Londres, 1995
A iluminação roxa e azul em luzes negras e aquela música lenta, tão fodidamente lenta, da maneira mais sexy que Harry já ouviu em sua maldita vida sempre conseguiam derrubar completamente a estrutura do rapaz, fazendo-o viajar no torpor das mãos quentes que se estendiam para tocar suas coxas, cintura e braços, várias delas se demorando em apertar a carne macia das suas pernas douradas de sol. Mas ele continuou andando, desfilando, por cada centímetro daquele estabelecimento abafado e úmido.
- Boa noite, senhores. - Sua voz se arrastou lenta e baixa, a rouquidão não ajudando em nada os homens luxuriosos sentados a sua frente. Ele apenas levantou o canto direito dos lábios, uma curvatura mínima que ele sabia ter o poder de fazê-lo ficar sem conseguir andar por dias a fio. Xeque. - Posso.. me sentar? - Dois pares de olhos idênticos duplicaram de tamanho com sua pergunta, sorrisos pequenos e gananciosos lhe dando toda e qualquer resposta que poderia querer.
Sua silhueta, adornada pela escuridão e luzes negras do clube noturno, era a única coisa que se podia ver estando fora daquele sofá de couro preto luxuoso no qual a dupla de gêmeos estavam, mas não para eles, tão próximos do corpo ardente e vibrante do jovem, com todas as suas curvas delineadas como a porra de uma stripper, o tecido elástico da roupa depravada dele colando em cada ponto de articulação, emoldurando a bunda em elastano preto por um vestido micro saia. Eles não sabiam dizer se estavam no céu ou no inferno. Foda-se, Harry continuaria sendo um anjo em ambos.
- Claro, querida. Aqui. - Um dos homens de cabelos pretos compridos, o que tinha um sorriso tão safado que deveria ser considerado ilegal, se pronunciou, apontando para seu colo vazio. Harry sorriu em retribuição, todo sua comiseração alheia mantida abaixo da sua pele brilhosa e líquida como ouro derretido. O filho da puta acha mesmo que ele não reparou o quão ele se espalhou para cobrir os espaços vazios do sofá?
Sentando no lugar oferecido, Harry foi recepcionado com um solavanco contra seus quadris e mãos grandes lhe apertando as coxas e pressionando para baixo, podendo sentir uma dureza familiar. O movimento fez o rapaz se contorcer languidamente, dançando entre a irracionalidade do desejo que cresceu, se multiplicando como uma célula cancerígena, e a racionalidade de sua meticulosidade. Ele é uma vadia má essa noite, gulosa e gananciosa - ele deve se lembrar. Nada menos, nada mais.
Com uma risada fácil e bêbada, o homem sussurrou em seu ouvido "nome". Como se ele precisasse saber o seu nome quando só queria esfolar o pobre pau dentro de Harry. Mas o jovem acompanhou a risada com a sua, rouca e sedutora, requintada com toda a malícia do mundo.
"Ary"
Uma maquiagem carregada que lhe cobria a cicatriz em forma de raio e roupa infinitamente justa, quando somadas com significativas quantidades de álcool e escuridão, podiam esconder desde sua identidade até seu gênero, dependendo do quão curvilíneo seu corpo seja e se seu pseudônimo é duogênero. Se acertarem seu sexo de nascimento, ótimo, afinal, ninguém negava Harry, mesmo quando apresentados aos seus "atributos masculinos"... Mas, caso não descobrissem, ele simplesmente tiraria proveito da situação, agindo o mais dubiamente possível - para seu próprio divertimento, é claro.
Os homens continuaram a conversar, agitados. Diziam coisas que não deveriam ser ditas de forma leviana, com uma pessoa estranha espreitando cada detalhe de cada informação passada, mas todos naquele inferno de luzes e odores estavam bêbados demais (Harry era uma exceção) e viam "Ary" como uma puta gostosa demais e inteligente o suficiente para ouvir sua conversa de bar e não vazá-la. O mundo noturno é assim, pelo menos para os homens e mulheres que podiam pagar pelo silêncio dos outros.
- Ela é psicótica, não psicopata, e você sabe disso, Rod. Eu não me impressionaria se ela aparecesse aqui de repente. - Um dos gêmeos falou ao seu lado, sua mão traçando um caminho quente e escorregadio entre as pernas de "Ary", fazendo com que o jovem a parasse com a sua, guiando-a para a altura da sua barriga e a deslizando até parar na frente de seu rosto.
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Unholy
FanfictionUma caçada na qual Harry tem uma sede de sangue infinita e, utilizando-se de todos os recursos disponíveis - principalmente seu corpo - para fazer justiça por conta própria, Harry desenvolve um método para finalmente estar no controle de sua vida. ...