capítulo único !

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armin acordou de madrugada e ao passar as mãos pela cama não sentiu o corpo quente que deveria estar ao seu lado. já tendo uma ideia de onde ele poderia estar, se levantou e seguiu até a sacada em passos curtos e sonolentos.

- eren? - o moreno olhou pra trás e sorriu ao ver seu namorado iluminado pela lua. - você estava fumando de novo? - seu sorriso desapareceu numa fração de segundo, seus olhos já não brilhavam mais.

- eu parei de fumar há tempos, estou apenas olhando as estrelas. - ele se virou para o céu novamente, com uma expressão indecifrável.

era sempre a mesma história. a mesma mentira descarada.
"eu parei de fumar há tempos", foi o que ele disse das últimas 3 vezes. mas eu consigo sentir o cheiro de cigarro em sua camiseta velha, e consigo sentir o gosto amargo que fica em sua boca quando nos beijamos de manhã.
lágrimas se formaram no canto dos seus olhos, mas não as deixou cair.

- certo, tinha me esquecido. quer voltar pra cama? - ele se juntou ao mais alto e passou um braço por cima dos seus ombros com dificuldade.

- mas eu não consigo dormir. - eren pegou o braço de armin com cuidado e o envolveu em um abraço frouxo.

- tudo bem, então. o que você quer fazer? - ele se afastou um pouco e encarou intensamente os olhos verdes do yeager, esperando uma resposta.

- vamos só... ficar assim por um tempo. - ele apertou mais o abraço, encostando o queixo na cabeça do mais baixo.

- armin, eu preciso te contar uma coisa.

- pode contar, sou todo ouvidos.

- eu não sei bem como te dizer isso, depois de tudo que passamos juntos e todo o apoio que você me ofereceu... mas acho que chegou a hora.

- você está começando a me assustar, o que houve? - o arlert levantou sua cabeça para encarar eren novamente.

- eu estou com câncer. câncer no pulmão.

aquelas poucas palavras bateram em armin como uma pedra. câncer? isso significava que ele perderia seu amado?

- isso- isso é mentira, né? por favor, me diga que é uma piada. - recebeu um silêncio ensurdecedor em resposta.

- eren, eu não estou achando engraçado.

- acredite em mim, eu queria que fosse uma piada. eu queria mesmo.

seu corpo enrijeceu imediatamente, a enxurrada de pensamentos e hipóteses horríveis sobrecarregaram o loiro e ele finalmente deixou suas lágrimas escorrerem, lágrimas essas que reprimiu por tanto tempo, enterrando seu rosto no peito do outro.

- por favor, não chore... ainda temos esperança. talvez eu possa me livrar disso.

armin queria falar, queria pedir desculpas, queria dizer que o amava. realmente queria, mas nada disso se concretizou. o choque foi tão grande que ele não conseguia formular sequer uma frase.
tudo que pôde fazer foi chamar o nome do moreno repetidamente.

- eren...

- me desculpa, gatinho. me desculpa mesmo. eu não queria que isso acontecesse... - a voz do yeager começou a falhar, como se estivesse prestes a chorar. - por favor, não chore... - contra sua vontade, lágrimas quentes rolaram por suas bochechas.

eles ficaram assim por algumas horas e eventualmente adormeceram juntos.

- ✞︎

mais uma manhã sem eren.
já tinha duas semanas que ele revelou que estava com câncer, e armin definitivamente não conseguiu se acostumar a dormir sem abraçá-lo.

ele o queria de volta, queria muito. mais que tudo. sua vida sem ele não fazia sentido.

o arlert se assustou quando viu seu reflexo no espelho, ele tinha olheiras fundas e precisava cortar o cabelo. era isso que a ausência do seu parceiro causava.

fez seu caminho até o hospital como sempre, desta vez chegando um pouco mais tarde que de costume, e foi recebido por uma enfermeira andando com pressa.

- eu sinto muito, querido... - ela disse, visivelmente decepcionada, antes de ir embora.

"sente muito pelo quê?" ele se perguntou.
e então, automaticamente, a resposta veio: eren. na velocidade de um raio, ele correu até o quarto do moreno no hospital, que estava vazio.
saindo, deu de cara com o médico.

- onde ele está?!

- nós fizemos tudo que estava ao nosso alcance, senhor. - o médico estendeu a mão e entregou a armin a aliança que eren usava.

- não... por favor, não... m-me diga que isso é mentira. por favor... - ele caiu de joelhos, desolado. eren era a força que o mantinha de pé. sem ele, estava completamente sozinho.

- eu sinto muito...

- ✞︎

1 mês. 1 mês sem eren.
armin não queria fazer mais nada, a perda de seu amado era demais para ele suportar.

- armin, abra a porta... - já era a terceira vez no dia que mikasa batia em sua porta, preocupada. - me deixe entrar, nós precisamos conversar. por favor.

mas ele não queria. não queria sair, não queria ver ninguém. a única coisa que queria era seu namorado de volta, mas isso ninguém poderia dar. juntou forças pra se sentar na cama - do lado que eren dormia - e disse com a voz rouca:

- vá embora, mikasa.

- eu entendo sua situação perfeitamente, armin. eren era parte da minha família. - ela se apoiou na porta, suspirou e continuou: - eu o conhecia como a palma da minha mão, e sei que ele não gostaria de te ver assim. olha, você não precisa me deixar entrar. apenas me prometa que vai pensar no que eu te disse.

alguns minutos silenciosos se passam, então se ouve uma voz.

- mikasa.. você ainda está aí?

- sim.

- posso te pedir um favor?

- claro.

- vá pra sua casa e volte apenas quando eu te pedir. não é nada pessoal, eu só... preciso de mais tempo. só mais um pouco.

- tudo bem, se precisar de alguma coisa eu estarei sempre aqui para ajudar. - sem resistência, ela tomou seu caminho.

armin, pensando incessantemente nas palavras da garota, se levantou com dificuldade e foi até a sacada em passos curtos e cansados, tentando se acostumar com as luzes brilhantes. ele queria muito que estivesse escuro, mas nunca está realmente escuro em los angeles.

- eren, as noites são tão vazias sem você... por que isso teve que acontecer? - o loiro olhou para as estrelas e suspirou. - ainda me lembro da primeira vez que saímos, era uma peça de teatro. você perguntou se eu me importava se fumasse, eu disse que não. você também disse que sempre fumava em teatros, porque, de algum jeito, melhorava a performance.

- você e a mikasa vão ter que me perdoar, mas eu não quero viver essa vida se não for ao seu lado. - armin se sentou na mureta, abriu os braços e respirou fundo. - te vejo em breve...

cigarettes out the window.Onde histórias criam vida. Descubra agora