PARA M. -
- Só consigo me recordar do último aforisma.
- Porém, não era a última vez que o veria na vida.
Há muito tempo me deparei com um poema pelo qual quem o escrevia nos dizia: "Perguntas-me como me tornei louco. Aconteceu assim. "Logo após, uma alegoria apresentava de forma fantasiosa e gentil como um ser que confeccionava máscaras durante suas sete vidas, estava com suas desaparecidas. A rigor, essa primeira visão sobre a loucura apresentada me fez refletir sobre o que o autor queria nos dizer quando todos ao redor da criatura tinham medo de sua nova existência, pois agora ela era livre das máscaras que escondia seu verdadeiro ser. Nossa história pode começar da seguinte forma: Me pergunto como entendi que a loucura me levou até aqui, Aconteceu assim:
Muito antes de tudo, muito antes de saber que eu existia, muitos já me esperavam e já até me nomeavam. É engraçado pensar que não somos absolutamente nada no mundo. Esse mesmo mundo que é tão gigantesco e tão complexo, e sempre temos alguém que nos aguarda. Infelizmente histórias não são como contos de fadas, já que os contos não podem apenas se agarrar em algo que apenas a história de uma vida possui: a própria realidade, em sua forma menos bela e mais crua.
Antes mesmo que eu falasse, já se esperava que eu cantasse! Antes mesmo que você falasse, o mundo já tinha as palavras prontas e o mundo era quem nos amamentava, cuidava e de forma resumida nos criava. Aqui inicia o sonho de um dia chuvoso, pois será um grande sonho de um passado que por vezes nossa própria mente nos obriga a esquecer. Você lembra do seu primeiro aniversário? Primeiros passos? Primeiro balbuciar a primeira máscara?
Quem sabe um álbum empoeirado em uma caixa velha nos mostre algumas coisas que nem nossas mentes seriam capazes de revelar. Uma foto em um domingo ensolarado, um pirulito, um almoço em família e uma criança. Essa criança mal sabia que seria capaz de muitas coisas sobre ela mesma e não compreenderia a si mesma nesse momento da história, pois a fragmentos da vida que se perdem como as gotas de chuva.
Olá você ai, é você mesmo, quem sabe eu poderia ter chegado aqui do futuro de mansinho com minha máquina do tempo e ter te contado todos as dicas para você entender a si antes que muitos te fizessem colecionar tantas máscaras, que o fardo de carregar elas se tornaria tão difícil. Eu poderia deixar uma carta quem sabe, dizendo que o medo não pode te paralisar naquele exato momento na rua, em quanto você voltava caminhando para casa com medo, temor esse que nem você conhecia e entendia e viu duas pessoas mais velhas que pararam a sua frente e você se sentiu inseguro.
A loucura de acreditar poder mudar o que se construiu há muito tempo só demonstra que agora com todos as ferramentas para mudar eu ainda não sei os utilizar, a loucura de largar algumas máscaras pelo caminho que já não serviam e entender o que aquele velho poema dizia. Eu encontrei tanta liberdade como segurança na loucura, primeiramente a solidão, pois aqui já não era mais compreendido, pois somos escravizados por aqueles que nos compreendem.
O mundo é uma grande esfera insana, que um passo de um bebê é aplaudido tanto quanto uma atrocidade a vida alheia é aplaudida. Então, pequeno eu, você está agora sendo relembrado e será fonte de toda esse sonho. Você poderia imaginar que isso um dia poderia ser capaz? Quem irá ler isso um dia? Será que isso será bom ou ruim? E se tudo isso sumir como minhas lembranças sobre eu mesmo?
Me torno nesse momento aquele pequeno bebe, porém, dessa vez minha trajetória estará aqui gravada, poderá ser relembrada e quem sabe aplaudida como meus primeiros passos e assim nasce mais um dia chuvoso.
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A Janela do Mundo
Science FictionJá se imaginou se suas lembranças agora se tornaram apenas sonhos? Um vislumbre daquilo que ficou no passado, se apresentando em nossas mentes de uma forma menos vividas. Bom, o sonhar repleto de mistério e fantasia escorre por todos os quatro cant...