Tsumitsuki - Capítulo 1 - Perda
O que mais me surpreende nos humanos, é sua reação á perda.
Choram, gritam, esperneiam, tudo o que já vi diversas vezes em tantos casos diferentes.
Mas o mais curioso, é a culpa.
A culpa que eles colocam em si mesmos pelos acontecimentos ao seu redor.
Se for a morte, que no meu caso, e nos que me interessam, é.
Eles se culpam como se não houvesse amanhã.
"Poderia ter ajudado mais..." "Teria feito o que ela me pedisse"... são sempre gritos no vazio.
Não adianta se culpar por algo que não era sua culpa.
Não adianta andar em frente com a cabeça virada para trás, isso só te fará tropeçar no caminho.
Mesmo que com as pessoas fazendo isso elas estejam favorecendo minha vida, eu ainda acho curioso.
Afinal, como não olhar os ingredientes da sua refeição antes de se banquetear.
Falando desse jeito, até pareço um sociopata, distinto de emoções.
Talvez eu o seja, ou tente ser.
Tentativas.
Ultimamente sem sucesso.
Afinal o caso de certa garota de madeixas claras, tirou minhas noites de sono por um tempo.
Por onde começar?
Que tal pelo... começo?
-PASSADO-
Cabelos loiros brilhando no sol.
Quem visse e não parasse para observar bem, acharia que dois raios de sol vieram visitar a terra. Mas eram apenas duas moças, uma senhora, e uma menina de aparentemente 6 anos, uma mais parecida do que a outra, apenas se divertindo como mãe e filha.
Era um dia quente, o jardim abafado não melhorava a sensação de inferno ao redor.
Inferno.
Para onde eu iria se eu morresse, e um dia eu vou, apenas estou a um passo do inferno.
Mas qualquer desânimo que existisse, poderia ser curado com a alegria expelida pelas loiras presentes não é?
Pois é, não a minha.
Posso não conseguir ver um futuro, mas vejo o passado.
"Olhos chocolates úmidos, em um choro silencioso.
-Faça. - Soltou rapidamente, assim como quem se suicida com uma facada, ela queria fazê-lo rápido? Então eu o faria.
E como o dito, eu o fiz, rápido ágil como um corte de navalha, só restando uma figura escura, no canto da sala murmurando coisas incompreensíveis ao meu ver, mas para ela, seu último pedaço de esperança."
Eu sabia que ela já não era mais capaz de agüentar.
Um ano? Muito. Vinte três anos? Uma eternidade. Ela podia ser forte quando quisesse, mas mais que isso não agüentaria.
Acho que finalmente havia me percebido ali.
Vi sua filha se afastando após um breve recado, acho que algo como: "Acho que seu pai está lhe chamando." Ou "Tem uma surpresa para você no seu quarto." Não importava.
Caminhou até mim com calma e destreza, como se em um pisar em falso, sua vida explodiria, como uma bomba.
-O que quer... Natsu Dragneel?- Perguntou secamente o que me fez criar um singelo sorriso cínico.
-Só vim ver como está... - Respondi calmo e irônico. - E como a sua irmã está passando também... ah, sinto muito, me esqueci, ela não se encontra aqui não é? Talvez tenha ... - dizia calmamente, mas mesmo calmo por fora, eram como navalhas dentro de mim, a cada palavra um corte superficial, e com essa ultima um... - morrido... - profundo.
Sabe quando a culpa é estampada na cara de alguém, pois é, esta era uma situação exata.
-Não tive culpa, e ela sabe disso. - Disse fingindo certeza.
-Ah é? Então quem disse que era para matá-la?- Dizia aquilo repetidamente, afinal era minha fala, tinha de dizer a todas. - Quem disse... "Faça"? - Falei perto de seu ouvido onde pude notar um arrepio, e junto com o mesmo, marcas negras se rebelando.
Dores de cabeça voltando, sofrimento, perda, sangue, morte.
Tudo revivia na cabeça da loira mais vellha, enquanto uma dor maior a esperava.
Tsumitsuki - Capítulo 2 - Avareza
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Tsumitsuki
Mystery / ThrillerTsumitsuki. Sabe o que eu mais valorizo em alguém? A Culpa. Eu não diria que é "bonito" a pessoa ter culpa. Afinal para a mesma se fazer presente, as pessoas devem ter feito algo que lhes causou arrependimentos. O Pecado. Tão não valo...