Capítulo quatro

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- Então quer dizer que você é jornalista? - Falo e ela concorda levemente com a cabeça- Isso é interessante, você é jornalista e não me conhece.

- Eu realmente não sei quem é você, Miranda. Estou lutando contra minha curiosidade para não ir procurar sobre você no google, quero conhecer você pelas coisas que me fala e não por sites.

Ela fala e eu não posso deixar de sorrir com sua fala, me sentindo um pouco envergonhada pelo seu olhar intenso sobre mim.

Nos já tínhamos jantado e no momento estávamos sentadas na varanda enquanto bebíamos um bom vinho.

- O que levou você a mudar para cá? - Ela pergunta e eu a olho, vendo que seus olhos estavam um pouco desfocados, provavelmente era o vinho.

- Sempre vivi uma vida bem turbulenta, mas chegou um momento em que meu corpo e minha mente implorou um descanso. Von, a minha irmã, achou esse lugar para mim.

- Aqui é um lugar muito calmo, você vai amar e te aconselho a conhecer a vizinhança. Todo mundo aqui é amigo e eles podem te ajudar com qualquer coisa.

- Eu não sou muito sociável... Mesmo trabalhando com oque eu trabalho, eu nunca fui de ter amigos ou qualquer coisa do tipo.

- Por que, Miranda? - Ela pergunta e eu a olho, não entendendo bem sua pergunta - Você me parece alguém sociável, sem contar que do jeito que você fala, seu trabalho deve exigir isso de você.

- Eu tenho contato com muitas pessoas, mas não tenho amigos.

Falo e ela não fala mais nada, ela só me olha por um bom tempo enquanto bebia um pouco do seu vinho. Um sorriso aparece em seu rosto e eu franzo um pouco as sobrancelhas.

- O que foi?

- Você me parece tão interessante, Miranda. Eu realmente quero conhecer cada parte de você.

Sorrio leve e desvio o olhar daqueles intensos olhos castanhos.

Ficamos mais um bom tempo conversando sobre diversas coisas, contei um pouco sobre minha vida e ela me falou sobre a dela, descobri que ela gostava de fazer esculturas com argila, me prometendo que dá próxima me mostraria elas.

- Já está tarde, eu preciso ir. - Falo olhando para o meu relógio, levanto e ela faz o mesmo, dizendo que iria me levar até minha porta.

Caminhamos em silêncio e assim que eu paro em frente a minha porta e me preparo para abrir, sua mão segura meu pulso e eu viro meu rosto em sua direção.

- Gostei da nossa noite, Miranda. Espero poder repetir mais vezes. - Ela fala baixo e curva em minha direção, fecho meus olhos e sinto um leve beijo ser deixado no canto dos meus lábios.

Abro os olhos e a vejo sorrindo levemente em minha direção, a mulher me deseja boa noite e vai embora tranquilamente.  Respiro fundo e abro a porta entrando e a fechando, me escorando nela em seguida e respirando fundo.

- Deu tudo errado?

- Na verdade, deu tudo certo...

Estava deitada na minha cama depois de um bom banho, aproveitei e liguei para minha irmã maluca.

- Se deu tudo certo, por quê você está me ligando e não transando com aquela morena?

- Você só pensa em sexo. Foi um bom jantar, ela me deixou na porta e me deu um beijo.

- Na boca? De língua ou...

- No rosto.

- Você é uma estraga prazeres.

- Eu não sou igual a você que no primeiro encontro já sai transando e pedindo a pessoa em casamento.

- Você é chata, não aproveita uma das melhores coisas da vida.

- Eu me arrependi de ter ligado para você.

- Não se arrependeu nada, agora me conta como foi com a vizinha.

Me levanto da cama e caminho pelo quarto tranquilamente, enquanto conto os detalhes do jantar para Von, que vez ou outra solta algumas piadinhas.

- Aproveite que ela te quer, Miranda. Não sabemos quando você vai ter outra oportunidade e...

Minha irmã continua falando mas, eu perco toda a minha concentração quando, eu olho para a janela e vejo Andrea mexendo em alguma coisa em frente a janela. A mulher usava um sutiã e tinha uma toalha amarrada em sua cintura, respiro profundamente e vejo que ela estava com o quê parecia ser uma cueca nas mãos, franzo o cenho com isso.

Mesmo de longe sua expressão não parecia a das melhores, ela dobra a cueca e sai do meu campo de visão, voltando segundos depois com outra cueca nas mãos. Ela joga a cueca na cama e segura a toalha, ela abre a toalha segurando ambos os lados oque me impediria de ver algo, ela olha para baixo por alguns segundos e volta a amarrar a toalha. Quando penso em sair da janela, ela olha para o lado e assim que me vê,  sorrir largamente em minha direção,  sua mão levantando e acenando em minha direção.

Sai rapidamente de frente da janela e respiro fundo com força, ela faz aquilo de propósito? Não consigo pensar em nada além daquele corpo esbelto e com poucas roupas, movo minha cabeça e olho para a janela novamente, vendo minha vizinha de costas escorada nela.

- Miranda? Você morreu?

- D-desculpa, eu... Vou desligar.

Falo e não dou tempo dela responder, desligo a chamada e jogo o celular em cima da cama, o vendo quase cair.

Volto a olhar para a janela e ela estava fechada assim como a cortina, me impossibilitando de ver qualquer coisa. Nego com a cabeça e deito na cama, tentando tirar aquilo da minha cara. Seu interesse por mim era óbvio, não sou idiota, já tinha percebido isso, só não pensei que ela fosse tornar isso em um jogo.

Mas qual jogo... Quem vai ceder primeiro? 

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2023 ⏰

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The neighbor  - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora