In october ꒰ one shot ꒱

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Apesar de estudar no período da manhã, Osamu Dazai também trabalhava no período da tarde.

Seu emprego provisório na biblioteca pública local não lhe proporcionava tal renda abundante que procurava, porém, o que ganhava já era o suficiente para ser considerado "melhor do que nada". Acima de tudo, seu principal objetivo é colaborar financeiramente com sua família, sendo bibliotecário o único emprego no qual não lhe exigia muito para adquirir o cargo.

—Nos dias de hoje, os adolescentes não se importam mais com um bom livro... -Uma vez, a antiga bibliotecária comentou antes de finalmente aceitar sua aposentadoria e ceder seu cargo para Dazai.

Essa realidade não se adequa a Osamu, que não se inclui nos "adolescentes dos dias de hoje". Trabalhar naquela biblioteca era algo que fazia com total prazer. Aproveitava os momentos livres para ler por trás do balcão, até mesmo se acostumou com a poeira que subia ao folhear as páginas dos livros mais antigos, aqueles pelos quais ele alimentava maior curiosidade.

O outono teve início no mês passado, e desde então, todas as árvores da região estão contaminadas pelo laranja característico da época, que se espalhava pelo chão por meio de suas folhas quebradiças. Já estava próximo do final de outubro, momento de halloween, e todos daquela pequena cidade pareciam estar bem —até demais— integrados dentro da cultura.

Não é novidade se deparar com jovens correndo por aí com máscaras de figuras clássicas de halloween na tentativa de apavorar os demais cidadãos. Eles pulavam do meio de arbustos ou faziam perseguições curtas. Essas práticas já estavam ficando ultrapassadas, ninguém mais se assustava com isso.

Por trabalhar diariamente na biblioteca —às vezes até mais tarde, próximo à noite— Dazai já sofreu diversas tentativas de assombração. Mascarados se escondem pelas estantes ou pulam pelas suas costas, porém, nenhuma nunca foi capaz de realmente o arrepiar.

Na verdade, eram os adolescentes mascarados que temiam Dazai, que os ameaçavam com um spray de pimenta de vez em quando. Tanto é que já estão desistindo de visitar a biblioteca pública na tentativa de assustar.

Houve apenas uma única vez na qual Dazai não é capaz de se esquecer, a única vez que ele realmente se assustou. Isso foi a alguns poucos dias atrás.

Nesse dia, Osamu trabalhou horas extras por necessitar de mais dinheiro. Era próximo das 19h quando seu turno acabou e foi fazer suas obrigações antes da retirada. Desligou o computador da recepção, conferiu se não havia algum indivíduo escondido entre as estantes, desligou as luzes e trancou a velha porta de madeira pelo lado de fora, onde já estava frio e escuro.

No momento em que se virou para ir embora foi quando se deparou com a figura de um jovem —Não muito alto— mascarado, com uma faca de mentira em mãos. O coração do moreno disputava espaço na garganta, prensado a voz que se esforçava para sair.

—Seu desgraçado! -Ele reclamou quase cuspindo as palavras, um pouco falhas. —Saia da minha frente ou seus olhos vão arder pelo resto da semana!

Com autoridade, ele aponta seu spray de pimenta entre os olhos da máscara. Sua feição dava tanto medo quanto qualquer máscara horripilante de halloween. Era evidente em seu olhar que ele não hesitaria em entupir o mascarado de pimenta.

O desconhecido, com tranquilidade, deu alguns passos para o lado e levantou as palmas das mãos em sinal de rendimento, se mantendo completamente calado.

—Vá para casa. -Dazai ordenou como um pai, deu as costas e seguiu para sua casa, que não era muito longe.

Ele sente um desconforto, algo que queima sua nuca. Antes de dobrar a esquina, ele observou a porta da biblioteca —não muito longe— e lá estava o mascarado, no mesmo local de antes, o observando atentamente.