Como Fogo e Sangue • Jjk

Capítulo 01: Destemido.

Fire and Blood.

Capítulo 01: Destemido

Calisse é considerada a mais bela dentre os dragões de Porto Real. Ela tem escamas avermelhadas, consideravelmente ásperas por todo o seu corpo e é chamada de Princesa das Cinzas por conseguir se camuflar através da neblina e fumaça. Contém dentes enormes e afiados, e facilmente ateia fogo quando se sente ameaçada. É um dos maiores dragões da nossa cidade, com seis metros e setenta de altura e a largura cinco vezes maior do que as espécies comuns.

Os antigos diziam que dragões vermelhos representavam irá e tragédia por onde passavam, já que seus temperamentos afiados e pavios curtos o tornavam animais incontroláveis na maioria das vezes, causando uma confusão de sangue e fogo. Entretanto, quando assumi meu dragão pela primeira vez, os comentários se intensificaram quando notaram que, apesar de ser extremamente assustadora, Calisse jamais representaria uma ameaça verdadeira a mim. Somente para aqueles que carregassem péssimas intenções ao nosso reino.

A Princesa das Cinzas me concedeu um espaço em suas escamas para a montar e me tornar sua cavalheira quando completei meus oito anos. Antes disso jamais tive o privilégio de tocar seu couro ou acariciar sua face sem sair com alguma ferida aberta ou hematoma alarmante. Mas mesmo assim, as pessoas continuam a deduzir que meus antepassados facilitaram minha conquista até aqui.

Estou sentada na mesa do conselho Real, cercada por senhores da Corte que debatem termos políticos e em como os dragões se portam de forma mais violenta conforme os dias passam. Meu pai, Viserys, está sentado a ponta, encarando os sábios homens com uma expressão cansada. Ao seu lado, Kim Namjoon, a Mão Real, leva seu olhar algumas vezes para minha direção.

— Os dragões estão agitados, Vossa Majestade — Sor Jorah, mestre dos dragões, complementa seu discurso de forma seca. Meu pai acena positivamente com a cabeça para que prossiga. — Quando os libertamos para caçadas, muitas das vezes voltam com pedaços de carne enormes e se negam a temer nossas lanças. Tememos que acabem destruindo as correntes no Poço dos Dragões.

Sor Jorah tem uma grande experiência com dragões. O senhor meu pai não poderia ter optado por líder melhor do que ele para organizar nossos dragões e os manter tranquilos enquanto estão “guardados” no Poço dos Dragões, um lugar reservado nas profundezas do palácio somente para as maiores espécies. Por sua grande trajetória até aqui, creio que seu temor perante ao que vem ocorrendo não seja exagerado, entretanto nego-me a limitar nossos dragões mais do que já limitamos. Mal o deixamos voarem livremente.

— E qual seria sua sugestão, Sor Jorah? — pergunto, curiosa.

— Se me permitirem — ele começa, me olhando. — Eu proponho que mais pessoas possam montar em seus dragões. Temos inúmeras espécies sem cavalheiros, o que o tornam impossíveis de controlar — o homem pausa por um segundo, temoroso. — E como os senhores sabem, um dragão só segue ordens impostas por seu escolhido.

— Um escolhido com sangue do dragão, Sor Jorah — o senhor meu pai responde. O rosto dele está pálido e triste, mas não parece chocado com a proposta. — Não podemos sair distribuindo dragões para todos os soldados.

O conselho explode em murmúrios e comentários sortidos de como devemos prosseguir com tal sugestão. Ao meu lado, Kim Namjoon acena levemente com a cabeça para Sor Jorah. Os fios castanhos recaem sob os olhos escuros, o deixando com um ar mais velho. Do outro lado da mesa, Viserys passa a mão repetidas vezes na testa machucada pelo peso da coroa.

O senhor meu pai parece travar um conflito consigo mesmo enquanto os senhores lordes soltam suas opiniões em concordância. O seu olhar frio recaí em minha face quando o sobrenome Velaryon é citado na mesa do Conselho, como uma lembrança melancólica e agoniante.