Capítulo 13 - Aquele não era o reencontro que Dash esperava

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Depois de um longo período de silêncio e tensão, no qual Dash e Astra apenas encaravam um ao outro sem dizer nada, foi a garota quem conseguiu falar primeiro.

— Você está morto — disse.

— Eu morri — Dash respondeu — Mas eu voltei.

Astra sentiu suas pernas fraquejarem e Niki a segurou a tempo para que não caísse. Ela não entendia o que estava acontecendo, em um instante estava vivendo a sua vida assim como em todos os dias, no outro estava diante do primeiro príncipe de Floyra, que morreu apunhalado no coração há cinco anos. Ela mesma viu o corpo de Dash pendurado pelo pescoço no portão do palácio e meses depois ainda tinha pesadelos com aquilo, ainda sentia saudade de Dash todos os dias e chorava antes de dormir. Aquela era uma dor que ela sabia que nunca a deixaria, mas conforme as estações foram passando, se convenceu de que nunca mais o veria e que precisava continuar seguindo em frente, por ela e principalmente por Romy.

Então, depois de passar por tantas dificuldades, como podia ser que Dash simplesmente estivesse de volta?

— Não faz sentido — murmurou — As pessoas não voltam depois de morrer.

O ex-príncipe engoliu em seco e Niki desviou o olhar, sem jeito.

— Eu fiz um pacto de reencarnação com um demônio — ele respondeu sem fazer rodeios — Eu voltei para vingar a minha família e o meu povo.

Astra olhou para ele e sentiu uma pontada no coração. Ela já tinha escutado sobre isso, sabia como funcionavam os pactos com demônios, mas nunca imaginou que veria algo assim em sua frente, era simplesmente uma loucura. Durante todo esse tempo, sempre pensou que Dash estivesse em paz no céu, então ao invés disso ele estava fazendo um pacto com um demônio???

— Não — ela balançou a cabeça em negação — Isso é estranho, não é real... nada disso é real.

Astra tentou escapar, mas Dash estendeu a mão e a segurou. Assim que sentiu a mão dele na sua, o calor daquele toque que só poderia ser de uma pessoa viva, ela caiu aos prantos. Sem saber o que dizer, o ex-príncipe apenas ficou olhando enquanto ela chorava.

— Por que você teve que fazer isso? — perguntou inconformada.

— Meu espírito nunca descansará em paz enquanto eu não matar aquela pessoa — Dash respondeu de forma ríspida.

Ao ouvir aquelas palavras, Astra soltou a mão da dele e deu dois passos para trás. Até Niki, que só observava a cena, achou a reação dela estranha.

— O que ele fez com você? — Dash a encarou de cima a baixo, já que ela ainda vestia o quase nada de roupas de uma das dez joias do rei.

— Não importa, isso não tem nada a ver com você — ela se esquivou.

— Como não tem a ver comigo? Se eu não tivesse te tirado de lá, ele...

— Você não devia ter feito isso — Astra respondeu de forma firme.

— O quê???

Naquele instante, os outros três cavaleiros tinham acordado com o barulho da conversa e se aglomeraram diante da janela para espiar o que estava acontecendo. Astra, que até então estava confusa e aos prantos, agora tinha um semblante sério e não parecia nada feliz.

— Eu disse que você não devia ter feito isso — ela repetiu palavra por palavra — Se você fez esse acordo estúpido com um demônio, então vá em frente e se vingue como quiser, mas me deixe em paz, nunca mais se meta nessa história.

Dash arregalou os olhos e por alguns segundos as palavras até sumiram de sua garganta. Durante os últimos cinco anos, ele tinha sofrido dores excruciantes, as mais terríveis possíveis, mas agora ali, aquelas palavras de Astra estavam lhe machucando muito mais.

Reinos de Ouro e Sangue I - O Príncipe do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora