6. Contra vim mortis non est medicamen in hortis

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Taehyung não sabia ser possível sentir tanto e nada ao mesmo tempo. As lágrimas escorriam pela sua face e nada mais havia ali, era apenas aquela água salgada e uma expressão vazia. Ele mal se movia, não emitia um som sequer, e apesar de estar olhando pela janela do carro, não se importava com coisa alguma que surgia em sua visão. Assim, as lágrimas continuavam serpenteando seu rosto e caindo em algum canto das suas roupas. Ele realmente não conseguia se importar com algo naquele momento. Felizmente, Sunoo não o questionava, talvez tivesse suas suposições e era deixado com apenas elas, pelo menos por agora.

Taehyung nunca pensou profundamente sobre o momento em que as coisas se tornaram assim, a partir de que ponto se tornou tão condescendente, aceitando engolir aquela comida desgostosa que a vida lhe empurrava garganta abaixo. Mas agora, tudo parecia de certa forma cômodo, era necessária muita força de vontade para mudar algo e ele já não sabia se a tinha.

Estava fadado a lembrar e remoer cada milímetro do seu passado. Questionando-se como as coisas poderiam ter sido diferentes. E ali, sob a luzes ásperas dos postes que lhe seguiam, atirava a si mesmo todas as culpas.

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— Hyeong, olha o que eu fiz — ergueu o papel após analisá-lo por um momento e constatar que não havia nenhum detalhe a se adicionar.

— Outro desenho? — perguntou, pegando o papel da mão do irmão — Nossa Tae, você está melhorando bastante, vai ser um grande artista.

Taehyung discordou silenciosamente do elogio, ainda que a esperança o dominasse e o fizesse sorrir de orelha a orelha. Mas da mesma forma que o sorriso se formou, foi engolido rapidamente em uma rápida realização.

— O que foi? — Hyeong perguntou vendo como de repente Taehyung parecia cabisbaixo.

— É que acho que a mãe não gosta muito dos meus desenhos — disse olhando para o papel à sua frente, aos poucos começando a odiá-lo também.

— Por que está falando isso?

— É que eu mostrei pra ela e ela nem olhou direito.

— Não liga para isso, Tae. Tenho certeza que ela gosta de seus desenhos, só devia estar preocupada com outras coisas quando falou com ela. Mostre para o papai, ele vai chegar logo, tenho certeza que vai adorar seu desenho.

Taehyung sentiu uma ponta de ânimo surgir em si, então sorriu concordando com o irmão. Talvez ele realmente não entendesse tão bem a sua mãe e afinal ela teria gostado de seu desenho, era nisso que queria acreditar.

Diferente de sua mãe, seu pai sempre demonstrou apoio a qualquer coisa que Taehyung se propusesse a fazer. Desde a época em que ele fazia aulas de teatro, seu pai e seu irmão eram os que iam sempre o assistir, contudo, mesmo naquele tempo sua mãe não parecia muito contente com suas inclinações, por isso Taehyung atuou em poucas peças.

Era sua maior alegria poder subir em um palco e fingir ser coisas que não era. Podia ser quem quisesse e agir como quisesse sem preocupações.

Certo dia, Kim Minji apareceu em uma de suas aulas de teatro sem avisar, a alegria engolfou o pequeno Taehyung que pensou que sua mãe havia finalmente começado o apoiar. Entretanto, assim que compreendeu a verdadeira razão da presença dela, a alegria passou a dar lugar a uma decepção até então estranha para si e uma tristeza que lhe parecia errônea. Sua mãe o desmatriculou das aulas que ele tanto amava, Taehyung não entendia, afinal, ela mesma havia concordado com seu pedido de participar do tetro e feito a inscrição dele naquelas aulas e, ao mesmo tempo, parecia odiar o fato. Apesar disso, tudo se seguiu o mesmo, não houve grandes objeções por parte de Taehyung — que mal compreendia a real situação —, ou de ninguém ali.

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2022 ⏰

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Dreaming | taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora