Capítulo 3 - Te ver feliz

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Eu sabia que estava sendo impulsivo ao fazer aquela pergunta, mas, simultaneamente, estava sendo sincero. Queria ajudar Nunew e sabia que o fato de estar atrapalhando a vida de recém-casado do amigo o estava incomodando.

— Eu quero, Hia. Se você realmente não se importar, eu aceito o convite.

Falou ele com um sorriso tímido e eu sem perceber acabei sorrindo também antes de comentar.

— Ok, então está combinado. Levarei Nunew comigo.

Vi que tanto Nat como Max ficaram em silêncio, mas concordaram a apenas continuei comendo em silêncio. Quando acabamos o jantar, os mais novos foram servir a sobremesa e Max me puxou de canto e falou:

— Não vou ser contra se você realmente for cuidar dele, mas não magoe Nunew. Ele já passou por muita coisa. Não brinque com os sentimentos dele.

Olhei em choque para meu amigo e falei:

— Max, o que você está pensando? Eu não tenho segundas intenções aqui.

Ele me olhou torto e falou para meu choque:

— Eu vejo, como você o olha Zee e faz muito tempo que não vejo esse seu olhar com mais ninguém. Você pode mentir para si mesmo, mas não vai conseguir, mentir para o seu melhor amigo.

Eu ia responder, mas não consegui. Os meninos retornaram com a sobremesa e o café. Agradeci ambos e fiquei olhando o mais novo pensando nas palavras do meu amigo, mas sem querer analisar muito isso nesse momento apenas falei:

— Entrei em contato com o delegado e consegui uma medida protetiva para você. Seu ex marido não pode chegar a três metros de você. Se ele se aproximar por qualquer motivo será preso e enfrentará um processo.

Nunew me olhou surpreso e eu comentei ainda sobre seu caso:

— Também falei com o diretor Aof.

Vi Nunew arregalar os olhos surpreso e comentei:

- Infelizmente ele não pode fazer muito para ajudar, mas garantiu que você poderia retornar as aulas de onde parou e que receberia todo o suporte da universidade. Ele também ofereceu uma bolsa parcial, pois sabe que a sua situação financeira no momento deve estar complicada. Na segunda, você precisa comparecer na universidade e reativar o curso e retomar as aulas. Você vai estar, em uma turma diferente de seus antigos colegas, infelizmente. Contudo, tenho certeza de que é questão de tempo para conseguir novos amigos.

Tentei explicar tudo calmamente, mas me assustei ao ver Nunew chorando com a notícia e perguntei assustado:

— Você está bravo que eu tenha entrado em contato com a sua universidade? Eu sei, que isso não está incluso no meu papel como advogado, mas pensei que seria uma forma de ajudar e...

Me calei ao ver New se levantar e vir me abraçar. Seu abraço foi caloroso e, ao mesmo tempo senti como este estava abalado com tudo que ocorreu consigo. Retribui o ato de forma, gentil e o escutei dizer:

— Obrigado Hia.

— Não precisa agradecer, Nu.

Eu falei, sem pensar e quando nos separamos Nat falou:

— P'Max estava certo. Você era a melhor escolha para ajudar Nunew. Obrigado phi.

Fiquei sem jeito e pedi para comermos a sobremesa que estava com uma cara ótima. Eles concordaram e em meio ao prazer do doce e do café falamos sobre coisas banais. Confesso que foi divertido passar um tempo entre amigos e por isso falei enquanto Nunew foi arrumar suas poucas coisas na mala com a ajuda de Nat:

— Obrigado pelo jantar. Foi muito agradável.

— Sou eu que tenho que agradecer.

Falou P'Max. Fiquei sem graça e comentei:

— Nada do que eu fiz, até aqui, foi com alguma segunda intenção. Contudo, te prometo que vou pensar no que você disse e prometo que não vou magoá-lo. Quero que Nunew tenha uma vida feliz e tranquila agora.

Ele concordou comigo e falou:

— Eu espero que de tudo certo para ele e para você também. Você também merece um recomeço.

Dei um meio sorriso pensando no meu passado e logo os mais novos retornaram. Nunew e Nat se abraçaram e logo ele se despediu de Max também me acompanhando ao estacionamento e se surpreendendo com o carro de luxo que tenho.

Coloquei sua mala no porta-malas e falei:

— Entre. Meu apartamento fica a meia hora daqui, mas é mais perto do meu escritório e da sua universidade.

Ele concordou entrando tímido e logo eu comecei a dirigir em silêncio. Ficamos assim por algum tempo, mas agoniado com a falta de comunicação eu falei:

— Fique à vontade para conversar comigo sobre tudo. Se vamos morar juntos precisamos ter uma boa aproximação e comunicação.

— Obrigado Hia, eu vou tentar. Ainda fico tímido quando estou com você. Me desculpe por isso.

Falei com um sorriso tímido e comentei com ele:

— Confesso que fiquei aliviado com o seu convite. Estava realmente me sentindo mal de atrapalhar a vida de recém casados deles.

— Não se cobre tanto. Sei que eles te receberam com a melhor das intenções, mas fico feliz de poder ajudar. Moro em um apartamento grande e confesso que é bem solitário. Vai ser, bom ter companhia.

Falei o vendo sorrir mais aliviado e quando finalmente chegamos, eu falei:

— Eu vivo, na cobertura. Vou deixar, uma chave com você, assim você pode entrar e sair quando quiser.

Ele concordou surpreso, mas pude ver seu choque ao entrar no apartamento.

— Venha, vou te mostrar seu quarto. Depois te mostro os demais cômodos da casa.

Ele concordou e eu lhe levei a um quarto na frente do meu. A cama de casal pareceu lhe chamar a atenção, mas como ele nada falou eu comentei:

— Vou colocar um computador nessa escrivaninha. Assim você vai, poder fazer seus trabalhos da universidade. Na segunda-feira veja que livros vai, precisar e me passe uma listinha. Eu os providenciarei para você.

— Eu posso, me virar Hia. Posso usar o computador da universidade e os livros da biblioteca. Não quero te dar mais trabalho.

Falou ele, mas neguei comentando pouco depois:

— Eu consigo te ajudar com isso facilmente. Por favor, me deixe fazer isso. Quero que você tenha uma vida confortável agora.

Ele me olhou silencioso e eu lhe pedi para me acompanhar. Comecei a lhe mostrar o apartamento e falei:

— Aqui é a cozinha. Se quiser me retribuir de alguma forma, cozinhe para mim ocasionalmente. O seu tempero é ótimo. Apenas espere até tirar a tala do braço.

Ele abriu um sorriso concordando comigo e eu comentei:

— Esse é meu pequeno paraíso. Uma piscina privada. Pode nadar aqui sempre que quiser. Ela não é muito grande, mas é bem agradável para os dias de calor.

— Meu deus, uma piscina. Eu adoro, nadar.

Falou ele em choque e sorrindo me deixando feliz. Em um impulso, eu, levei minha mão, a sua cabeça e baguncei seu cabelo falando:

— É isso que eu quero. Te ver sorrindo assim Nu. 

Um novo começoOnde histórias criam vida. Descubra agora