PRÓLOGO - JAY

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2006

— Você precisa levá-lo agora, o mais longe que você puder. — Minha mãe susurra para o homem assustador vestido todo de preto. — Ninguém pode saber aonde ele está, Levi. Nem eu.

— Mesmo que eu o leve, saiba que um dia alguém irá encontrá-lo, Penny. É o destino dele, e por mais que eu possa atrasá-lo, eu não posso mudá-lo.

Eles estão falando de mim sem saber que estou escondido escutando tudo, mas eu não entendo direito o que eles estão falando.

Eu sei que mamãe me ama, então está errado ela querer que esse homem me leve. Eu não quero ir embora com ele e nem com ninguém, quero ficar com mamãe e meu melhor amigo, Caluan.  Isso está errado, eu não vou embora.

— Até que o dia chegue muita coisa pode ter mudado, Levi. — Mamãe suspira e seus olhos ficam tristes. — Eu tentei, você sabe que eu tentei. Eu tirei essa parte dele, eu nos levei para longe, eu apaguei os rastros. Mas eles estão vindo novamente e eles não vão pegá-lo.

— Certo, faça como achar melhor. — O homem, Levi, diz com a voz dura. — Eu vou levar o garoto, Poppy, e vai ser como se ele não tivesse existido, e na cabeça dele vai ser como se você não existisse também. Tudo será apagado, ele terá um novo nome, nova história, nova vida, até o que destino dele o alcance.

— Apenas faça, Leviatã, leve-o. — Mamãe diz firme e então ela se vira e olha para onde estou escondido, seus olhos se suavizam e seu boca se curva em um canto na tentativa de um sorriso para mim. — Me perdoe, querido, eu amo você.

Então ela se vira e vai embora e eu me vejo chamando por ela e chorando, não vi quando saí do meu esconderijo, mas o homem agora esta com a mão envolta do meu braço me segurando.

— Me solte! — Eu grito e me debato, chutando sua canela. — Eu não vou a lugar nenhum com você!

Lágrimas e catarro estão escorrendo pelo meu rosto, mas eu não vou deixar de lutar. Eu não quero ir, eu não quero esquecer minha mãe e Caluan, esse homem é assustador e eu não quero que ele me leve.

— Pare, criança! — Ele diz com a voz mais alta e dura, seu aperto no meu braço ficando um pouco mais forte. — Você vem comigo agora, querendo ou não, pode ser tranquilo ou pode ser do meu jeito. Você escolhe.

Eu não respondo e volto a chorar me debatendo e chutando ele aonde meu pé pode alcançar. Eu o ouço resmungar algo baixinho que soa como "Odeio crianças", mas é difícil ter certeza.

Eu quero que minha mãe apareça e mande esse homem embora, eu quero que ela me conte história de lobisomem, bruxos, vampiros e sereias. Mas ela não volta, ela não chama meu nome. Ela me deixou sozinho aqui.

E então quando vejo o braço do homem se levantar, me preparo para o tapa que está por vir, mas a dor nunca chega. Me sinto ficando lento e com sono, meus olhos ficam turvos e eu cambaleio para trás caindo de bunda no chão.

A última coisa que ouço é meu melhor amigo dizendo meu nome e então, nada, tudo escuro.

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2022 ⏰

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