tido um crush em mim, foi que eu revelei que era recíproco. Porém, eu confessei que eu ainda tinha um crush nela.
Nessa época aí ela já estava até quase namorando um garoto, afinal, havia se passado mais de um ano desde que eu a conheci.

Por fim, ela terminou com o garoto e nós começamos a ficar.
E quatro meses depois, começamos a namorar.

Hoje somos casadas. Temos duas cachorras e seis gatos. Também temos problemas psicológicos e pouca grana.

Mas, eu te amo, minha princesa. Você é tudo para mim. Você foi a única que chamou a minha atenção naquela escola, e atualmente é a única que chama a minha atenção no mundo inteiro. E pra sempre vai ser assim.

Você always será a garota de fones e que mantinha um sorriso doce nos lábios, por quem me apaixonei.

Feliz aniversário, minha linda❤️🏳️‍🌈










Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 23, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Garota dos Fones (Oneshot)Onde histórias criam vida. Descubra agora