seis anos estudando a mente humana e quatro anos sendo uma psiquiatra profissional, com vários prêmios e várias avaliações positivas, me fez se tornar uma mulher de respeito entre meus colegas na clínica
sendo a única mulher entre vários psiquiatras homens, as vezes não é fácil, confesso, mas a cada dia que se passa tenho mais certeza que quero continuar sendo psiquiatra
estou tratando de um novo paciente, ele é um ator, nunca peguei um caso parecido com esse, está sendo uma aventura e tanto
ele se chama evan, confesso que no início foi difícil conversar com ele, não sabia se ele estava me contando a verdade
evan é fechado, por ser alguém famoso, não deveria ser assim, ele não possui redes sociais, algo que achei estranho no início, pois toda pessoa famosa tem a necessidade de todos os dias mostrar a sua rotina para seus milhares de fãs
evan não é assim, em uma das nossas conversas, ele contou que odeia as redes sociais, pois acha a internet um lugar cheio de ódio, onde pessoas maldosas distribuem ódio da forma mais nojenta possível
conheci o evan através do seu chefe, ryan me contou que evan estava se sentindo mal com os papeis que ele estava atuando e por conta disso começou a agir estranho
sinceramente, eu até entendo o evan, atuar como cinco psicopatas e não deixar se afetar com os personagens não é uma tarefa tão fácil assim
as sessões de terapia de evan são as quartas - feiras e sextas - feiras, ele disse que gosta desses dias da semana, então agendei as consultas para esses dias, quanto mais ele se sentir confortável, mais rápido saberei o que passa na cabeça desse homem
e hoje é dia de conversar com evan sobre seu novo personagem, um assassino em série, para ter essa conversa com evan precisei estudar o caso do assassino, jeffrey dahmer uma das piores pessoas que já existiu
analiso o artigo que consegui acessar na internet sobre esse homem miserável, evan teve muita coragem e acima de tudo, muito profissionalismo para interpretar alguém tão nojento como jeffrey dahmer
ouço batidas na porta do meu escritório, deve ser mais um paciente da clínica, abro a porta e dou de cara com matsuda, um dos psiquiatras daqui que não tem nada de profissionalismo e sempre está dando em cima de mim, até perdi as contas de quantas vezes recusei sair com esse idiota
-- precisa de algo? - pergunto séria
-- não, só passei para avisar que o loirinho sem graça acabou de chegar - diz rindo
-- está falando do meu paciente, tenha mais respeito, assim como eu tenho com os seus pacientes - digo irritada - obrigada por me avisar, vou recebê-lo agora mesmo - fecho a porta do escritório
-- não vai me agradecer por ter vindo avisá-la sobre a chegado do seu paciente? - me olha
-- sinceramente matsuda, vai se fuder - se afasto do homem
matsuda as vezes consegue ser tão irritante, como esse imbecil conseguiu chegar onde está hoje, caminho até a recepção para receber evan, faço isso sempre, foi um acordo que tratamos um com o outro, evan tem medo de clínicas psiquiatras, ele acha que quem fica internado aqui é louco, já expliquei para ele que isso é um pensamento muito errado sobre esse lugar, mas, no fundo eu sei que o que ele sente é apenas medo de estar nesse lugar