A pedra e a corrida

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Imperativo como sou nunca consegui ficar parado, tava sempre vagando por ai. Andando, correndo, analisando a paisagem, sempre fora o meu jeito de me encontrar.

Desafios, desafios e desafios, as estradas não eram dão simples na vida adulta quanto na de menino, mas ok ainda era vagando que me achava.

Até tropeçar numa pedra. Levantei e continuei a andar, mas algo me puxava a ela de novo e todas as vezes que pensei em deixa-lá algo me levou pra ela.

Ela era diferente das iguais, não só pela aparência, tinha algo nela que a tornava especial, eu tentei colocar ela no meu bolso e levá-la comigo, mas ela era livre demais para aquele espaço.

Até que não teve jeito e eu fui. Tinha que continuar andando, afinal, eu só era feliz vagando e livre demais pra ficar parado.

Mas numa incrível jogatina da vida, a pedra rolou e parou ao meu lado. Livre demais pro meu bolso, livre demais pra ficar preso, burros demais pra não vê, burros demais pra lutar, fracos demais pra vencer.

Eu precisava me arrumar pra ficar com ela, pedi pra esperar, prometir que ia voltar, a pedra disse que não ia esperar muito, mas esperaria. Eu fui, como numa competição fazendo do jeito mais rápido e voltei, ela ainda tava lá, mas tava opaca.

Ela me contou que no caminho pra me encontrar se perdeu, ali também não era o lugar dela, ela também tinha que voltar. Então, não a coloquei no bolso e sim no meu colo e a gente voltou pra onde se encontrou.

Ela era livre demais pro meu bolso, mas cabia perfeitamente no meu colo.
Eu era livre demais pra ficar preso, mas tava certinho de caminhar com ela.

Voltamos e tomamos outro caminho, nem eu o dela e nem ela o meu. Escolhemos o nosso.

"Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra" Carlos Drummond de Andrade

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