Não era surpreendente para Lily de que a linguagem de amor de James era o toque. Ela havia percebido aquilo desde o momento em que começaram a fazer as rondas noturnas pelo imenso castelo durante a madrugada. Ela sentia um leve pressionar em seu ombro quando James queria falar-lhe algo, ao invés d'ele simplesmente verbalizar que gostaria de conversar sobre algum assunto com ela.
Ela havia percebido aquilo quando, durante uma aula de Transfiguração, Lily havia deixado sua pena cair ao chão, exatamente ao lado de onde Potter estava. E ao ver que a pena da garota havia caído, o rapaz imediatamente se apressou para pegá-la e, ao devolver a garota, sentiu o leve tocar de seus dedos contra os dela.
Ela havia percebido aquilo quando, ao conversarem no imenso e lotado corredor que levava até a sala de poções, um primeiranista passou correndo ao lado da garota, imediatamente trombando nela, e James no mesmo segundo a segurou para que a ruiva não caísse. Mas ela notava como as mãos do rapaz seguraram as suas por uns segundos a mais quando ela havia garantido a ele de que estava bem.
Ela havia percebido aquilo quando, após uma partida de quadribol contra a Sonserina, James havia sido derrubado de sua vassoura e se machucado, e ao questioná-lo na enfermaria se o rapaz já estava se sentindo melhor, ele imediatamente pousou sua cabeça nos ombros dela, como se aquele ato o fizesse sentir melhor.
Ela havia percebido aquilo quando, após James descobrir que sua mãe estava doente, Lily foi visita-lo no Salão Comunal, e, ao vê-lo parado de frente para a fogueira, imóvel, como se os seus amigos a sua volta não estivessem lá numa tentativa de confortá-lo, sentou-se ao seu lado, e, quando os olhos castanhos finalmente se desprenderam do fogo e moveram-se até o verde, James sentiu que talvez pudesse respirar novamente, e só conseguiu fazer isso ao sentir os braços de Lily em volta de si, enquanto pressionava o rosto e as lágrimas que tanto escondeu de seus amigos, em sua blusa.
Ela havia percebido aquilo quando, finalmente depois de ter aceitado ir a um encontro com Potter em Hogsmeade, o rapaz entrelaçou suas mãos desde o segundo que pisaram no vilarejo e só se desgrudaram quando se despediram na porta do dormitório.
Ela havia percebido aquilo quando, toda vez que James a beijava, ele precisava tocá-la, seja em seus cabelos, nuca, rosto, costas... o que importava era que ele finalmente tinha a sensação de que Lily era sua.
Ela havia percebido aquilo quando, sempre que os dois estavam deitados sobre a cama, enquanto os lábios não ousavam se desgrudar por nada, sentindo o prazer crescendo dentro de seus corpos, James sempre estava com as mãos entrelaçadas nas de Lily.
Ela havia percebido aquilo quando, sempre que James estava feliz, sentia seu braço entrelaçado no do dela, como se apenas a ideia de não poder tocá-la, faria toda a sua alegria desaparecer.
Ela havia percebido aquilo quando, sempre que James estava triste, ele procurava seu abraço.
Ela havia percebido aquilo quando, sempre que James retornava em uma de suas missões designadas pela Ordem da Fênix, ele imediatamente deitava-se na cama e abraçava a esposa por trás, para garantir a si mesmo de que ela ainda estava lá, e que nunca, em hipótese alguma, a perderia.
Ela havia percebido aquilo quando, ao ouvir o choro desesperado de Harry na sala de cirurgia, o primeiro ato de James foi segurar sua mão e dar um beijo em sua testa.
Ela havia percebido aquilo quando, antes de ele descer as escadas e enfrentar o perigo, ele beijou a testa da esposa e segurou suas mãos.