O verdadeiro conto da loira do banheiro - Sycaro

Único: Chame Meu Nome Três Vezes

Rodrigo adentrou o banheiro publico da balada onde se divertia com alguns amigos rapidamente, estava angustiado com a dor no baixo ventre. Havia um homem em um dos mictórios então ele procurou estar o mais longe possível para se aliviar. Soltou ou murmúrio satisfeito assim que pôde soltar suas necessidades, que parecia estar presa e acumulada a dias, tendo um processo bem longo à sair.

O cara que estava ali ao seu lado já havia saído há um tempo quando ele ouviu algo incomum. As paredes de azulejos brancos do enorme banheiro abafavam a música alta do lado de fora, porém, ecoou por elas o som estridente de um salto batendo contra o piso fosco, causando uma tremenda curiosidade em Rodrigo.

Se virou minimamente, olhando por rabo de olho, Ximenes pôde perceber parar em frente a pia e o espelho, uma mulher loira de estatura baixa, e notou também que seu corpo era bem definido naquela saia preta e aquele cropped branco.

O moreno questionou a si mesmo o que uma mulher fazia no banheiro masculino? Porém seu corpo era bonito demais e vinha lhe aguçando os interesses. Ao terminar o que fazia, ajeitou suas roupas e caminhou até ela, não necessariamente iria a incomodar, queria somente lavar as mãos, mas era quase impossível tirar os olhos do corpo tão esbelto.

Encarou a garota pelo espelho e pôde concluir que ela passava um forte e exagerado batom vermelho nos lábios. Enquanto passava o sabão em suas palmas, o rapaz pôde jurar que a loira havia lhe dado um sorrisinho de lado.

Mas deveria ser coisa de sua imaginação, certo? Aliás tinha pelo menos uns dois copos de caipirinha em sua cabeça.

Tentou disfarçar o máximo possível desviando o olhar, entretanto, quando menos percebia já estava a admirando outra vez, mas agora, algo parecia estranho a garota havia borrado seu batom pelo rosto. Não pareceu um acidente, muito menos um acaso, ela sorriu largamente, então de repente, Rodrigo viu um sangue vibrante escorrer da mancha vermelha por suas bochechas, se preocupou brevemente e então resolveu a encarar diretamente.

Conforme se voltava à mulher ela também virava a cabeça em sua direção, e assim que os olhos do moreno se encontraram com os dela, seu corpo petrificou e seus olhos dobraram de tamanho. Da boca daquela garota escorria mais sangue que antes, seu sorriso medonho era acompanhado pelos olhos inteiramente pretos, de onde escorria um líquido espesso da mesma cor, uma figura totalmente horripilante, que fizera Ximenes recuar para trás, após um grito baixo. Tentando fugir do que sua visão presenciava, suas mãos taparam seus olhos, e então ele sentiu algo em suas costas o fazendo parar.

Não era nada mais que a parede o impedindo de se afastar mais.

— Moço!?... — ouviu uma voz suave, masculina, mas ainda assim, melodiosa o chamar.

O moreno piscou várias vezes e encarou as íris esverdeadas a sua frente.

— Moço, você está bem? — balança sua destra enfrente aos olhos do outro que ainda o olhava com choque.

— O-o que?! — Rodrigo estava surpreso, ainda o parecia a mesma mulher bonita de antes, porém ele podia perceber que na verdade se tratava de um garoto. — Você...

— Eu não sei o que aconteceu, você olhou para mim e começou a gritar. — o loiro explicava confuso.

— O que é você?! — Ximenes exclama espantado.

— Não estou te entendendo...

— Você não pode ser normal! Quem... — é interrompido pelo outro.

— Quem eu sou? — sorri ladino ao completar. — Se eu te contar, você não vai acreditar. — apoiou as mãos no mármore frio para causar impulso e se sentar entre as pias. — Eu sou nada mais, nada menos que a sua lenda urbana favorita — cruza as pernas observando o semblante totalmente confuso do moreno.