my infinite blue

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Menino dos olhos azuis

Com 11 anos o vi pela primeira vez, em pé no banquinho provando suas vestes, com seus cabelos loiros, seu rosto pontudo, a postura impecável para alguém de tão pouca idade, mas o que chamou minha atenção foi seus olhos, eram de um cor que nunca tinha visto, um azul intenso e chamativo, e assim que tive seus olhos me fitando tive uma vontade de me aproxima e ser amigo daquele garoto de olhos azuis, mas após conversamos todo meu encanto e animação se foi, quando o vi ofender Hagrid foi inevitável não ficar chateado, e assim que chegamos ao castelo ele fez questão de humilhar Ronald por sua família não ter tanto dinheiro, meu olhar de decepção por sua atitude foi algo difícil de esconder, e puder ver pelo vacilar de seu sorriso que ele viu o quanto aquilo me deixou chateado, e quando recusei sua amizade vi certa magoa cruzar seus olhos logo após raiva brilhar intensamente nele, e foi assim que o menino dos olhos azuis se tornou alguém tão presente mas ao menos tempo tão ausente em minha vida.

Com 12 anos, o vi parar na minha frente com a varinha em minha direção, e não consigo evitar fitar seus olhos, por que apesar de toda a rivalidade que criamos, todas as brigas, xingamentos e azarações, seus olhos continuam sendo de um azul tão belo e único pra mim que não posso evitar olhar aquela imensidão, sei que não deveria admirar tanto, principalmente depois de todas as coisas que falou sobre meus amigos, mas é como se uma força sempre nos puxasse na direção um do outro, por que assim que nosso pequeno duelo terminar meus olhos giram pelo salão, e vejo todos me encarando e sussurrando sobre o incidente com a cobra, e como se fosse inevitável meus olhos pousam em sua figura parada do outro do salão e ao sentir meu olha sob si, seus olhos se voltam na minha direção se conectando automaticamente com os meus, e posso dizer que após observar e admirar aqueles olhos por dois anos, posso dizer que seu olhar expressar certa curiosidade e talvez até preocupação com o ocorrido, fazendo com que sua máscara de indiferença caia por alguns minutos, fico supresso com sua reação ao mesmo tempo que um sentimento novo, que não sei descrever surgi em mim, e movido por essa sensação nova, assinto levemente com a cabeça em sua direção apenas confirmando que estou bem, e como se esperasse minha resposta, o vejo assentir de volta com certo alivio no olhar, logo antes de recolocar sua expressão de indiferença cobrindo qualquer resquício de emoção, fazendo com que aquele breve momento que tivemos, trazer uma sensação que o menino de olhos azuis não tivesse tão distante de mim.

Com 13 anos, nossa brigas e discussões se tornam cada vez mais regular, na maioria das vezes são por desavenças bobas e sem fundamentos, mas em outras ocasiões são usadas palavras que causam feridas profundas e difíceis de ignorar, onde só percebemos o estrago que fizemos ao encontrar magoa e decepção nos olhos um do outro, e é nessa hora que simplesmente paramos, nós silenciamos e nos afastamos com olhares de culpa e tristeza, onde ficamos dias sem olhar na direção um do outro, normalmente ninguém nunca entendeu por sempre fazemos isso, mas é algo totalmente nosso, algo que nem nos mesmo compreendemos, mas que com o passar do tempo se tornou necessário, é como que sem precisar dizer uma palavra sabemos que passamos dos limites, que apesar de toda as brigas e rivalidade que temos, não queríamos dizer algo tão cruel e baixo para o outro e que sentimos por tal atitude, então apenas nos afastamos e temos nosso tempo de lidar com o ocorrido, e quando tudo se acalma e nos encontramos em um corredor qualquer, basta um olhar para saber que tudo foi perdoado, nos fazendo voltar aquela normalidade só nossa, com brigas, discursões e detenções, sendo a única forma, mesmo que seja torta e sem noção que encontramos de estar na vida um do outro.

Então posso dizer que não é novidade quando o vejo vindo em minha direção com aquele sorriso esnobe estampando em rosto, também não é novidade quando ele da forma mais sarcástica possível pergunta:

-POTTAH! POTTAH!

-É verdade que você desmaiou?

-tipo... você realmente desmaiou?

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