Capítulo 2

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            Querido Diário,

            Hoje foi o tão esperado dia, estou cansada, não pensei que isso fosse puxar tanto de mim, mas foi perfeito.

            Nem dormi essa noite, levantei 5:30 da cama, ajeitei na cafeteira o café e fui banhar enquanto ele passava, após banhar fui merendar, ainda de toalha tomei meu cafezinho com pão e omeletes. Fui escovar meus dentes e em frente o banheiro fiquei ensaiando como iria chegar na escola, como iria tratar os alunos, se eu entrava séria para eles não avacalharem e me respeitarem ou se eu entrava sorrindo e dando um bom dia me alegre para eles não me temerem... me sentia sem rumo, não sabia o que fazer, mas me dei um tapinha e disse alto "vai da tudo certo". Vesti a farda, era uma blusa azul, com o nome da escola branco e o símbolo de lado, e uma calça apertada na coxa e frouxa na canela, uma sapatilha preta e fiquei pensando o que fazer no meu cabelo e apenas o que deu certo foi o famoso rabo de cavalo, como o esperado não botei nem um tipo de maquiagem, pois eu abomino maquiagem. Me olhei no espelho mais uma vez, apontei pra ele e disse "você consegue gata".

            Bem, eu moro sozinha, meus pais moram em outra cidade e eu decidi fazer minha vidinha aqui, por causa que aqui tem mais oportunidades de emprego e as faculdades mais próximas são todas nessa cidade, enfim, mandei uma mensagem para minha mãe – mãezinha bom dia, me deseje sorte, pois hoje será minhas primeiras aulas – peguei as chaves, minha bolsa grande de lado, com livros e cadernos, fui ao caminho do meu lindo e tão sonhado fusca... sim um fusca, sempre sonhei em ter um fusca amarelo e aproveitei a chance da modernizada nesse modelo e comprei, ele é lindo, é a versão mais nova, amo meu carro.

            O estacionamento fica depois do colégio e eu passei por aquela multidão de garotos e garotas de fardas, se abraçando, alguns apontavam para mim, provavelmente reconheceram que eu iria se professora, por conta da farda. Estacionei e fiquei olhando o muro em frente o estacionamento, pedindo a Deus forças para que tudo dê certo. Peguei minha bolsa e travei meu carro, sai devagar, observando os rostos de cada aluno, quando eles me olhavam eu acenava e desejava um bom dia, do mesmo modo fiz com o porteiro da escola. Estavam todos me olhando e eu sinceramente fiquei envergonhada. Subi as escadas calmamente e fui direto à sala dos professores, desejei bom dia e ouvi uma professora falando:

            - Tão nova, tendo todas as oportunidades profissionais e foi amarrar o burro na pior profissão existente no Brasil, a mais desvalorizada.

            Eu respirei fundo, sorri e sai da sala, odeio ficar escutando essa bobagens sobre a profissão que eu escolhi, se ela abomina essa profissão por que diabos é professora? Só mostra a profissional que ela é. Fiquei sentada nos bancos do lado de fora da sala dos professores, e pensando na barbaridade que tinha acabado de escutar, minha coordenadora chegou, entregando a mim o horário, ou seja, as salas que eu iria dar aula na semana.

            Segunda – 3º ano / 1° ano / 9° ano / 6º ano / 2º ano – 9º ano (Edu. Física)

            Terça – 7º ano / 9° ano / 8° ano / 3º ano – 8º ano (Ed.F.) / 3º ano (Ed. F.)

            Quarta – 1° ano / 6° ano / 3° ano / 2° ano – 7° ano (Ed.F.) / 1º ano (Ed. F.)

         Quinta – 7° ano / 8° ano / 2º ano / 3° ano – 6° ano (Ed.F.) / 2° ano (Ed.F.)

         Sexta – 3° ano/ 1° ano / 9° ano / 8° ano

         Já fiquei feliz pois sexta sairia bem mais cedo, menos duas aulas, nada melhor, mas a tia Sara (coordenadora) me avisou que hoje eu só tenho bomba, fiquei logo preocupada.

Diário de uma ProfessoraOnde histórias criam vida. Descubra agora