Ice Court [L.S]

prologue

A chuva caía fortemente em uma noite escura e silenciosa. As folhas secas caídas no chão faziam um som suave ao que as gotas de água caíam das árvores e aterrissavam diretamente nelas. Não haviam trovões, apenas a água, junto com a sua melancolia característica. O ar estava úmido e a brisa gelada. A floresta estava calma, silenciosa.

No meio de todo aquele breu, estava Anne, andando apressadamente por entre as árvores que respingavam gotículas de água. Ela andava corajosamente, mesmo sabendo dos riscos de estar dentro da floresta àquela hora da noite. As lágrimas rolavam pelo seu rosto. Os galhos dos arbustos rasgavam levemente sua pele, mas ela não estava prestando atenção nisso. Ela só pensava em uma coisa, ela estava focada em proteger o bebê enrolado em panos em seus braços fracos.

Seu corpo foi tomado pelo alívio surreal ao que seus olhos captaram algumas luzes ao longe, que aos poucos a estrutura exuberante do palácio do Reino de Elfhame tomou forma. Ela sorriu apesar de tudo, pois assim surgiu uma esperança de que ela conseguiria um lar seguro para si e seu bebê.

Antes de partir em sua fuga, Anne havia enviado uma carta para a Rainha Johannah Tomlinson, na esperança de que ela pudesse a ajudar naquele momento. Elas não se viam há um tempo, mas ela sabia que a Rainha era generosa. Anne esperava genuinamente que a sua carta houvesse de fato chegado á Rainha. Ou se não, ela não sabia se iria conseguir sobreviver aquela noite.

Ao se aproximar do Palácio, pode ser visto uma quantidade significativa de guardas ao redor da construção. Anne hesitou. A mulher conferiu seu filho, garantindo que Harry estava protegido do frio e da chuva. Ao ver a rainha andando graciosamente pelo gramado com um guarda chuva sobre sua cabeça, Anne relaxou um pouco os músculos.

— Pelos deuses! O que faz no meio dessa chuva? Isso é um bebê? Ande, Anne. — Johannah disse tudo muito rápido, assustada ao ver o estado da bruxa.

— Obrigada, Johannah. — foi a primeira coisa que Anne disse ao que a rainha a levou para os fundos do Palácio. Anne tremia de frio, mas estava feliz ao ver que Harry ressonava baixinho. — Deve está se perguntando porque estou aqui.

— Ora, mas é claro. Estou com muitas perguntas para te fazer, mas primeiro, essa criança precisa de se aquecer, e de um lugar confortável. — Anne olhou para a rainha com hesitação. Um som alto de vozes e música clássica preenchia seus ouvidos. Estava acontecendo uma festa no Palácio. - É a festa de comemoração a vida do príncipe herdeiro. O meu primeiro filho, Louis William. - ela explicou, como se soubesse o que Anne estava pensando. A mortal não teve tempo pra raciocinar a informação. - Ninguém vai notar minha ausência e nem sua presença. Há um quarto daqui do lado, é dos criados do Palácio.

Jay trancou a porta atrás das duas, para que ninguém as incomodasse. Anne foi até a cama pequena que havia ali e colocou cuidadosamente o seu filho no meio da cama. Enquanto isso, a rainha procurou por uma toalha no guarda roupas pequeno do quarto.

- Você está toda molhada. - Jay estendeu a toalha à mortal, que sorriu em agradecimento. - É seu filho, certo? Parece ser tão novinho.

- Sim. Ele só tem três meses. - Anne diz com a voz fraca, observando Harry com amor.

- Me conte o que aconteceu. - a rainha pediu, a guiando até um pequeno sofá que havia em um canto do quarto pequeno. Anne se sentou ao seu lado, suspirando ao poder finalmente descansar suas pernas. Com toda essa situação, nem mesmo se lembrou de fazer a reverência a rainha. - Fiquei surpresa ao receber uma carta sua depois de tanto tempo sem nos vermos. Nem ao menos sabia que você tinha um filho.

- Passei os últimos meses com minha atenção envolvida totalmente a quem achei que um dia poderia ser meu marido. - ela explicou. - Eu não sei o que deu em mim, o que o destino queria de mim, pois acabei me envolvendo com um Styles. Uma família nobre e respeitada. Eu sou humana, Magestade, os pais de Desmond não me aceitaram.

- Eu sinto muito, Anne. - a rainha disse, de repente se sentindo triste pelo que aconteceu com a mortal. - Desmond sabe sobre a sua gravidez, certo?

- Sim, ele sabe e ficou feliz com isso, apesar de preocupado com a intervenção da sua família. Ele me disse para fugir e cuidar do nosso filho bem longe de Elfhame. - ela dizia em um fio de voz.

- Tudo bem. Você será levada para a sua terra, e assim vocês dois estarão protegidos no mundo mortal. Ninguém irá fazer nada a vocês, fique tranquila. - Anne chorou de felicidade ao ouvir aquilo. - Posso ser intrometida e fazer uma pergunta?

- Mas é claro, majestade. - Anne disse, só agora notando que estava tratando sua rainha de maneira informal.

- Ele é um feérico ou um mestiço? - perguntou com curiosidade. Afinal, um bebê fruto de uma relação entre um feérico e um mortal era algo muito raro. Feéricos são seres metade humanos e metade fadas. Os feéricos são um dos seres mais respeitados, são naturalmente elegantes e bonitos, gostam de esbanjar riquezas e são imortais.

- Ele é um Feérico, eu estudei sobre isso antes do seu nascimento, e não havia chances nenhuma de ele nascer mestiço. - ela praticamente sussurrou. - Eu não sei onde estava com a cabeça quando fui me relacionar com Desmond, eu sou um ser mortal, que vou ter que criar o meu filho sem o pai. Ele vai sofrer por minha culpa.

- Eu sinto tanto por isso, Anne. - Jay disse tristemente. A atenção das duas foi para a porta trancada quando duas batidas foram ouvidas. A rainha foi até ela calmamente.

- Ele estava clamando pela senhora, majestade. - uma criada disse a rainha, com o príncipe em seu colo. Jay pegou seu filho e voltou a fechar a porta atrás de si.

Os olhinhos azuis da criança varreram o lugar curiosamente. O príncipe, que nesse dia fazia dois anos de idade, fixou seu olhar em um bebê minúsculo que estava encolhido na cama. Jay e Anne observaram o príncipe com curiosidade. Louis William foi colocado no pé da cama com cuidado pela sua mãe. O garotinho se arrastou pela cama coberta por um lençol branco e parou quando estava próximo do bebê.

O pequeno Tomlinson observou o bebê imóvel, o analisando com seus olhinhos azuis gélidos. Seu dedinho indicador foi calma e delicadamente até a bochecha branquinha do feérico, tocando a pele macia. Louis deu uma risadinha e se encolheu de volta ao que os olhos verdes do bebê se abriram de abrupto.

Anne e Jay trocaram um olhar preocupado. A rainha foi até o príncipe e o pegou no seu colo. Aquela cena que as duas presenciaram foi um tanto quanto curiosa.

- Vocês são mais do que bem vindos aqui. No mundo humano você estará protegida. E quando for a hora certa, Elfhame receberá o jovem Styles de portas abertas.