O LÍQUIDO VERMELHO GOSMENTO SE ESPALHAVA PELO CHÃO DA COZINHA. O cabelo loiro da mulher estava bizarramente na poça de sangue que se formava em volta de sua cabeça.
Kaleena Stanford era o tipo de garota que muitos desejam. Kaleena era a garota legal. A garota compreensiva e educada. A garota popular com um milhão de amigos. Kaleena era uma garota exemplar. Já o assassino, um homem doentio e repugnante, não hesitando em matar a jovem mulher.
Ele apenas a observou fixamente no chão da cozinha, o sangue e as marcas deixadas por ele o excitando.---- Tão bela, porém tão pecadora. ---- Pensou em voz alta passando o braço por volta do pescoço e pernas da mesma, a levando em seu colo. Ele a admirava, era completamente obcecado por ela. Tinha planejado tudo, se doou de corpo e alma, no final recebendo apenas migalhas. O sussurro irritante zombava dele, martelando em sua mente o quão burro foi por ter amado e matadoo amor de sua vida.
O chão de madeira rangendo sobre seus pés fazia parecer um filme de terror. Andando até a sala de estar, depositou o corpo sem vida de Kaleena no sofá, manchando o mesmo de sangue.Olhando-a estirada no sofá, teve certeza que havia quebrado o crânio dela. Era uma imagem que jamais esqueceria, como um quadro pintado pelos deuses.
[...]
AS ORBES VERDES DA MULHER CINTILAVAM EM IRÁ. Observando do outro lado do apartamento N°128, no sétimo andar, David McLaren agindo como se não tivesse matado uma pessoa a um ano atrás. Os prédios idênticos tinham destaque quadradinhos vermelhos em tons escuros, contrastando com um binóculo que a mulher segurava, em uma das janelas do apartamento da frente. A mulher desconhecida tinha os olhos fissurados nele, observando cada gesto, cada mania, cada lufada de ar. A sede por vingança era palpável, passou meses planejando como o abordaria, não tinha espaço para falhas.
[...]NO OUTRO CONDOMÍNIO, POR VOLTA 06:45 DA MANHÃ, DAVID MCLAREN ANDAVA PELO SEU APARTAMENTO PROCURANDO A CHAVE DO CARRO. ENFIM ENCONTRANDO-A NA BANCADA DA COZINHA. Checando-se se tinha esquecido de algo, caminhou em direção a porta, agarrando a carteira posta na escrivaninha perto da mesma, pondo no bolso de sua calça moletom, ao mesmo tempo que abria a porta.
Andava pelo estenso corredor assobiando uma antiga canção, com os pensamentos que ocupavam sua cabeça a meses. Tinha alguém o seguindo, ele sentia isso, sentia que esse alguém sabia que tinha matado o seu antigo amor. No começo pensava que era apenas uma paranóia, semanas depois evitava sair de casa com receio desse alguém o denunciar.
Entrando no elevador, apertou o botão para a recepção do edifício. Em poucos minutos o elevador abriu, David analisou a recepção dando um "bom dia" simpático ao porteiro, enquanto passava pela entrada e também saída do condomínio. Fora do condomínio, começou a se alongar para sua corrida matinal, correndo logo em seguida, uma linha fina de suor brotando em sua testa. A respiração desregulada começava a aparecer, causando uma euforia interna. Acelerou o passo, com os pensamentos de mais cedo voltando a sua mente.
"Ele sabe o que eu fiz. Ele me vigia, eu consigo sentir isso. Ele quer vingança, não irá deixar barato".
Os turbilhões de pensamentos de mais cedo voltaram a rondar sua mente, formando teorias de como esse alguém tinha descoberto que ele matou Kaleena Stanford. Foi como se uma lanterna se acendesse no meio da escuridão, é claro, estava óbvio, esse alguém conhecia Kaleena Stanford ao ponto de querer vingança, matar o assassino da vítima era um plano um tanto invejável. O suor descia de forma lenta pela camisa moleton, sua mente trabalhava com clareza e determinação, o ódio brotando em suas pupilas dilatadas contrastava com as lufadas raivosas soltas pelo mesmo. Se sentia encurralado, preso a uma bolha em sua mente. O ar começava a lhe faltar, fazendo-o a parar a corrida aos poucos, pondo as mãos em sima dos joelhos dobrados na busca de algum sustento, enquanto recuperava o ar perdido. A praça onde corria era movimentada, principalmente ao dia, onde pessoas costumavam se exercitar e fazer ioga no gramado.
"O que eu fiz de errado? Quem é essa pessoa? Como ele descobriu que eu matei Kaleena?"O incômodo ainda persistia. O sentimento ainda estava alí, ele o observava nesse exato momento, nunca deixava de observar cada passo dado por David. Ainda tentando normalizar sua respiração,lentamente virando sua cabeça para a direita, pondo seus olhos na paisagem composta por árvores e moitas crescidas.Um vulto rapidamente se exprimiu atrás de uma das grandes árvores, fazendo seus olhos saltarem em confusão. Quando viu já estava correndo em direção às árvores, corria atrás do desconhecido encapuzado dos pés a cabeça com uma velocidade admirável. O indivíduo encapuzado corria logo a frente, entrando no matagal espeço escondendo-se entre às inúmeras árvores.David o perdeu-o de vista.
McLaren parou de correr com o coração acelerado, girando a cabeça de uma lado para o outro, procurando o encapuzado. Pondo a mão atrás de sua cabeça, sentindo- a doer e pulsar furiosamente. Sua visão começando a ficar escura e embaraçada. O desconhecido tinha o acertado, mais antes de tentar raciocinar, já se encontrava desmaiado no chão.
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Hunt or Hunter | Florence Pugh
HorrorO QUE VOCÊ FARIA SE MATASSEM ALGUÉM QUEM VOCÊ AMA? SE VINGARIA OU CONVIVERIA COM SEU LUTO INTERNO? David McLaren matou quem ele era perdidamente apaixonado, ele lutou por ela, ele matou por ela, para no final receber um amor não correspondido.No fát...