Capítulo 1 - Advogado e cliente!

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Meu nome é Zee Pruk e sou um dos maiores advogados do país mesmo tendo apenas trinta anos. Minha vida é tranquila e com conforto, mas ainda assim sinto que me falta algo. Ou melhor, alguém.

Por ter focado tanto no trabalho nos últimos anos eu não entrei em muitos relacionamentos e como consequência acabei não construindo uma família. Sendo sincero me sinto frustrado comigo mesmo e estou começando a pensar muito sobre o assunto.

— Você parece estar com a cabeça em outro mundo. O que ocorreu?

Falou meu amigo Max que tinha acabado de chegar no meu escritório e eu comentei:

— Estou apenas pensando na vida. Questionando minhas escolhas.

Eu falei para ele de forma simples e comentei sabendo que este tinha acabado de retornar de sua lua de mel:

— Como está a vida de casado?

— Melhor impossível. Nat é tudo que eu sempre quis na vida. Estamos curtindo esse começo de casamento.

Falou ele e eu fiquei feliz por ambos, mas comentei:

— Sei que veio aqui por outro motivo hoje. Posso saber do que se trata?

Ele concordou aflito e me revelou:

— Nat tem um amigo de longa data que está com problemas. Parece que ele se casou muito jovem sob ordem dos pais e que este homem tem feito de sua vida um completo inferno. Ele não o deixa fazer nada e como se isso não fosse suficiente ele ainda o agride.

— Ele quer se divorciar?

Eu perguntei triste de ouvir sobre a vida desse rapaz e Max concordou comentando:

— Ele precisa, ou pode acabar sendo morto pelo companheiro. Nunew já foi parar duas vezes no hospital com ferimentos graves.

Não gostei nada de ouvir aquilo e comentei:

— Posso cuidar do divórcio se esse rapaz assim desejar, mas preciso me encontrar com ele pessoalmente. Entender sobre sua história e principalmente coletar provas dos maus tratos sofridos até aqui.

— Eu imaginei que diria isso, por isso, pedi que ele viesse comigo. Ele está no hall do prédio.

Comentou Max me surpreendendo e falando pouco depois:

— Eu e Nat cuidaremos dos seus honorários. Nunew não tem onde cair morto. Seu marido lhe tirou tudo e não o deixa terminar a faculdade ou trabalhar. Ele é membro da família Chawarin, mas perdeu todo seu dinheiro para aquele sanguessuga.

Concordei nenhum pouco preocupado com o meu pagamento por algum motivo e falando:

— Fale para ele subir.

Max concordou ligando para o rapaz e este logo foi liberado pela portaria para subir ao meu escritório. Alguns minutos se passaram e quando ele chegou minha secretária o encaminhou para minha sala.

— Seja bem-vindo senhor Chawarin.

Eu falei ao ouvir a porta abrir, mas congelei ao ver o rapaz na minha frente. Ele era nitidamente jovem, mas tinha uma beleza angelical. Algo que eu nunca vi em outra pessoa, mas que me deixou completamente sem fala. Fiquei, porém, com o coração partido ao notar que o jovem rapaz estava com o braço imobilizado. Provavelmente por causa da violência do marido.

— Por favor, fique à vontade.

Eu falei o deixando se sentar e comentei pouco depois:

— Eu me chamo Zee Pruk. Lamento conhecer-te em uma situação tão delicada.

— Nunew Chawarin. Obrigado por me receber.

Falou ele inseguro e visivelmente assustado, mas eu comentei:

— Não sei o que Max te contou sobre mim, mas lhe garanto que vamos cuidar da sua situação. Sou um bom advogado e nunca deixaria um cliente continuar em problemas.

— Obrigado. Sendo sincero, eu não queria ter chegado a esse ponto, mas não posso mais continuar ao lado daquele homem.

Falou ele e eu concordei pedindo:

— Sei que é um assunto delicado, mas gostaria de saber sobre o seu casamento. Como se conheceram, se gostavam um do outro, sobre as agressões. Enfim, tudo que você puder me contar pode me ajudar a te tirar desta situação.

Ele afirmou triste e Max que até então estava conosco falou:

— Vou deixar vocês sozinhos. Acho que assim, Nunew vai se sentir mais confortável.

Ele agradeceu ao mais velho e eu comentei:

— Mande um abraço para o Nat por mim. Espero encontra-lo em breve.

Ele concordou se despedindo e quando ficamos sozinhos Nunew começou a contar sua história:

— Tudo começou quando eu tinha dezessete anos. Minha família queria se tornar mais influente no mercado imobiliário e por esse motivo aceitou um casamento arranjado. Eles queriam unir os bens da nossa família com os bens da família dele e me usaram como moeda de troca.

Admito que tive vontade de ir até os pais daquele rapaz e falar umas poucas e boas, mas me contive e perguntei:

— Então você não se casou por amor?

Ele concordou triste e falou:

— No começo eu achei que poderia apreender a ama-lo, mas me enganei. O homem que ele parecia ser e quem ele realmente é são versões completamente diferentes.

Concordei sem ter nada muito positivo para dizer e ele continuou:

— No começo do casamento ele apenas me mandava fazer as coisas da casa e cozinhar para si, mas quando entrei na universidade seu ciúme se tornou um problema. Ele começou a pegar no meu pé e com o tempo me proibiu de frequentar as aulas. Aquilo foi tão complicado que eu pensei em fazer diversas loucuras de que não me orgulho.

Vi os olhos do rapaz ficarem úmidos e me levantei indo lhe pegar um lenço e pedi para minha secretária lhe preparar um chá de camomila. Retornei para poltrona pouco tempo depois e ele retomou sua história.

— Depois de meses trancado em casa a maior parte do tempo tive coragem de enfrenta-lo e falei sobre estar infeliz, mas ele não se importou. Na verdade, isso apenas o deixou mais irritado e naquela noite ele...

— Ele?

Eu perguntei vendo-o parar sua história por algum motivo, mas logo Nunew respirou fundo e me contou:

— Ele me forçou. Me tocou sem meu consentimento e me agrediu ao ponto que eu tive que procurar atendimento no hospital.

Admito que cerrei o punho ao ouvir aquilo, mas falei:

— Porque você não se separou dele naquele momento?

— Porque eu fui um tonto. Acreditei em suas palavras. Em seu perdão. Achei que ele mudaria, mas sua mudança não durou praticamente nada. Tivemos alguns meses mais tranquilos e aí semana passada eu acabei no hospital novamente. Por isso, estou com o braço assim agora. Na verdade, acabei de ter alta. Eu, tinha fraturado uma costela.

Comentou ele e eu falei:

— Preciso saber se você prestou queixa para as agressões?

— Apenas da mais recente. Tenho os documentos do hospital da outra ocasião, mas fui burro de não falar com a polícia na época.

Falou ele e eu comentei me sentando ao seu lado:

— Você não foi burro. Ter medo e querer acreditar no seu relacionamento não é burrice. Contudo, fico aliviado de saber que você quer recomeçar. Farei tudo que estiver ao meu alcance para isso.

Ele agradeceu e começamos a conversar sobre como seria o processo, mas eu não esperava que o caso daquele rapaz fosse mexer tanto comigo.

Um novo começoOnde histórias criam vida. Descubra agora