Eu observava a tempestade caindo do lado de fora pela janela do meu quarto. Dias como esse não me traziam boas memórias, faziam meu estômago revirar e minha cabeça latejar só de lembrar das coisas que aconteceram.
Fechei os olhos, inspirei fundo e desci para a cozinha encontrando a mesa arrumada para o jantar.
- Querida, venha jantar, fiz seu prato preferido- minha mãe diz. Acatei a sua sugestão e me sentei a mesa junto com ela.
- Minha princesa, você deveria estar feliz, amanhã é seu primeiro dia na empresa que você sempre sonhou- a voz grave do meu pai pode ser ouvida enquanto ele voltava da cozinha com uma garrafa de vinho nas mãos.
- Eu sei papai mas amanhã também faz dois anos desde aquele dia- eu respondi num tom mais baixo que o comum.
- Sinto muito por isso meu amor mas já está na hora de seguir em frente- meu pai respondeu pegando minha mão. Apenas suspirei e acenei em concordância, preferi não me aprofundar muito no assunto, ainda doía.
Assim que terminei de jantar, me despedi deles e subi para o meu quarto, amanhã seria um dia longo e eu tinha que estar preparada. Meu medo era que eu não conseguisse dormir mas felizmente logo o sono se fez presente e eu apaguei.
- Amor, e se nós chamássemos o bebê de Daniel Jr.?
- Não vamos colocar o seu nome no bebê querido- respondi rindo da sugestão do homem ao meu lado- Se for menina com certeza será Aurora.
- Eu amo vocês mais que tudo no mundo Amélia- ele disse sorrindo enquanto colocava a mão na minha barriga, pouco visível, de três meses e acariciava.
- Eu também te amo Daniel.
Acordei num solavanco completamente soada e com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu não aguentava mais sonhar com aquilo, doía muito relembrar a última vez que eu vi o amor da minha vida vivo. Reviver a morte de Daniel mexia muito comigo. Ele poderia estar aqui comigo, junto com o nosso bebê mas eu perdi os dois por causa de um bêbado sem noção que nem ao menos prestou socorro após colidir com o nosso carro. Eu vi o amor da minha vida morrer diante dos meus olhos, eu senti as dores de perder o fruto do nosso amor, tudo de uma vez. Sentia que aquela dor nunca ia passar.
Olhei para o relógio na mesinha de cabeceira e marcava 5:50, como eu me levantaria as 6:00 resolvi ir tomar um banho para me adiantar. Entrei embaixo da água quente e deixei que ela levasse a tristeza que estava em mim. Após um bom tempo no banho, me troquei e fui tomar café.
- Bom dia mãe- cumprimentei minha mãe que estava na cozinha enquanto me sentava na bancada.
- Bom dia querida! Parece estar melhor- a mais velha diz acariciando minha bochecha.
- Acho que sim- respondi com um sorriso singelo nos lábios.
- Olha só se não são as mulheres da minha vida- papai se pronuncia chegando na cozinha e deixando um beijo na minha cabeça- como você está Amy?
- Bem papai- respondo enquanto levo a xícara de café até a boca.
Ele acenou em concordância e dali engatamos em uma conversa até dar o horário de ir para a empresa.
Assim que cheguei no prédio me identifiquei na recepção, peguei meu crachá e subi para o andar indicado. No andar havia outra recepção e adiante algumas portas com suas devidas identificações.
- Oi, bom dia! Eu sou Amélia Barone, a nova arquiteta- falei me dirigindo a secretária que estava ali.
- Ah, bom dia Amélia! Você chegou cedo! Meu nome é Emily, sou a secretaria do andar. Vem comigo, vou te mostrar a sua sala - A garota morena de cabelos cacheados me disse e rumou para uma das portas, mas antes mesmo que pudesse segui-la escutei uma voz doce gritando no corredor.
- Mamãe!- em seguida senti minhas pernas sendo envolvidas por pequenos braços- Achei você.
Assim que olhei para baixo vi dois olhinhos azuis me encarando e de brinde um sorriso banguela. Me abaixei na altura da criança para poder conversar com ela.
- Oi, meu nome é amélia, qual é o seu?- perguntei acariciando a bochecha da mais nova.
- É Helena mamãe, por que você não sabe mais meu nome?- a garotinha respondeu com uma carinha confusa.
- Eu não sou sua mamãe querida- disse olhando ao redor encontrando apenas Emily com um olhar impressionado.
- Mas você tem o cabelo vermelho e os olhos iguais o da minha mamãe- a menina disse passando as mãos no meu cabelo.
Quando eu ia responder a pequena uma voz grave pode ser ouvida atrás da mesma.
- Por Deus Helena, nunca mais saia correndo desse jeito- Um homem alto e loiro disse vindo em nossa direção. Rapidamente a menina correu para seus braços.
- Papai eu achei que a mamãe tinha voltado, mas era só a tia Amélia- Assim que a garotinha terminou de falar o homem voltou sua atenção pra mim.
Ao olhar para rosto o mesmo parou por alguns segundos, mas logo voltou sua atenção para a criança
- Querida, o papai já conversou com você sobre isso - o mesmo se abaixou na altura da menina - Me desculpe senhorita. Vamos para minha sala, tudo bem?- A pequena concordou meio cabisbaixa.
- Olha, eu posso não ser a sua mamãe mas, se você quiser, podemos ser amigas - coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.
- É sério?
- É claro que é
- Eu quero sim tia Amélia, vamos ser muito amigas - a garota me respondeu com os olhinhos brilhando - Papai, a tia Amélia pode almoçar com a gente?
- Se ela quiser querida, não vejo problemas - o loiro respondeu - Aceita almoçar conosco? - se virou para mim
- Eu adoraria - sorri singela - a propósito, sou Amélia Barone, a nova arquiteta da empresa - estendi a mão um tanto envergonhada por não ter me apresentado antes.
- Sou Pedro Nocchi, CEO e engenheiro da empresa, é um prazer conhecê-la srta. Barone, ouvi muitas coisas boas a seu respeito.————————— • ——————————
Então esse foi o começo gente, espero que vocês tenham gostado. Favoritem e adicionem na biblioteca, ainda não tem dia de postagem definidos mas assim que tiver eu aviso 🤍
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Avalanche
RomanceAmélia era assombrada por fantasmas do passado, fugia de novos sentimentos, novas sensações à assustavam, até conhecê-lo. Pedro, por outro lado, sonhava em encontrar alguém que o amasse mesmo com toda a sua bagagem e acima de tudo, amasse a pequena...