Halloween Eletrizante

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Conto escrito por: Ella Ferreira, @ellateconta no instagram

Revisado por: Vivis Ribeiro, @vivisribeiro no instagram

Classificação indicativa: Livre

Sol, um garoto baixinho de pele preta retinta e grandes olhos escuros — sempre cheios de curiosidade — não parava de fazer planos para aquela noite

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Sol, um garoto baixinho de pele preta retinta e grandes olhos escuros — sempre cheios de curiosidade — não parava de fazer planos para aquela noite. Há meses vinha se preparando e queria que Miguel também se animasse, assim como ele, mas o amigo parecia estar sem qualquer felicidade sobre o evento preferido deles. Sol sentia que algo estava errado.

— Você já escolheu a sua? — o garoto insistiu, todo empolgado ao amigo.

— Sim — respondeu Miguel, com uma pontada de desânimo.

— Sol! — gritou Yara, sua mãe, do lado de dentro de casa — Vem tomar banho pra se vestir pra mais tarde, filho.

O garoto sorriu ao se lembrar da roupa que escolheu para o Halloween. Desde que a vizinhança aderiu a cultura estrangeira de "doces ou travessuras", ele sempre esperava ansiosamente pelo mês de Outubro. Ainda mais porque a comemoração se juntava às festas de São Cosme e Damião. Sol não conseguia esconder os olhinhos brilhantes ao ver tantos doces em casa.

— Então tá, te vejo mais tarde — respondeu Sol.

Eles se cumprimentaram com um toque de mãos que terminava com um som de eletricidade. Logo depois que o melhor amigo atravessou a rua e entrou em casa, Solomon fez o mesmo. Passou pela mãe todo saltitante, enfiou a mão no pote cheio de guloseimas do evento que havia ocorrido há algumas semanas no terreiro, mas, antes de dar qualquer outro passo, foi barrado pela mãe.

— Parado aí mesmo, mocinho. Qual o nosso combinado?

— Doces só depois das refeições — respondeu ele, num tom monótono e entediado.

— Então já pro banho! — ela o apressou, guiando-o pelas costas para o banheiro, enquanto ele resistia.

— Eu não posso só botar minha fantasia, mãe? — resmungou.

— Oh, Solomon... Tu brincou o dia todo, na rua, descalço. Olha cor desse pé, menino! Já pro banho, anda! — insistiu uma última vez.

— Você tá vendo aí né, Calunguinho... Eu quero adiantar as coisas e ela não me ajuda — debateu com o cachorro vira-lata pretinho que permaneceu deitado, apenas olhando para o menino como se o estivesse julgando.

Quando o garoto saiu do banho enrolado no roupão laranja, viu a mãe já fantasiada com uma calça folgada verde, regata branca, grandes brincos dourados e os cabelos divididos ao meio e cada lado preso num lacinho. Sol brincava de chamá-la de "Maria Chiquinha dos Pom Poms" quando a via com aquele penteado, e Yara amava.

— Você tá igualzinho a ela, mãe! — seus olhos brilhavam.

— Gostou, filho? — perguntou ela, com carinho.

Doces ou Travessuras?Onde histórias criam vida. Descubra agora