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Fui embora daquela casa cheia de drogados ao choro.

As férias já começaram e eu mal tinha aproveitado.

Meu telefone vibrou dentro do bolso, e vi que era minha mãe me ligando, e rapidamente recusei a chamada.

Fui para um lugar que já pretendia ir a muito tempo: uma ponte.

Assim que cheguei, havia um telefone para ligar se você precisar de ajudar. Com algo escrito: "prevenção ao suicídio".
Olhei para aonde a ponte me levaria. Para um rio. Tomara que tenha rochas, torcia.

Fechei os olhos permitindo sentir todo o vento bater no meu rosto.

- Eu preciso disso. - Falei para mim mesma.

Meu telefone vibrava sem parar dentro do meu bolso.

Passei a primeira perna por cima da barra e em seguida a outra. Agora só faltava pular.

Soltei uma mão, e quando estava prestes a soltar a outra, um carro familiar parou bem em frente onde eu estava.

Soltei a outra mão que me impedia a cair, mas logo me arrependi.

Vi de relance o meu irmão mais novo chamar pelo meu nome, mas já era tarde.

Fechei os olhos e imaginei tudo de ruim que já passei nessa vida.

E logo, tudo ficou preto.

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Meu corpo todo doía.
Abri os olhos, conseguir ouvir vozes familiares.

- Ivy! - Scar, meu irmão, chamou. - Achei que você tivesse morrido. - Ele correu até onde eu estava deitada, e me abraçou.

Eu não conseguia retribuir o abraço, e percebi que meus braços e minha pernas estavam amarrados.

- O que é isso?! - Perguntei.

- É pelo seu bem! - Minha mae disse. - Eu estou decepcionada com você!

- Onde está meu pai?! - Falei. Só ele me escutava.

- Seu pai não liga pra você. - Minha mae gritou. - Você vai ficar no hospital por uma semana, e depois vamos conversar. - Ela pegou pela mãozinha de Scar, e saiu rápido.

Queria sair daquele lugar.

_

Almocei, e logo fui levada para um psicólogo em uma cadeira de rodas.

- Como se sente? - Perguntou o médico responsável pelo meu tratamento.

- Se eu falar que estou bem, você me deixa sair? - Perguntei e ele negou.

- O que te levou a fazer o que você fez? - Ele anotava tudo em um caderno.

- Evelyn. - Respondi.

- Quem foi Evelyn?

- Evelyn foi minha melhor amiga, ela se matou.

- E por que ela tirou a própria vida?

- Ela estava drogada, e... - Por um momento tudo se encaixou. Ela pegou drogas na mão de Jordan. Jordan provocou a morte dela.

- E? - O médico perguntou, curioso.

Não consegui falar. Todo meu almoço subiu a garganta e eu vomitei tudo.

- Você está bem? - O médico parecia preocupado. - Vou chamar sua enfermeira.

Ficar naquela sala vazia me deixava mais nervosa do que já estava.

_

Já tinha se passado vários meses de tratamento e recuperação que estava no hospital, e eu ia ter alta, finalmente.

Durante os dias em que eu estive aqui, eu fiz um plano para matar Jordan da pior forma possível.
Descobri que minha mãe rastreou meu telefone para me encontrar, e que eu só não morri porquê o rio não tinha nenhuma rocha, e que onde cai, estava raso e que eu tive uma fratura na costela.

Depois que eu matar Jordan, vou vingar Evelyn. Vou esfregar na cara de Jordan tudo que ele fez.

Sai do hospital em uma cadeira de rodas com meu irmão no colo.

- Mamãe, anda mais rápido! - Scar reclamou. - O carro tem que andar.

- Scar, isso é uma cadeira de rodas, não um carro. - Falei, rindo.

Ele fez bico.

- Mas, eu posso chamar de carro? - Pergunto ele.

- É claro que pode.

Não via a hora ir para casa.

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Chegar em casa foi um das melhores sensações.

- Eu te ajudo a sair do carro. -Scar segurou minha mão e me ajudou a sentar no sofá.

- Obrigada! - Disse.

- Scar, vai para seu quarto. - O tom era ríspido e seco. Scar obedeceu. - O que falta na sua vida? Você tem dinheiro, uma casa boa, tem roupas de marca. O que falta?! - O tom era como uma bronca.

- Seu amor, sua atenção. Eu amo o Scar, mas eu tive que me virar sozinha quando ele nasceu. Meu pai nunca tinha tempo pra mim, e você pior ainda! Você me fez odiar a nossa relação. - Disse com lágrimas nos olhos.

- Você é a minha vergonha! - Falou ela, gritando.

- Está vendo?! Você nunca tenta ver o meu lado! Nunca! - Continuei sentada. Queria que ela sumisse, e foi isso que ela fez.

Encostei minha cabeça no braço do sofá  e tive uma surpresa.

- Ivy! - Mareh disse, me assustando. - Garota, você me deu um susto! Eu tô tão feliz em vê que você está bem! - Ela riu e pulou em cima de mim. Mareh é mulher que ajuda na minha casa. Ela já foi minha babá, e agora, ela ajuda nas tarefas domésticas. Mareh é baixinha, e gordinha. Seu braços são musculosos de tanto trabalho. O abraço dela me deixou dolorida, mas foi um dos melhores abraço que eu recebi em minha vida. - Eu fiz sua comida favorita! Ah, minha filha também está aqui. Cássia! - Ela gritou pela filha.

Cássia apareceu olhando para mim como uma criança se escondendo na barra da saia da mãe. Ela está diferente. Seus cabelos agora são dreads com pontas loiras, um piercing no nariz e a pele bronzeada como a da mãe.

- Oi Ivy. - Cássia disse se aproximando.

Me esforcei para levantar.

- Eu vou pegar alguma coisa para vocês comerem. - Mareh falou indo até a cozinha.

- Como você se sente? - Cássia perguntou.

- Eu estou bem. - Tentei abrir o melhor sorriso.

Apesar de não estar 100%, eu só queria ver Jordan implorando, implorando de joelhos pela sua vida.

STAR - 𝕵𝖔𝖗𝖉𝖆𝖓 𝕻𝖔𝖜𝖊𝖑𝖑 +18Onde histórias criam vida. Descubra agora