Capítulo um

281 35 0
                                    

Solto a última caixa com força no chão escutando um baque surdo e alongo minhas costas escutando elas estralarem. Respiro fundo e olho em volta da minha nova casa as caixas espalhadas pelo local.

- Essa foi a última, certo? - Escuto a voz da minha irmã e olho para ela concordando com a cabeça - Finalmente. - Ela fala e se joga no sofá que estava no meio da sala coberto por um plástico enorme.

- Eu vou ter muito trabalho para tirar tudo isso das caixas... - Falo mais para mim mesma enquanto olho em volta e suspiro cansada.

- Eu vou contratar alguma empresa para montar seus móveis e arrumar o local. - Ela fala e eu a olho fazendo uma careta - Não começa, Miranda. Você tem que parar de achar que pode e tem que fazer tudo sozinha.

- Eu não vou brigar com você, Von. - A retruco e caminho até a janela mais próxima, que tinha a vista da rua e minha nova vizinhança que era agradável até demais. Algumas crianças brincavam de bola na rua e o caminhão que eu aluguei estava estacionado em frente a minha garagem. 

- Esse vai ser o lugar mais tranquilo que você irá encontrar, Miranda. Não se preocupe. - Escuto a voz da minha irmã e eu olho para o lado, vendo que ela estava próxima a mim e com um semblante preocupado.

- Eu estou bem, Von. Não fique preocupada comigo. - A respondo e volto a olhar pela janela vendo o movimento tranquilo daquele lugar, vi uma mulher ao longe chegando com uma jarra de suco e vários copos plásticos, as crianças correm em sua direção e ela sorri largamente oferecendo suco a eles.

- Isso parece um filme clichê.  - Von fala e eu reviro os olhos saindo da janela com ela ao meu alcance. - Temos que devolver o caminhão, eu vou levar ele e ir direto para o meu apartamento. Você irá ficar bem, sozinha? - Ela pergunta e eu concordo com a cabeça, ela sorri e se aproxima me abraçando levemente e deixando um beijo na minha testa.

- Obrigada por tudo. - Falo baixinho e ela sorri levemente, concordando com a cabeça e saindo porta a fora. 

Depois que minha irmã foi embora, comecei a tirar algumas coisas das caixas e organizar com calma. O cômodo que ficou mais mobiliado foi a cozinha, vinham armários enormes embutidos nas paredes então não precisei me preocupar em montar nada, a grande ilha que tinha no meio da cozinha serviu para deixar as caixas com todos os utensílios de cozinha. Quando parei para finalmente olhar o horário já eram quase oito horas, fiz um rápido macarrão e jantei sentada na ilha e no completo silêncio do local.

Após o jantar, subi para o meu quarto e peguei uma peça de pijama na mala antes de entrar no enorme banheiro afim de tomar um banho bem quente. Tirei minhas roupas lentamente e passei a mão no meu cabelo os colocando atrás da orelha, entrei no box e liguei o chuveiro deixando a água quente cair sobre o meu corpo e me relaxando instantaneamente. Depois de bons quinze minutos saí de dentro do banheiro já vestida e a procura do meu secador, assim que o achei entrei no meu closet e sentei na penteadeira, sequei meus cabelos brancos com calma e após deixa-los bem secos, fui finalmente deitar na minha cama, que era a única coisa que estava dentro daquele quarto, mas meu ato foi interrompido quando senti uma enorme frente fria cruzar contra meu corpo e me fazendo estremecer. 

- Estranho, não me lembro de ter aberto essa janela... - Falo comigo mesma e caminho em direção a janela, quando me preparo para fechar algo na casa ao lado me chama a atenção.

A casa ao lado também tinha a janela aberta, pelo pedaço de cama que eu vi com certeza também era um quarto, uma mulher de cabelos castanhos passava de um lado para o outro pelo local. Eu não conseguia a ver com nitidez pela distância, mas ela parecia bonita. Desço um pouco o olhar pelo seu corpo quando ela para praticamente em frente a janela. Ela usava uma calça social e sutiã, enquanto analisava a blusa em suas mãos, respiro fundo e foco o máximo meu olhar vendo o abdômen definido e os seios fartos.

Decido fechar a janela, pois aquilo era uma enorme invasão de privacidade,  quando seguro a janela para fechar ela vira e olha em minha direção, como se soubesse exatamente onde eu estava e a vejo sorrir enquanto acena com uma mão. Arregalo meus olhos e fecho a janela com uma força desnecessária, me afasto da janela e deito na minha cama sentindo meu coração disparar.

Após um bom tempo deitada na cama, começo finalmente a sentir meus olhos pesarem e meu sono tomar conta, mas sou interrompida quando um barulho começa a chegar em meus ouvidos, franzo o cenho e sento na cama, o barulho era uma música alta e eu levanto da cama caminhando em direção a janela e vendo que o som vinha da minha vizinha.

Sua janela permanecia aberta, mas o quarto estava escuro ao contrário dos andares de baixo que estavam com suas luzes ligadas. Vou atrás do meu óculos e meu celular e os acho em cima da cama, coloco meu óculos e ligo o celular vendo que eram quase uma da manhã, aquela mulher era louca.

Volto a janela e vejo a mulher no andar de baixo carregando alguma caixa enquanto o som alto permanecia, franzo o cenho e penso em ligar para a polícia, mas pelo som absurdamente alto algum vizinho com certeza já deve ter feito isso.

Sento na minha cama e espero por longos minutos a polícia aparecer, mas nada disso aconteceu oque me deixou confusa e me fez questionar se era somente eu que estava escutando aquela barulheira toda.

Quando entendo que a polícia não iria vim, saio do quarto e desço as escadas já saindo de casa e indo em direção a casa da vizinha. Bato na porta dela com força, depois de vários minutos a porta finalmente se abre e eu posso finalmente ver minha vizinha de perto.

- Pois não? - Sua voz sai baixa enquanto ela me analisa de cima a baixo, respiro fundo e faço o mesmo, ela era realmente bonita, muito bonita.

Seu cabelo era castanho escuro e tinha uma franja que chegava próximo a seus lindos olhos grandes e castanhos, o nariz fino e uma boca carnuda. Ela era um pouco mais alta que eu e magra, ainda usava somente um sutiã e uma calça social, deixando aquele abdômen bonito e os seios fartos amostra.

- Você pode, por favor, abaixar um pouco seu som? É a minha primeira vez dormindo nessa casa e eu simplesmente não consigo pregar os olhos por causa do som alto. - Falo e ela me olha por alguns segundos antes de sorrir de lado.

- Qual o seu nome? - Ela pergunta enquanto se curva um pouco em minha direção e eu me afasto um pouco, agora reparando que seu rosto assim como seu corpo estava sujo em alguns pontos de argila.

- Isso não interessa, só vim pedir para abaixar o som ou irei chamar a polícia. - Falo séria e seu sorriso se alarga mais em minha direção.

- Como quiser, vizinha. - Ela fala e seu olhar desce pelo pelo corpo mais uma vez - Acho que eu vou obedecer, você me parece alguém séria. - Ela fala e eu franzo o cenho, eu realmente era.

Viro as costas e volto para minha casa sem dizer mais nada, logo após isso o som abaixa consideravelmente e eu posso finalmente deitar e dormir na minha cama em paz.

Provavelmente ela só não estava acostumada a ter vizinho e não imaginava que seu som incomodaria alguém da casa ao lado.

Pelo menos era o quê eu pensava.

The neighbor  - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora