Len's POV
– Bom dia, meus amores! – a voz doce da Mamãe me acordou naquela manhã, enquanto ela entrava no quarto onde eu e Rin dormíamos. Ela parecia animada.
– Bom dia, mamãe. – falei enquanto bocejava, me sentando na cama. Meus olhinhos quase não abriam direito, estava os coçando para tentar me manter acordado. Embora Rin continuasse dormindo.
– Rin, acorde, minha pequena. Hoje é um dia especial! – Mamãe balançou seu ombro com carinho. Sua voz cantarolando me fez sorrir, gosto de ouvir a voz da mamãe. E Rin como a boa curiosa que é acordou rapidinho, já querendo saber sobre o tal dia especial.
– Que dia é hoje? – Eu e minha irmãzinha perguntamos ao mesmo tempo, cheios de curiosidade. Mamãe riu de nós dois.
– Hoje é dia 27 de dezembro! Feliz aniversário, meus amores! – Mamãe nos abraçou enquanto nos parabenizava. Nós dois rimos. Era um abraço cheinho de amor, que me deixa tão feliz.
– Feliz aniversário, Rin!
– Feliz aniversário, Len!
– Bem, pedi à Gumi que fizesse um café da manhã especial de aniversário para vocês dois. Seu pai já está esperando na sala de jantar, vamos indo?
– Siiiim! – Nós dois respondemos animados. Era raro mamãe nos deixar tomar café ainda vestindo pijama.
Aquele dia começou tão divertido. Minha irmãzinha e eu corremos pela mansão de pijama, rindo simplesmente por rir, simplesmente por estarmos felizes. Nós éramos gêmeos, então fazíamos aniversário juntos. Mas isso não era um problema, era divertido dividir a felicidade com minha irmã. E era divertido estar com a mamãe. Ela sorria, andando logo atrás de nós. Como qualquer outro, nosso aniversário de 6 anos começou cheio de energia e sorrisos.
Finalmente chegando até a sala de jantar, papai estava sentado na cadeira da ponta, de frente para a mesa. Eu sorri ao vê-lo. Nem sempre nós vemos o papai, mesmo morando na mesma mansão. A única refeição que ele sempre faz na sala de jantar conosco é o café da manhã e o jantar. De resto, sempre está em seu escritório. Papai é uma pessoa assustadora, sempre está bravo, mas ele é meu papai, então ainda me ama, eu sei disso.
– Bom dia, papai! – Eu cumprimentei ele, sorrindo, enquanto me sentava em meu lugar. Eu estava feliz, mesmo que papai estivesse sério, eu sei que ele está feliz por dentro, por ser meu aniversário e o de Rin. Isso é, porque ele é nosso papai.
– Feliz aniversário. – Nem mesmo enquanto dizia isso, papai abriu um sorriso. Nem mesmo um sorrisinho sequer. Papai ainda estava sério como sempre. Ele está mesmo feliz por nós, não é? – Quantos anos estão fazendo? Cinco ou seis?
– Como você pode não lembrar da idade dos seus filhos? – Mamãe parecia indignada quando perguntou. Parecia até mesmo estar brava. Não gosto disso, não gosto nada disso. Eu odeio quando a mamãe e o papai brigam. Ele fica super irritado, e a mamãe parece assustada.
– Apenas me responda... – Seu sussurro era ameaçador. Fez meu corpo todo gelar. Mamãe só desviou o olhar. Ela não gosta de responder quando está na nossa frente, eu sei disso.
– Eles fazem seis anos... – A voz da mamãe estava baixa. Não gostei de como isso soou. Eu gosto quando a mamãe está feliz. Não gosto quando ela está com medo do papai.
– Entendo, então tudo vai mudar para eles depois de hoje. – Papai abriu um sorriso. Só que não era o sorriso que eu queria, na verdade era o tipo de sorriso que me dá medo. Muito medo. Um sorriso do mal.
– Por favor, não vamos falar disso logo pela manhã. Depois do café falamos disso, apenas você e eu – Mamãe pediu. Sim, ela não queria causar uma confusão na nossa frente outra vez, então apenas fez com que papai não respondesse mais. Isso me deixou aliviado. Embora com medo do que papai fosse fazer enquanto não estamos vendo. O papai realmente nos ama?
– Bom dia, meus senhores. – Gumi apareceu na sala de jantar, como quem salvasse o dia de uma confusão pior. Fiquei aliviado quando ela entrou com aquele seu carrinho barulhento de levar a comida.
Sobre aquele carrinho estavam alguns pratinhos com pedaços de bolo de chocolate que pareciam muito gostosos. Naquele momento eu lembrei que era meu aniversário, não era dia de ficar triste, então voltei a sorrir. Eu e minha irmãzinha iríamos ganhar um bolo no café da manhã. Geralmente não comemos doces no café da manhã. Iria ser gostoso. Um bolo feito pela melhor cozinheira do mundo, a Gumi.
Eu sempre gostei bastante da Gumi. Ela é aquilo que os adultos chamam de servo. Não sei o que isso significa, apenas sei que Gumi é nossa cozinheira, super talentosa e legal, que sempre deixa a Rin e eu experimentarmos a massa dos doces antes de coloca-los no forno.
– Ah! Gumi, bom dia. Sirva o bolo primeiro para os aniversariantes de hoje! – Mamãe sorriu. Era como se estivesse tentando esquecer, e nos fazer esquecer, da confusão de poucos segundos atrás.
– Como desejar, senhora. – Gumi concordou sorridente, colocando um prato com bolo na minha frente e outro na frente da Rin. – Feliz aniversário! – falou baixinho, só para nós dois ouvirmos, o que nos fez rir. Em seguida, Gumi foi servir um prato para a mamãe, que sorriu para ela. Embora a Gumi tenha aberto aquele sorriso estranho que sempre mostra pra Mamãe. E depois foi servir o papai também, mas ele negou com a cabeça antes mesmo de ela pegar o prato. Papai não gosta de doces.
– Obrigada, Gumi. – Mamãe sorriu para ela, que abaixou a cabeça em silêncio.
– Pode se retirar. – Papai falou com frieza, como ele sempre age com a Gumi ou os outros servos que trabalham aqui em casa. Gumi só abaixou a cabeça e saiu, como sempre faz. Eu sei que isso era um jeito de mostrar respeito. Os servos tem que ter respeito com os nobres. Papai sempre diz isso.
– Uau! Isso está tão bom! – Minha gêmea disse animada. A boca dela estava toda suja com a cobertura de chocolate, o que me fez rir.
– Rin, meu amor, sua boca está suja. – Mamãe ria baixinho enquanto falava. As bochechas de Rin ficaram vermelhas. Ela limpou seu rosto com um guardanapo. Minha irmã é tão bobinha.
– Uma dama não deveria agir dessa maneira. Lily não seja tão condescendente com eles, lembre-se que ambos pertencem à elite da nobreza. – Nem em um momento engraçado como esse papai sorriu. Ele apenas corrigiu Rin, que pareceu ficar toda tristinha. Não gostei de seu rosto triste.
– Me desculpe, papai...
– Tenho coisas mais importantes para fazer, com licença. – Papai saiu da sala de jantar. Olhei para Rin. Sei o que está pensando agora, conheço bem minha irmã gêmea. Está se sentindo culpada por o papai sair desse jeito, está triste com isso. Acho também que sinto a mesma coisa.
– Me desculpem, meus filhos. Eu não pensei que seu pai seria tão grosseiro em um dia como hoje... – Mamãe sorriu triste para nós. Cada uma de suas mãos alisou o cabelo de cada um de nós. Mamãe não gosta de nos ver tristes, e não gosta quando o papai age assim.
– Mamãe, o papai nos odeia? – Rin perguntou a mesma coisa que eu estava pensando. Eu quero acreditar que o papai nos ama, afinal, nós somos seus filhos. Mas ele sempre é tão frio com a gente.
– Não, claro que não! Por favor, não pensem nisso! Seu pai apenas é péssimo em demonstrar sentimentos... – Mamãe não olhava para nós dois enquanto falava. Não sei dizer se aquilo era verdade ou apenas uma mentirinha para nos fazer sorrir. De todo modo, mesmo que fosse uma mentira, eu queria acreditar naquilo. Quero que o papai nos ame. Somos uma família. – Estamos falando demais e ignorando o maravilhoso bolo que a Gumi fez, vamos parar com esse falatório e comer, o que acham?
– Gumi faz doces muito bem – falei, colocando um pedaço do bolo na boca. Não era hora de ficar triste não é? É nosso aniversário, tem um bolo gostoso, e eu estou com minha irmã e minha mãe que eu amo tanto. Está tudo bem.
– Mamãe, eu quero mais um pedaço! – Rin pediu animada. O pedaço dela ainda estava na metade e ela já pedia por mais, isso me fez rir.
– Você vai ficar gorda, Rin – brinquei com a cara da Rin, rindo de sua reação. Suas bochechas ficaram vermelhas de raiva. Amo tanto irritar minha irmãzinha, suas reações sãos as melhores.
– Len bobo – resmungou, enquanto roubava um bocado do meu pedaço de bolo. Que vingança cruel.
Bem, acho que depois disso o café da manhã foi bem divertido. Nós três comemos enquanto conversávamos e ríamos. Depois que terminamos o bolo, mamãe mandou nós dois nos arrumarmos e irmos brincar, enquanto ia falar com o papai.
Aquilo me deixou arrepiado. Papai dava medo, isso é verdade. E pelo rosto da mamãe não parecia que essa seria uma conversa agradável.
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Às Suas Ordens
RomanceKagamine Len não passava de um servo, um mero objeto para muitos. Quando ainda era apenas uma criança, o garoto fora vendido para um nobre, cujo o filho, Sakine Fukase, seria responsável por mudar drasticamente a vida do pequeno Kagamine.