Manhã Nublada

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A chuva havia dado uma trégua e não se ouvia mais os pingos contra a janela do apartamento. Jisung levava duas xícaras de chá bem quente até a sala de estar e assim que as deixou em cima da mesinha centro, ouviu mais uma fungada do amigo que estava sentado em seu sofá, abraçando os próprios joelhos.

Não foi surpresa receber a ligação dele depois do que havia feito, mas quando ouviu seu desespero do outro lado tentando explicar o que aconteceu, resolveu chamá-lo para ir até seu apartamento. Não pensou que Hyunjin fosse ter aquela reação, mas não podia duvidar das coisas que passavam pela cabeça dele.

- Tome um pouco de chá e tente se acalmar, Hyun.

- Eu te falei aquela vez, Sung. Tinha certeza que eu iria fazer algo errado e ele me odiaria – o maior estava usando roupas mais quentes que havia pegado de suas coisas no camarim e só se trocou quando chegou ao apartamento de Jisung, este que o empurrou para um banho quente ao ver que estava todo molhado pela chuva. – Eu sou uma pessoa horrível.

- Não diga isso – o palhaço se sentou ao lado do amigo, tocando seu ombro gentilmente. – Você nunca fez mal a ninguém e não é agora que isso vai mudar.

- Você tinha que ter visto como ele me olhou quando eu disse aquelas coisas. Me senti um monstro por ter feito ele chorar e ainda mais incompetente por não conseguir encontrá-lo depois disso.

Hyunjin passou longos segundos em transe até se dar conta do que fez e correr atrás de Jeongin. Queria se desculpar e explicar sua reação, mas não viu mais sinal dele naquele local. O mágico parecia ter desaparecido de vez. E a chuva apenas dificultou sua procura, deixando-o sem saber onde ele estaria.

- O que tinha de errado em ensaiar com ele, Hyun?

- Eu não sei mais – disse baixo, olhando para o teto. – Jeongin estava falando comigo e sendo gentil, coisas demais para minha cabeça que só criou uma imagem errada dele. Agora eu só quero abraçá-lo e dizer que nunca mais vou fazê-lo chorar.

- Me desculpa ter feito você passar por isso. Eu pensei em ajudar, mas acabei exagerando.

- Era mais fácil só pedir para eu cuidar da minha vida, não? Agora me aguente aqui e continue me consolando – o mais velho se aproximou do Han e encostou sua cabeça no ombro dele, sentindo um afago em seu cabelo.

- Não queria te ver assim – Jisung disse após um longo suspiro, se sentindo culpado mais uma vez. – Pode me dizer qualquer coisa que eu faço para você.

- Qualquer coisa? – perguntou o maior, subindo o olhar para ver o amigo assentindo. – Então, espere alguns minutos que eu já te digo.

Jisung olhou desconfiado para Hyunjin, este que se afastou para pegar uma das xícaras de chá que havia colocado para ele e começou a beber em silêncio. O palhaço decidiu fazer o mesmo para não esfriar a bebida e aproveitar o clima mais calmo que preencheu o cômodo.

Quase dez minutos se passaram e o palhaço estranhou um pouco o amigo não ter falado mais nada. Quando pensou em perguntar o que ele estava pensando, ouviu batidas na porta do seu apartamento. Se levantou dizendo que iria ver quem era e caminhou rapidamente até a porta. Assim que a abriu, sentiu seu corpo travar ao dar de cara com Felix. Vê-lo ali era mais um atrevimento que não conseguia acreditar.

- Precisa de alguma coisa, vizinho?

- Olá Jisung. Hyunjin disse que estava aqui e me chamou – o loiro passou a mão pelos fios úmidos e penteados, deixando seu olhar capturar cada detalhe da expressão raivosa do Han. Já tinha perdido a conta de quantas vezes ele o encarou daquela forma desde que voltou.

Getting Colder - JilixOnde histórias criam vida. Descubra agora