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— Mas, nii-san! — Izuna gritou, chorando — Nii-san, por favor!

— Me desculpa, Izuna. — Madara disse, empurrando uma mala contra seu peito e o fazendo ir para mais longe dos portões — Me perdoe, eu não posso fazer nada.

— Me deixe ficar, eu imploro. Eu imploro pra você! — se agarrou às roupas dele, quase se ajoelhando se não fosse por ele o segurar pelo ombro, ainda pressionando a mala contra si

— Eu juro que ainda vou tentar. — ele falou, juntando as testas e o encarando com olhos úmidos, os quais faziam décadas que não tinham derramado uma lágrima — Eu juro que vou tentar te trazer de volta e eu irei te ajudar nesse meio tempo, mas, por favor, fique bem e não se meta mais em problemas, ok?!

Uma lágrima percorreu o rosto do mais novo, que somente assentiu, soluçando quando o irmão lhe deu um beijo na testa em seguida.

— Me desculpa, Madara...

— Shh, está tudo bem. Vai ficar tudo bem, eu vou resolver tudo. — ele afirmou, o empurrando mais uma vez, lhe fazendo ir mais longe ainda — Agora vá, antes que o expulsem daqui agressivamente.

Balançou a cabeça, a abaixando em seguida e segurando a mala tão firmemente que sentia o couro ser pressionado em sua palma. Olhou para trás uma última vez, vendo seu irmão entrar pelos imensos portões de seu clã, que estavam sendo fechados para que nem ao menos pensasse em os ultrapassar. Engoliu em seco, apertando os olhos e começando a andar, pois provavelmente não tinha energia nem ao menos para conseguir correr naquele estado.

Depois de muito tempo andando, seus joelhos começaram a perder a força, tremendo enquanto se ajoelhava no chão, se apoiando numa árvore enquanto desabava, o rosto totalmente inchado e vermelho, os olhos com o mesmo aspecto. Era como se as lágrimas nunca acabassem, e sempre tivessem mais e mais da fonte. Deixou a mala no canto, juntando os joelhos na frente do corpo e os abraçando, escondendo a cabeça no processo, começando a chorar mais uma vez. Não era alto, mas parecia ser pelo extremo silêncio da floresta, somente sendo acompanhado pelas corujas e grilos.

Havia perdido tudo. Tudo. Seu clã, seu irmão, seu lar... Estava tudo à deriva agora, como um bando que deixa um companheiro para trás. Esse ser era Izuna. Exilado, humilhado pela própria família, sem ter para onde ir e sem saber o que fazer. Estava perdido no meio do mundo, sem nenhuma proteção, que antes eram as muralhas de seu clã. Os seus próprios muros estavam desmoronando, rompendo e o deixando totalmente frágil e desestabilizado.

Talvez por isso não tenha sentido outra presença surgir, e somente quando a percebeu extremamente perto, e se aproximando ainda mais com cautela como se fosse o abocanhar. Contudo, no fim não ligou, já sabendo quem era por seus passos e não se preocupando em nem ao menos levantar a cabeça. Era como se não tivesse forças nem para isso.

Uma mão tocou seu ombro, e outra o seu cabelo, e uma voz cautelosa o chamou, trêmula e chorosa.

— Izuna.

Fungou, levantando o rosto e observando em meio aos borrões das lágrimas um rosto há conhecido, além de seu cheiro inconfundível de cachorro molhado — ao qual já havia se acostumado. Ele também chorava, porém, era muito menos, e só tinha largos rastros de lágrimas em suas bochechas.

— Tobi...

— Oi. — ele franziu ainda mais o cenho assim que sorriu para si — Te expulsaram do clã também?

— É... — limpou os cantos das lágrimas, que já haviam parado no momento que ele apareceu — Sinto muito.

— Eu também, por você. — ele acariciou seu cabelo com mais carinho, o acalmando ainda mais, mesmo que só um pouco — Eles te machucaram?

crises (Especial Halloween) (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora