Depois de meu último e conturbado relacionamento com o famigerado vocalista da banda Elefante na Sala, estava procurando outro indie pra me apaixonar. Fui procurar nas bandas de garagem da cidade e me deparei, numa sexta à noite, com Juliano. Ele era vocalista da Banda do Silva, que tocava indie rock alternativo toda sexta no Clube Caverna, na cena independente local. Tinha vários seguidores, mas não era famosa, o que era perfeito para mim depois das minhas experiências ruins com bandas famosas demais. O som era nostálgico com guitarras distorcidas e paredes de som, o vocal não era muito potente e tinha muito reverb, as letras eram sobre coisas mundanas - o que era mais perfeito ainda pois eu já estava cansado de cantores e letristas megalomaníacos com temas grandiosos e universais. Eu queria ser fã de um cara normal, só isso, e Juliano entregava tudo isso e muito mais. Logo eu estava na primeira fila de todo show, e em todo after que a banda estava. Juliano não era nem ruivo, nem loiro, nem tinha uma beleza padrão. Era manco, de uma altura mediana, tInha cabelos e olhos castanhos e o nariz um pouco grande e torto - tudo perfeito até nisso. Era meio calado, não era muito revoltado, nem herdeiro de fortuna, nem jovem místico, nem arrotava clássicos da literatura como meu último ex namorado. Sua normalidade era apaixonante.