Joshua e Vincent e Ycaro

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- Ah… oi. Quem é você? - Falava trêmulo.

- Sou seu primo, me chamo Vincent, Vincent Santoro, e você?

- Ycaro. Santoro também.

Ainda estava um pouco nervoso com aquelas cobras que estavam em cima dele, e quando ele percebeu deu uma risada e eu pude ver seus dentes, que eram super afiados, quase como de tubarão.

- Você não precisa ter medo delas, elas não mordem! Você pode tocar se quiser.

Ele se ajoelhou um pouco para que eu pudesse tocar nelas, elas eram muito bonitas, o corpo das serpentes saiam de sua nuca mas continuava presas até chegarem em suas orelhas, onde aquele corpo se dividia em 2 cabeças e finalmente se soltavam de sua cabeça, enquanto olhava aquilo uma das cobras me encarava tão interessada em mim quanto eu estava nela, e na verdade ela era uma serpente realmente fofa, ele se levantou e fez um carinho nas serpentes.

- Isso é muito legal.

- que bom que achou legal.

Ele sorriu animado e começou a dizer algumas coisas que eu não entendia então passei os olhos por ele, além do cabelo verde seus olhos eram amarelos como âmbar e suas pupilas são ovais como as das cobras, ele era um pouco grande e tinha uma aparência um pouco mais forte que a minha, sua cabeça era levemente jogada para frente como se as serpentes fizessem peso no seu pescoço, ele usava uma roupa divida ao meio em cores, sendo o lado esquerdo branco e o direito laranja, usava uma calça preta e que mostrava seu calcanhar, e além de estar descalço sua perna direita era uma prótese mecânica o que me surpreendeu na verdade, não tinha notado isso, mesmo sendo algo bem visível.

-Quer ver o nosso quarto antes de sairmos de volta?

Nosso quarto? Bom era uma casa pequena, faria sentido termos que dividir o quarto, mas pq sair novamente?

- Claro. Vamos sair para onde? - disse já seguindo ele subindo as escadas 

- Vamos pegar outro trem para irmos ao internato amanhã, então hoje vamos no centro!

Internato? Pensei que fosse uma escola normal, não que viveríamos lá durante as semanas. Olhava as paredes escutando ele falar, e realmente tinha várias decorações wicca e de cobras, e dava pra entender o porquê, ele abriu a porta de um dos quartos que tinha uma plaquinha escrito alguns nomes.

"Joshua e Vincent

e Ycaro"

Ycaro parecia ter sido escrito recentemente, pois estava com uma letra diferente . Se ele sabia meu nome, por que ele perguntou? - Talvez apenas por educação. - Parecia ser o que minha sombra queria me dizer. 

- Quem é Joshua?

- Ele é o meu meio irmão, não temos o mesmo pai. Ele já mora sozinho, então a cama dele tá livre. 

Ele disse pulando numa das cama Vincent começou a falar das coisas que tinham no quarto e era muito bonito, via minha sombra vasculhar as coisas que tinham ali, ele ficava na descida do telhado, então o teto era um pouco baixo, não que isso poderia atrapalhar, tinha uma cama de solteiro nos cantos do quarto, a roupa de cama era de um azul esverdeado. As paredes tinha o papel de parede numa cor de creme, e os móveis eram de madeira, tinha uma escrivaninha do lado de cada cama, uma estante cheias de livros e prateleiras cheias de brinquedos e de pequenos projetos aparentemente escolares, alguns com o nome Joshua e outros Vincent, e tinha algumas com alguns troféus. 

"Vencedor da competição de alquimia: Vincent"

"Vencedor do campeonato de crombo: Joshua"

Do que esses prêmios eram? Quer dizer, eu sabia o que era alquimia, mas o que era crombo? Olhei de relance para minha sombra e ela não parecia saber o que era também 

- Quantos anos você tem, Ycaro?

- Tenho 14.

- Que pena, não vamos ficar na mesma turma então, eu tenho 16 e to no 7 ano de magician, o Joshua já se formou e está cursando para virar conselheiro. Você tá na 5 série né?

- Eu to no 9 de… normal? Eu acho.

Eu não entendia nada do que ele falava, magician, conselheiro, do que ele estava falando?

- Normal? - Ele parou pra pensar um pouco.

- Você veio do mundo humano né?

- Esse não é humano?

Ri nervoso enquanto ele tentava segurar a risada, como se eu tivesse falado algo muito fora do normal, mas não conseguiu, riu mostrando suas presas novamente, se sentou na cama e pediu para eu fazer o mesmo.

- Do que está rindo?

- Tá, vamos lá, você é um?

- Uma pessoa? Um cara?

- Você é de uma família de?

- Italianos.

- Descobrimos o problema, você não sabe que é um bruxo, Ycaro! - O que?

- Que? Não, não, eu não sou bruxo, eu sou wicca, eu não pratico bruxaria.

- Não é sobre praticar bruxaria ou não, você possui magia.

- Magia não existe. - Fiz uma cara desacreditada do que ele estava falando, eu não possuo magia nenhuma.

- Você acredita em cobras saindo da cabeça de alguém mas não em magia? - Ele parecia meio confuso.

- … É.

Desviei os olhos, realmente não fazia sentido, depois de tudo que vi, magia seria a coisa mais normal do que aconteceu, quando virei novamente para Vincent ele segurava alguma coisa e uma pequena luz me atingiu fazendo eu espirrar e quando eu percebi eu já estava flutuando e quase encostando no teto que não era tão alto.

- Vincent me coloca no chão agora! - Estava com medo, aquela era uma situação realmente assustadora.

- Acredita em magia agora?

Segurava o riso me deixando irritado, me segurei na cabeceira da cama ficando de ponta cabeça, meu cabelo já estava bagunçado e minhas blusas estavam tampando meu rosto.

- Acredito, agora me coloca de volta no chão.

- Tá, hahaha.

Ele fez um movimento com o que segurava e o brilho apareceu novamente e fui lentamente caindo confortavelmente na cama, me sentei nela e arrumei minha roupa e meu cabelo, ajeitando para que pequenos "chifres" de cabelo se formassem no topo, joguei minha franja para trás esquecendo da marca de nascença.

- Nunca mais faça isso!

- Você tem uma marca de nascença! É bem bonita.

Ele sorriu meigo me deixando vermelho de vergonha, só minha mãe que gostava daquela marca.

- O que é isso no seu nariz?

- Hm? É um piercing, é algo normal no mundo humano, mas o meu sai.

Ficamos um tempão conversando sobre nós, era como ter um irmão mais velho, e eu gostava disso. Conversamos por mais um tempo até que Angela nos chamou para sairmos, caminhamos até o centro daquela pequena cidade onde tinham várias barracas e lojas, Angela tirou de sua bolsa dois saquinhos e pelo barulho parecia ter moedas dentro.

- Vou comprar algumas coisas para o Ycaro, comprem algumas coisas e algo pra comer com esses besouros.

Ela deu um saquinho para cada um, Vincent prendeu o seu no cinto e eu abri vendo que os tais "besouros" eram moedas com desenhos de besouros e não insetos de verdade. Concordamos e ela entrou em uma loja enquanto eu e Vincent andamos pelo centro em busca de coisas para comprar, a praça estava cheia e tocava uma música que parecia estar tocando ao vivo.

- Quer comer algo primeiro? Tem pão de abóbora, talvez seja parecido com comida humana.

Concordei olhando para as moedas quando sem querer me trombei com um garoto um pouco menor que eu.

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