1 . O COMEÇO DE TUDO

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Acho que o sonho de todo adolescente é morar longe dos pais, da família, ter
sua liberdade e ser independente... Realmente isso é maravilhoso, mas tem dias em que isso se torna uma dor imensa, e que a saudade é maior que qualquer coisa, você sente falta dos momentos em família, dos antigos amigos, e até mesmo de coisas simples, como um domingo na casa da vó.
Hoje é um desses dias, e diferente das outras vezes em que a saudade aperta, está sendo mais difícil de segurar as lágrimas na sala de aula, como se não
bastasse, estou na aula de filosofia, o que torna uma tortura ainda maior. Por fim, não aguento segurar as lágrimas por muito tempo e acabo saindo da sala para me aliviar e refrescar a mente.   Vou em direção ao pátio e me sento no chão ao lado dos armários perto dos banheiros, em um lugar escondido onde quase ninguém notaria minha presença ali. Lágrimas e mais lágrimas não param de escorrer por meu rosto, aquele aperto no coração que dói cada vez mais, a dor da saudade... Tudo de uma vez só.
Para minha surpresa, eu o vejo, aqueles olhos pretos como a noite, seu cabelo
tão liso que se move apenas com o vento em seu rosto, a pele branca quase pálida, e seu físico padrão de um garoto popular do terceiro ano. Pedro, vulgo
“Feio”. Ele recebera esse apelido das minhas amigas, pois de acordo com elas, todo mundo acha ele feio, mas para mim, ele é o garoto mais lindo dessa escola, e nada mais importa. Eu tenho um crush nele desde o começo do ano, e é óbvio que ele não sabe disso, ao menos eu espero que não, embora eu não deixe de reparar em cada detalhe seu sempre que posso, sem medo algum de ficar lhe encarando.
Ele faz parte do grupo dos “Brothers”, é o apelido que demos para o seu grupo de amigos, o padrão de sempre, um grupo de garotos do terceiro ano, no qual a maioria deles são meio populares, com exceção de alguns que não fazem muita diferença no grupo.
Ele vinha caminhando pelo corredor em direção ao banheiro de cabeça baixa, eu me encolho o máximo possível e silencio ainda mais meu choro, com a esperança de que ele não note minha presença ali, e como o esperado, ele passa por mim e entra no banheiro me ignorando totalmente, eu suspiro soltando a respiração, da qual eu havia prendido durante todo o seu trajeto. Alguns minutos se passaram e ele sai do banheiro, mas diferente da primeira vez em que ele passou por mim, ele para e olha em minha direção.
- Está tudo bem?
Não acredito no que meus olhos estão vendo e meus ouvidos estão ouvindo.
Isso mesmo, o Feio está falando comigo. “O que eu faço?”. Por um segundo eu
esqueço como se fala, mas logo em seguida respondo:
- S-sim. Na verdade não,

Um dia, talvez...Onde histórias criam vida. Descubra agora