extra 2

743 98 53
                                    

— O Porsche não pode se retirar por livre e espontânea vontade dessa família não?

— Ta soltinho né garoto? To achando você com muita liberdade pro meu lado.

— Vai fazer o que? Me bater?

— Pois eu vou mesmo.

— Porchay seu irmão tá querendo me bater aqui.

Eu só queria um minuto de paz. Era sábado, não era mais de dez da manhã, bendito seja aquele dia do bingo . Nunca mais tive paz depois de aceitar namorar o Kim.

Não tinha reparado, mas sempre que ele vinha trazia mais e mais roupas, deixando o meu quarto com a cara dele também, ele era igual a uma doença silenciosa que consumia todos os seus órgãos e quando se descobria não tinha mais volta além e aceitar e conviver com ela. Só que o problema é quando essa doença quer disputar com a outra que ja era crônica, sendo representando pelo meu irmão.

Se algum dia gostei do meu cunhado, parei no dia que o bonito sugeriu aquela ideia.

                                  *

— E se a gente morar juntos? – estávamos todos juntos na varanda de casa olhando o movimento da rua.

— Do nada Kinn? – falo olhando para ele que da de ombros.

— Se a gente for analisar a gente praticamente já mora, eu passo mais tempo aqui do que na minha e o Kim igual, então não seria mais fácil para todo mundo ficar logo junto no mesmo lugar?

                                 *

E foi ai que minha casa virou um hospício. Por algum motivo meu irmão se recusou a ir para a mansão do Kinn (até hoje não sei com o que meu cunhado trabalha, ele sempre estava com carros de luxo, se vestia com roupas feias de rico e de vez em quando falava que ia jogar golf, já perguntei para o Porsche e ele apenas respondeu que ele era um investidor) e os chamou para nossa casa, não que a casa seja pequena, mas comparar a nossa com a deles era loucura.

Em pouco tempo a casa saiu de dois moradores para quatro e os quartos agora eram dos casais. Parece que foi ontem que tinha chegado do trabalho e tinha encontrado o Kim olhando para uma cueca minha do Homem-Aranha que ele encontrou enquanto arrumava a gaveta. Eu não estava preparado para esse tipo de falta de privacidade.

Agora ja tinha se passado seis meses que morávamos juntos e dois anos que estava com Kim, pode ser algo ruim se falar mas eu não achava que iria ficar tanto tempo com ele, achava que era so fogo de palha, mas não, atualmente vivemos vida de casados.

Nunca tinha entendido o ditado "quem casa quer casa" até colocar o Kim e o Porsche no mesmo ambiente, ao mesmo tempo que eu vivia a minha lua de mel extendida, também tinha a experiência de como é conviver entre loucos e aproveitavam para ser testado todos os dias o limite da minha paciência.

Ao contrário de mim, o Kinn não ligava para a gritaria, um dia quando coloquei o pé na cozinha vi meu irmão apontando uma faca de serra para meu namorado, mas que também não ficava pra trás e portava um isqueiro e um desodorante aerosol. Com aquela cena meu cunhado estava assistindo tudo sentado no sofá da sala onde tinha visão privilegiada e segura do que acontecia. Tenho certeza que o Kinn já morreu por dentro.

Me sentei ao lado dele e também observei até onde ia.

— 5 conto que o Kim vai colocar fogo na cozinha – disse tirando o dinheiro do bolso.

— Apostado – aperto a mão que ele tinha estendido.

— Olha que eu te faço de churrasquinho Porsche, churrasquinho de viado. Hehe – falou dando uma risada bizarra, era momentos como esse que eu questionava a sanidade de todos naquela casa.

BingoOnde histórias criam vida. Descubra agora