prólogo...

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FEVEREIRO DE 2007.

Histórias são únicas, assim como as pessoas que as Conan, e as melhores Histórias são aquelas cujo finado é uma surpresa. Pelo menos, lembrava Adrien Agreste, era o que o seu pai dizia quando ele era criança. Adrien lembrava-se da maneira como seu pai se sentava na cama ao seu lado, com a boca curvada em um sorriso quando o garoto implorava por uma história.

- Que tipo de história você quer? - perguntava seu pai.

-A melhor de todas- respondia Adrien.

Geralmente, o pai dele ficava sentado por alguns minuto-a-minuto em silêncio, e seus olhos se iluminavam. Ele colocava o braço ao redor de Adrien e, com uma voz impecável, começava a contar alguma história que frequentemente deixava Adrien acordado por um bom tempo, mesmo depois que seu pai havia apagado as luzes.

Sempre havia aventura, perigosa, emoção e jornadas que aconteciam dentro e fora das redondezas da pequena cidade litorânea de Beaufort, na Carolina do Norte, o lugar onde Adrien Agreste cresceu e que ele ainda chamade lar. Estranhamente, a maior parte daquelas Histórias incluía ursos. Ursos-cinzentos, marrons, pardos... seu pai não era muito apegado a realidade dos habitats naturais dos ursos. Ele se concentrava em cenas com duas alucinadas pelos baixios arenosos, fazendo com que Adrien tivesse pesadelos com ursos-polares enfurecidos nas praias de Shacklefors. Mesmo assim, independentemente do quanto as Histórias o assustavam, ele inevitavelmente perguntava:"O que aconteceu depois?".

Para Adrien, aqueles dias pareciam ser os vestígios inocentes de outra era.

Ele estava com 43 anos agora e, ao parar seu carro no estacionamento do Hospital Geral de Carteret, onde sua esposa havia trabalhado nos últimos dez anos, pensou novamente nas palavras que sempre dizia ao pai. Ao descer do carro, apanhou as flores que havia trazido.

Na última vez que falara com a esposa, haviam discutido e, acima de tudo, ele queria se desculpar e fazer as pazes. Ele não tinha ilusões de que as flores melhorariam as coisas, mas não estava certo em relação ao que mais poderia fazer. Não é necessário dizer que ele se sentia culpado pelo que havia acontecido, mas outros amigos, também casados, garantiram-lhe que a culpa era a pedra fundamental de qualquer bom casamento.

Significava que havia uma consciência trabalhando, que havia bons valores sendo considerados, e o melhor a fazer era evitar quaisquer razões para se sentir culpado, sempre que possível. Às vezes, seus amigos admitiam fraquezas em determinadas áreas, e Adrien percebeu que o mesmo poderia ser dito sobre qualquer casal que ele já conhecera. Supunha que seus amigos haviam dito aquilo para fazer com que se sentisse melhor, para lembrar-lhe de que ninguém é perfeito, de que ele não devia ser tão duro consigo mesmo. "Todos cometem erros", diriam eles, e, embora ele assentisse, como se concordasse, sabia que eles nunca entenderiam a situação pela qual estava passando. Eles não teriam condições de fazer isso.

Afinal de

contas, eles ainda tinham suas esposas dormindo ao lado todas as noites; nenhum daqueles casais havia se afastado por três meses, nenhum deles se perguntava se o seu casamento algum dia voltaria a ser como antes. Ao cruzar o estacionamento, pensou nas duas filhas, no seu emprego e na esposa. No momento, nada daquilo lhe reconfortava.

Sentia como se estivesse fracassando em praticamente todas as áreas da sua vida. Ultimamente, a felicidade parecia tão distante e inalcançável para ele quanto uma viagem pelo espaço sideral. Mas nem sempre se sentiu assim. Houve um longo espaço de tempo durante o qual se lembrava de ter sido muito feliz. Mas as coisas mudam. As pessoas mudam. A mudança é uma das leis inevitáveis da natureza, cobrando tributos sobre a vida das pessoas.

Cometem-se erros, arrependimentos surgem, e tudo o que havia sobrado eram repercussões que tornavam algo tão simples como se levantar da cama uma coisa quase extenuante. Balançando a cabeça, ele se aproximou da porta do hospital, imaginando-se como a criança que havia sido, ouvindo as histórias de seu pai. Sua própria vida havia sido a melhor de todas as histórias, pensava.

O tipo de história que deveria ter acabado com um final feliz. Ao estender a mão para abrir a porta, sentiu a onda familiar de memórias e arrependimentos. Somente mais tarde, depois de deixar as memórias tomarem conta de si mais uma vez, é que ele se permitiria imaginar o que aconteceria a seguir.

Eae gostaram???
Se sim dx o voto pra minha preguiça não vencer a vontade de terminar esse livro kkkkkkk

A ESCOLHA-AU ADRINETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora