A viajem

10 1 1
                                    

Eu cheguei em casa depois de um longo dia de escola, era segunda, então estava cansada por ter tido aula o dia inteiro.
Quando cheguei fui direto tomar banho, depois comi e assisti rpg. Já era mais ou menos 22:30 quando deitei para dormir, geralmente sinto muita sede de noite então sempre tenho uma garrafa da água ao lado da minha cama. Eram 23:00, quando peguei no sono.


Eu lembro de estar em uma casa grande e bagunçada , por conta da viajem, eu sabia que definitivamente não era minha casa. Eu estava nos Estados Unidos, fiquei lá por um tempo, para tirar férias, mas não estava sozinha, toda a minha família estava lá(era eu, meus pais, meu irmão que por sinal não era o da vida real, e os meus avós), era um caos. Estávamos nos preparando para voltar para o Brasil, mas não era um sonho comum, eu sabia que não era real. A sensação de estar lá era boa, eu estava feliz, calma, mas me sentia culpada. Eu observava todo mundo e o que faziam para poder ajudar também. Todas as malas e caixas estavam no carro estávamos quase saindo.

-Mãe,  é para levar os imãs da geladeira?- perguntei, minha mãe disse algo mas não deu para entender porque estava uma correria e todos estavam gritando

- O que?- perguntei, minha mãe não responde, mas todos olham para mim. E começam a brigar comigo, eu tinha feito algo de errado mas não sabia o que. Eu estava com um sentimento de culpa enorme, que doía.

 Era assustador, então sai correndo para fora, e quando me dei conta não era mais uma rua em que eu estava, era um quaro vermelho, tipo sangue, e era gosmento. Tinha um quadro com nomes na parede, eram em outro idioma mas eu sabia que eram nomes, quando olhei para o lado só tinha um corredor, que parecia mais um túnel, como eu não tinha mais para onde ir segui reto. O túnel parecia um intestino, era horrível, quando cheguei no final tinha uma sala um pouco maior e um botão na parede, e fiz a decisão mais estupida que alguém faria, apertei o botão. No meio da sala vermelha surgiu uma van misturada com um carrinho de sorvete, no mesmo momento eu senti algo terrível e indescritível, quando eu senti algo se aproximar eu gritei, e gritei muito, chorei ate ficar sem ar, eu estava horrorizada. Quando abri os olhos eu estava novamente naquela casa, eles estavam me esperando, e só falavam que a culpa era minha e que eu tinha que consertar, e tinha que ser eu, mais ninguém.

Eu não aguentava mais essa sensação terrível, então voltei lá decidida em acabar com isso. Algo estava diferente, eu não tinha apertado o botão dessa vez, mas o carro já estava lá , e o quadro estava encima do botão, desta vez não tinha "algo a mais" lá só o sentimento continuava o mesmo, entrei no carro e ele começou a andar sozinho, mas não pelas ruas e sim pelo céu. Teria sido algo magico, incrível, caso eu não estivesse naquela situação, era noite, eu só conseguia ver as luzes da cidade. Eu não sabia como sair daquele sonho, geralmente quando eu concluo o objetivo dos meus pesadelos eu acordo, mas esse eu não fazia ideia, foi aí que percebi o que  tinha que fazer. Voltei para a casa e todos estavam em pânico, dizendo que tinham que ir, porque tinha "algo" lá, eles não me culpavam mais, mas a sensação continuava, quando entramos no carro para ir ele quebrou , o pior de tudo era que eu conseguia sentir que algo se aproximava, sem esse carro não tínhamos como fugir. Por sorte um pensamento extremamente burro veio em minha cabeça, eu sabia onde tinha outro carro.

Estávamos todos na aquela sala inicial, com o quadro, o sentimento piorou, muito. O caminho para a segunda sala mudou, dessa vez tínhamos que subir ao invés de ir reto, o caminho estava mais estreito também, tinha mais uma coisa, inconscientemente enquanto estava no  céu eu percebi que todo o sentimento horrível era o dos traumas de todas as pessoas e eu só poderia ir embora se enfrentasse um trauma, e é obvio que teria algum problema eu não sabia o meu trauma. Eu estava ficando sem tempo, cada vez mais a coisa se aproximava de nós, então pensei em enfrentar outro trauma, a não ser o meu, escolhi o do meu irmão(que não é o da vida real) ele era mais novo então parecia mais fácil. Eu estava errada.

Disse para todos esperarem o meu sinal , e assim o fizeram. Entrei lá de novo, apertei o botão, e a mesma sensação terrível voltou, dessa vez não gritei, nem chorei, percebi que havia algo de errado com o carro, foi olhar mais de perto e só tinha doces lá dentro, achei estranho mas aí senti a sensação piorar, olhei para o lado. Lá estava ele, a "coisa" ou o "algo", a difícil descrever a aparência dele, mas ele era bem alto, não tinha olhos nem nariz, só uma boca enorme e cheia de dentes afiados. O medo do meu irmão era aceitar coisas de estranhos, comer algo que não era dele, parece até um medo bobo, mas vendo cara a cara é assustador.

Ele se aproximou de mim, devagar, eu sentia como se ele consumisse a minha alma, mas eu precisava sair dali, abri a porta do carro, minha mão estava molhada, tudo escorregava, apesar disso consegui pegar um doce mas aí eu senti. Ele estava do meu lado, eu paralisei, ele se aproximou e abriu aquela boca enorme e começou a me comer viva, eu não sei o que aconteceu mas eu consegui pegar o doce e abrir, eu mordi a ponta enquanto encava essa coisa mastigando o meu braço. Ela parou, eu pisquei e ela tinha sumido, eu estava morrendo de medo, mas consegui reunir forças para chamar minha família, entramos no carro e fomos embora, o sentimento havia sumido.

Eram 03:47 quando eu acordei, estava com o coração disparado e tremendo, mas aí eu fiquei com raiva de ter tido esse pesadelo e acordado que eu voltei a dormir.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Oct 12, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Cuidado com os sonhosWhere stories live. Discover now