Capítulo 7 - Lee Minho

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Olá! Como estão? Esse capítulo pode conter mais gatilhos do que os outros, então, por favor, tenham em mente que a saúde mental de vocês vem em primeiro lugar, okay?

Boa leitura!

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Esteja preparado, afinal, as coisas vão ficar pesadas, tristes e sangrentas. O cenário de uma tragédia perfeita para a consolidação de um monstro. Me lembro de como me tornei o que sou e não foi divertido ou poético como muitos dos livros relatam. Eu era apenas um universitário voltando para casa após beber com os amigos no terraço.

A rua estava movimentada apesar do horário e eu não estava bêbado, porém levemente distraído pela sensação deixada pelo álcool consumido anteriormente. Demorei para notar que estava sendo seguido e, enquanto me atrapalhava para pegar as chaves dentro do bolso dianteiro esquerdo da calça, fui puxado para um canto mais escuro ao lado da minha casa, sendo jogado contra a parede. Ainda sinto arrepios ao lembrar daqueles olhos vermelhos me encarando com muita fome e estremeço com a lembrança da dor da mordida. Eu desmaiei pela dor e acordei em algum momento depois, não sei exatamente quanto tempo, só sei que me arrastei até em casa, sentindo uma queimação absurda em minha garganta. O sol queimava minha pele a ponto de conseguir sentir o cheiro de carne queimada e a sensação de ser queimado vivo é simplesmente horrível.

Fiquei recluso em casa, me concentrando em cuidar dos meus ferimentos e tentando ignorar a minha garganta. Foi assim que fiz minha primeira vítima, um carteiro que veio deixar as cartas em casa e acidentalmente se cortou com o papel de uma delas. O cheiro do sangue nublou minha mente e quando voltei a mim, ele estava morto. Foi ai que decidi ir atrás dos meninos e apagar suas memórias, mesmo que eu não soubesse muito bem como fazer isso, ou se era ao menos possível. De alguma forma eu consegui, mas me deixou com aquela sensação ruim na garganta de novo, a sensação de sede e acabei fazendo minha segunda vítima na madrugada seguinte, porém não havia satisfeito minha necessidade de sangue.

Então Chan veio atrás de mim, não fiquei surpreso dele ter se lembrado, levando em conta que eu não havia dominado minhas habilidades e nem tinha conhecimento de todas elas. Doeu tanto ter tirado a vida dele, especialmente depois dele ter se confessado para mim. Um monstro, foi o que me tornei.

Um assassino cruel e frio.

Acabei por criar um ciclo, eu matava, apagava as memórias deles e me trancava em casa, olhando para seus corpos pelo tempo que fosse necessário para me causar dor por não ter controle de mim mesmo. Para me lembrar de quem os matou.

Um por um, eles caíram. Seus corpos espalhados pela minha casa. Chan e Jeongin no banheiro, Seungmin e Changbin no corredor. Felix, Hyunjin e Han no meu quarto.

Eu não tenho ideia de como meus gatos não me abandonado, tão pouco entendia como eles ainda se aproximam de mim pedindo carinho e ronronando quando lhes dou atenção. Eu não iria querer minha companhia, se pudesse escolher. Eu preferia ter morrido naquela noite. Eu espero que eles tenham realmente morrido, afinal, é melhor do que condená-los a viver como eu.

A xícara de café continuava no balcão da cozinha, exatamente como eu havia deixado antes de ir para a aula na minha última sexta-feira como ser humano. Meu celular, bem, eu havia o quebrado após matar o carteiro, querendo evitar qualquer contato com a humanidade, por representar um risco à ela.

Dói tanto olhar para os corpos sem vida dos meus amigos. Tirei a vida daqueles que me amavam e daqueles que eu amei. Os últimos momentos de cada um deles se repetiam em looping em minha memória.

Será que Felix tinha conseguido se confessar para Jisung? Changbin e Hyunjin haviam se declarado para o australiano? Jeongin teria dito para Seungmin que o amava antes de vir até mim?

É minha culpa.

Eu sou um monstro.

Um assassino.

Eu queria poder morrer.

Eu espero realmente ter os matado.

Tenho sede. Já fazem sete dias desde que matei Jisung? Desde que assassinei meu melhor amigo? Aquele que era meu soulmate e que me amava romanticamente?

Minha garganta arranha, queima, dói. Minha cabeça está pesada, mas os únicos batimentos cardíacos por perto são os dos meus gatos.

Eu não quero caçar. Eu não quero matar de novo.

Eles deveriam fugir de mim.

Por que eles não fogem? Por que eles nunca fogem?

Eu deveria tentar beber algo. Será que ainda consigo sentir o gosto da comida humana? Café ainda é gostoso? Eu conseguiria me manter consciente e sob controle por mais quanto tempo?

O sangue de Jisung ainda manchava minhas roupas, boca e mãos. Eu não havia me mexido desde que havia tirado sua vida. Tinha medo de me mexer e perder o controle. Talvez me acorrentar na casa funcionaria. Será que prata ou estaca de madeira funcionam realmente para acabar com um vampiro? Sei que o alho é uma grande piada. Droga, ainda consigo lembrar do gosto adocicado e ferroso do sangue do Han.

Culpa.

É minha culpa.

Eu o matei.

Eu os matei.

Eu sou um monstro.

Encolhi minhas pernas, abraçando-as e escondendo meu rosto entre meus braços, quase em posição fetal. Meu corpo reclamava a cada movimento que fazia, por estar muito tempo na mesma posição. Eu queria chorar por eles, por mim. Entretanto, mesmo com os olhos ardendo, nada escorria por minhas bochechas.

Por que eu não morro?

Eu deveria ter morrido.

Sou um monstro.

Um assassino.

Minha culpa.

Resolvo me levantar, indo em direção ao banheiro a passos curtos e incertos. Adentro o ambiente, olhando apenas para o meu reflexo medonho no espelho, o qual rapidamente o soco, quebrando-o e pouco me importando com os pequenos estilhaços enfincados em minha pele fria. Abro a torneira, colocando minhas mãos em concha para recolher a água e jogá-la em meu rosto, fechando o objeto assim que minhas mãos se desocuparam. Levantei o rosto, voltando a encara o espelho e travei ao olhar pelo canto, o reflexo do corpo de Bang Chan.

Seus olhos estavam abertos.

Eu havia os fechado quando o matei.

Mas estão abertos.

Num lindo tom carmesim com um significado extremamente conhecido por mim.

Ele tem sede e está confuso, ainda que seus lábios tenham se repuxado em um sorriso. O pavor toma a minha consciência.

Eu o transformei em um monstro.

Eu o condenei.

Red EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora